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Radioterapia para linfoma: quando usar e protocolos

Mulher deitada em uma máquina de radioterapia para tratar um linfoma
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Última atualização em 19 de setembro de 2023

Entenda os diferentes tipos de estratégias radioterápicas que podem ser utilizadas no tratamento desse câncer, bem como seus benefícios e possíveis efeitos colaterais

É possível utilizar a radioterapia para linfoma dentro de alguns protocolos terapêuticos e, geralmente, ela tem intenção curativa. O mais comum é que ela seja feita em combinação com quimioterapia e quando o câncer está em estágios mais iniciais. Ela pode ser aplicada como tratamento único apenas em uma situação: no linfoma folicular, se a doença está localizada. 

A radioterapia é um tratamento no qual são utilizadas radiações ionizantes para destruir ou impedir o crescimento de células tumorais. Ela pode ser realizada tanto no tratamento do linfoma de Hodgkin (LNH), quanto do linfoma não-Hodgkin (LNH).

Nos principais protocolos, a radioterapia é administrada em combinação com a quimioterapia. Então, faz-se primeiro a quimio, como terapia de indução, e depois a radioterapia, como terapia de consolidação, ou seja, para consolidar os resultados obtidos no tratamento inicial. 

“O  papel da radioterapia é na consolidação e ela tem uma intenção curativa, não é paliativa ou para controlar sintoma e controlar dor. Pode até fazer isso, mas a intenção é curar mesmo”, explica o Dr. Phillip Scheinberg, médico hematologista e coordenador da Hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

Ele reforça que essa estratégia de terapia combinada somente pode ser aplicada quando a doença está localizada, isto é, em estágios iniciais.

Radioterapia para linfoma

É importante saber que o protocolo de tratamento pode ser construído de algumas formas diferentes, podendo variar de caso para caso e também conforme o centro de tratamento.

O Dr. Scheinberg exemplifica que há alguns centros de referência norte-americanos que preferem realizar a terapia combinada (quimio + radio). Mas, há outros que optam por administrar somente a quimioterapia.

Tratamento com radioterapia para câncer

“Dependendo de onde você está, temos diferentes possibilidades e com resultados muito parecidos. Não tem tanta diferença se você vai tratar com mais ciclos de quimioterapia, para tentar evitar a radioterapia, ou fazer uma terapia combinada”, ele diz.

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Linfoma de Hodgkin

Para esse tipo de linfoma, faz-se primeiro a quimioterapia, de dois a quatro ciclos, e depois a radioterapia. De acordo com o especialista, o protocolo radioterapêutico escolhido depende de alguns fatores: 1) se, depois da quimio, o PET Scan aponta que ainda há alguma área de captação, o tamanho dessa área e em qual local do corpo ela está e 2) o tamanho do linfoma no momento do diagnóstico.

Tratamento com radioterapia para linfoma

Com essas informações, o radioterapeuta realiza alguns cálculos para entender qual é a melhor dosagem total, se é 24, 30 ou 36 Gy, e em quantas sessões ela será dividida. O mais comum é que ela seja espalhada ao longo de duas semanas ou duas semanas e meia, para evitar toxicidade. 

É importante saber que cada Gy representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida, por isso, também pode ser chamada de dosagem.

Linfoma não-Hodgkin

Os pré-requisitos são os mesmos, dessa forma é preciso  que o câncer esteja localizado e também são realizados de dois a quatro ciclos de quimioterapia e, depois, faz-se a consolidação com radioterapia. 

Tratamento com radioterapia e quimioterapia

A quantidade de sessões necessárias e a dosagem ideal depende dos mesmos fatores. Então, o radioterapeuta leva em consideração: 1) se, depois da quimio, o PET-Scan ainda aponta alguma área de captação, o tamanho dessa área e em qual local do corpo ela está e 2) o tamanho do linfoma no momento do diagnóstico.

“Talvez o radioterapeuta queira aumentar a dose de radioterapia, talvez ele queira dar um boost, ou seja, focar os eixos radioterápicos para um local específico. Isso depende do tamanho da massa original, quanto sobrou de massa no final da quimio, se era uma massa que tinha mais de 7 ou 10 cm. Então, isso vai entrar na equação na hora que o radioterapeuta, no caso do LNH, for desenhar o plano radioterápico”, o Dr. Scheinberg descreve.

Linfoma folicular

Trata-se de um subtipo de LNH com crescimento indolente, sendo a principal exceção em que a radioterapia pode ser realizada sem estar acompanhada de outras terapias. Porém, para isso, também é necessário que ele esteja em estágios iniciais.

Homem com linfoma folicular

O hematologista fala que, normalmente, esse tipo de linfoma não pode ser curado com terapias sistêmicas, como a quimioterapia, e que, por isso, o objetivo é controlar a doença e mantê-la em remissão pelo maior tempo  possível. 

Entretanto, quando o linfoma folicular é diagnosticado em estágios iniciais e está localizado, “opta-se pela radioterapia como terapia única e definitiva, com a intenção de cura”, ele afirma. Mas, essa é uma situação rara, pois a maior parte dos pacientes descobre a doença quando ela já está mais avançada.

“É realmente uma minoria dos pacientes que têm uma doença localizada e, quando isso acontece, nós podemos optar pela radioterapia, que é a única oportunidade de conseguir erradicar essa doença” o Dr. Scheinberg completa.

Protocolos para estágio avançado

O médico comenta que, apesar de eles ainda não estarem totalmente estabelecidos, há debates a respeito de um cenário no qual é possível administrar a radioterapia para linfoma em estadiamento avançado.

Estadiamento do linfoma

“Pacientes que possuem uma doença muito extensa no momento do diagnóstico, alguns centros preconizam que, após seis ciclos de quimioterapia, você faça radioterapia para aquelas regiões que são consideradas bulky, ou seja, massas que passam 10 cm”, ele explica.

A definição de bulky também pode mudar conforme o centro de tratamento, mas, em geral, são massas que têm de 7,5cm a 10cm.

Pré-transplante de medula óssea (TMO)

Quando há a indicação do paciente fazer TMO, é necessário que, antes, ele faça um condicionamento e, nessa fase, o mais comum é que se aplique altas doses de quimioterapia e radioterapia combinadas. Mas, no caso do transplante de medula óssea para linfoma, a terapia com radiação tende a não ser realizada.

Transplante de medula óssea para linfoma

O tipo de transplante mais indicado para esse tipo de câncer é o autólogo, no qual são usadas células do próprio paciente para fazer o procedimento. Ele pode ser indicado quando a doença é recidivada ou refratária.

“No caso do transplante autólogo, a gente não usa radioterapia, ela não tem papel, é só a quimioterapia em altas doses. Então, condicionamos o paciente com quimioterapia em altas doses e não entra a radioterapia”, o especialista afirma.

O transplante alogênico, quando é necessário um doador, somente é utilizado em situações muito raras em que o linfoma retorna mesmo após diversos tratamentos. Nesses casos, a radioterapia pode ser administrada, mas em baixa dosagem, com o intuito de imunossuprimir o paciente, não tratar o câncer em si.

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Efeitos colaterais da radioterapia para linfoma

Não é comum que os pacientes apresentem reações adversas ao longo do tratamento com essa terapia. Mas, quando eles acontecem, tendem a ser bem tolerados. Enquanto alguns pacientes não desenvolvem nenhum efeito colateral, é possível que outros sintam náusea, mal-estar, alteração na pele (radiodermite) ou mucosite. Entretanto, os efeitos que mais preocupam, de acordo com o especialista, são os que podem aparecer a médio e longo prazo.

“Como os pacientes de linfoma que a gente trata geralmente são jovens, têm 20/30 anos, eles vão ter mais 40/50 anos pela frente. Saebmos que o risco da radioterapia pode acompanhar o paciente por muitos e muitos anos ou décadas, então tentamos evitar a irradiar estruturas nobres, como o mediastino, já que pode afetar o coração ou pulmão da pessoa”, o doutor esclarece.

Ele ainda complementa que, com a tecnologia atual da radioterapia, acredita-se haver um menor risco. Porém, ainda não há dados suficientes, já que esse avanço é relativamente recente. 

“Mas não há dúvidas que a entrega de radioterapia se tornou mais segura, mais focada e poupa mais tecido sadio”, o Dr. Phillip Scheinberg pontua.

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E possível fazer radioterapia no duodeno para tratar lindona folicular? Quais os riscos?

Tenho linfoma no duodeno grau 1/2 e os dois hematologistas que eu consultei descartou a radioterapia, decidiram não fazer devido aos riscos de prejudicar algum órgão próximo a região do duodeno. Fizeram opção de apenas acompanhar e caso seja necessário no futuro, será tratado de forma sistêmica.

Minha esposa está com linfonodomegalia generalizada(LNH),qual é o tratamento e as chances de cura ?

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