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Linfoma: sintomas, diagnóstico e tratamentos

Mulher apalpando caroços no pescoço com suspeita de linfoma
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Descubra os sinais do linfoma, saiba como é feito o diagnóstico e conheça as opções de tratamento

Escrito por: Natália Mancini

O linfoma é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, um dos responsáveis pela defesa do corpo. Dentre os sintomas que ele pode causar está o aparecimento de caroços (linfonodos aumentados) no pescoço, virilha e axila. Atualmente, há diversos tipos de tratamento que podem ser utilizados nesses casos e, geralmente, essa doença tem um bom prognóstico, podendo ser curada 65-85% das vezes.

De acordo com o Dr. Walter Braga, hemato-oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, “o linfoma é o câncer que acomete o tecido linfático, que é a parte do nosso sangue responsável por nossa defesa imunológica.” 

Existem dois tipos principais de linfoma: linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH). A principal diferença entre eles é a presença de uma célula específica chamada Reed-Sternberg, encontrada apenas no linfoma de Hodgkin. 

O Instituto Nacional do Câncer estima que, em cada ano do triênio 2023-2025, serão diagnosticados 12.040 casos de LH e 3.080 casos de LNH, totalizando 15.120 diagnósticos anualmente. Apesar dessa doença ocupar a 9ª posição na lista de cânceres mais frequentes em homens no Brasil, o Dr. Braga afirma que ele é considerado raro, pois corresponde apenas a 10% das neoplasias malignas em humanos. 

O médico ainda complementa que “os linfomas são mais prevalentes na população idosa, com mais de 60 anos de idade”

É muito comum que os linfomas sejam confundidos com a leucemia, já que ambos são considerados neoplasias hematológicas. Mas, essas são condições totalmente diferentes, começando pelos órgãos acometidos. 

“O linfoma tem um acometimento primário dos órgãos linfoides como linfonodos, baço e timo – levando ao aumento deles. Por outro lado, as leucemias são proliferações ou neoplasias malignas dos leucócitos, levando a alterações no hemograma dos pacientes”, o especialista esclarece.

O que leva uma pessoa a ter linfoma?

Os fatores de risco para o desenvolvimento do linfoma incluem infecções virais como HIV, vírus Epstein-Barr e HTLV, além do envelhecimento, exposição a radiações ionizantes, substâncias químicas como benzeno e tabagismo. 

Ilustração de infecções virais, como HIV, como fatores de risco para o linfoma

Dr. Walter ressalta: “os principais fatores de risco dos linfomas são infecções virais latentes, envelhecimento devido à senescência dos nossos mecanismos antitumorais e exposição a produtos tóxicos.”

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Sintomas

Os sintomas de linfoma podem variar dependendo do tipo e estágio da doença, mas os mais comuns incluem:

Diagrama do corpo humano indicando sintomas de linfoma, como linfonodos aumentados, suor noturno, tosse, coceira, perda de peso e baço aumentado.

Por conta desses sintomas serem inespecíficos, ou seja, poderem aparecer em diversas doenças, é muito comum que os sinais do linfoma sejam confundidos com manifestações de outras doenças, por exemplo:

  • Infecções virais agudas (resfriados, gripes etc)
  • Lipoma e
  • Tuberculose

O Dr. Braga alerta que, em relação às infecções virais agudas – doenças cujos sintomas são mais confundidos com linfoma -, é importante estar atento ao tempo de duração dos sinais.

“Em geral, as infecções virais são autolimitadas, nunca excedendo o período de 28 dias. No linfoma, há um crescimento constante dos linfonodos que ultrapassam as quatro semanas.”

Quais exames detectam o linfoma?

O diagnóstico do linfoma envolve, principalmente, a biópsia do linfonodo afetado, exame que pode ser realizado por um cirurgião ou por radiologia intervencionista.

Caso seja identificada a presença da doença, é preciso saber em quais locais do corpo ela está. Para isso, é feito o estadiamento por meio do PET-CT, também conhecido como PET Scan.

Biópsia de linfonodo para diagnosticar o linfoma

“Esse exame vai avaliar todos os tecidos linfáticos que possam estar acometidos pela doença”, o Dr. Walter explica. 

Além desses testes, também é possível que o onco-hematologista solicite:

  • História clínica e exame físico: avaliação inicial dos sintomas para ajudar a direcionar quais testes realizar.
  • Exames de imagem: a radiografia de tórax, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e/ou PET-Scan são essenciais para identificar em quais locais do organismo a doença está.
  • Biópsia de medula óssea: nem sempre é solicitada, mas é útil para saber se a medula foi atingida.
  • Exames laboratoriais: incluem hemograma completo, função hepática e renal, velocidade de hemossedimentação (VHS), lactato desidrogenase (LDH) e exames sorológicos para ver se há presença do vírus Epstein–Barr. Eles ajudam a avaliar o estado geral do paciente, a função dos órgãos e a presença de marcadores que podem influenciar no prognóstico.
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Quais são as opções de tratamentos para linfoma?

Os tratamentos para linfoma e as estratégias terapêuticas utilizadas variam conforme o tipo e estágio da doença, mas, geralmente, utiliza-se quimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea e, mais raramente, faz-se uso da radioterapia e da cirurgia.

Quimioterapia

Consiste na utilização de medicamentos que atingem todas células que se multiplicam rapidamente, uma característica particular das células do câncer. Esse tipo de terapia pode ser administrado de diferentes maneiras, incluindo oralmente, por injeção ou intravenosa.

Infográfico sobre quimioterapia para linfoma, mostrando os diferentes tipos de medicamentos disponíveis

Dentre os quimioterápicos mais frequentes para o linfoma estão a doxorrubicina, bleomicina, dacarbazina e vimblastina. Há também alguns protocolos já consolidados e bastante conhecidos, como o CHOP ou R-CHOP, para o linfoma não-Hodgkin, e o ABVD, para o linfoma de Hodgkin.

Imunoterapia

Esses medicamentos fazem utilizam o próprio corpo para combater a doença, estimulando as células do sistema imunológico a reconhecerem e atacarem as células cancerígenas. 

Dentre as imunoterapias para linfoma já aprovadas estão os  os anticorpos monoclonais anti-PD1, para o LH, e os anticorpos biespecíficos, para o  LNH difuso de grandes células.

Infográfico sobre imunoterapia para linfoma, mostrando os diferentes tipos de imunoterapias disponíveis

Transplante de medula óssea

Essa terapia consiste na substituição das células-tronco doentes por células-tronco saudáveis, que podem ser do próprio paciente (chamado de “autólogo”) ou de um doador compatível (chamado de “alogênico”). No caso do linfoma, o mais comum é realizar o TMO autólogo

Figuras representando o transplante de medula ossea para o tratamento do linfoma

O transplante de medula óssea é uma terapia complexa que envolve quimioterapia em altas doses, usada para destruir a medula óssea doente,  seguida da infusão das células-tronco saudáveis. Diferente do que muitos pensam, o TMO não é uma cirurgia, a infusão das células acontece como se fosse uma transfusão de sangue.

Watch and Wait (Observar e Aguardar)

Os linfomas, em especial os LNH, são divididos em dois grupos, de acordo com a velocidade em que eles evoluem. Quando eles têm um crescimento mais lento e podem permanecer estáveis por muito tempo, são chamados de “indolentes”, já quando têm um crescimento mais rápido e causam sintomas intensos, recebem o nome de “agressivos”.

Explicação do método 'watch and wait' como abordagem para o tratamento de linfoma

Para linfomas indolentes, pode-se adotar a estratégia de “watch and wait,” que consiste em monitorar o câncer por meio de exames e consultas frequentes, mas sem iniciar o tratamento logo após o diagnóstico. Essa abordagem pode ser feita quando a doença não está causando sintomas e/ou afetando a saúde do paciente.

O objetivo é evitar os possíveis efeitos colaterais, que podem prejudicar a qualidade de vida da pessoa, enquanto se mantém um acompanhamento de perto para intervir caso a doença comece a progredir.

“Essa estratégia se dá em alguns linfomas que têm comportamento muito indolente e acabam não trazendo prejuízos para o paciente”, o médico comenta.

Linhas de tratamento

A terapia oncológica é dividida em linhas de tratamento (primeira, segunda, terceira ou quarta), e cada uma delas é feita com estratégias específicas, com o objetivo de reduzir os efeitos adversos e trazer um melhor resultado.

Então, quando a pessoa é recém-diagnosticada e faz a primeira terapia, considera-se que ela está no tratamento de primeira linha. Se ela já fez uma terapia e começa a outra, é chamado de tratamento de segunda linha e  assim sucessivamente.

Infográfico mostrando estratégias para tratamento do linfoma indolente

Essa separação das linhas de tratamento é importante, pois pode acontecer da doença retornar (recidiva) ou não responder àquela terapia (refratária), então é necessário iniciar um novo protocolo para combater o câncer.

Para os linfomas, o mais frequente é iniciar o tratamento com quimioterapia isolada ou associada à imunoterapia e deixar o transplante de medula óssea para segunda ou terceira linha.

“Em geral, os tratamentos de 1ª linha são feitos com quimioterapia associada à imunoterapia. O TMO em geral fica reservado para casos de recidiva ou refratariedade. Já a  terapia de CAR-T Cell está reservada, hoje, no Brasil, para pacientes com subtipos específicos de linfoma e que apresentem doença refratária aos tratamentos clássicos de quimioterapia, imunoterapia e TMO”, o Dr. Braga informa.

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O linfoma tem cura?

O prognóstico para o linfoma pode ser bastante positivo, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é iniciado o quanto antes. Segundo o especialista, as taxas de cura variam entre 65% e 85% após as terapias de 1ª linha. 

Paciente de linfoma comemorando a cura do câncer

Para pacientes e familiares, o Dr. Walter Braga aconselha a “conversar com seu médico, esclarecer suas dúvidas e ficar tranquilo, porque vivemos uma era muito boa no tratamento do linfoma, com muitas opções de terapia e bastante segurança em relação a resultados e efeitos colaterais.”

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