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Punção ou biópsia de linfonodo: qual o melhor para diagnóstico de linfoma?

Biópsia de linfonodo
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Última atualização em 30 de agosto de 2023

A realização do exame mais apropriado e ter um especialista para fazer a análise do material coletado são pontos fundamentais para identificar esse câncer

De acordo com especialistas, o exame mais indicado para identificar um linfoma é a biópsia de linfonodo. Isso acontece, principalmente, porque a biópsia permite que o médico patologista, que é o responsável por avaliar o material coletado, obtenha mais informações para fechar o diagnóstico.

Como o linfoma é um câncer que se desenvolve no sistema linfático e, na maioria dos casos, atinge os linfonodos, o mais comum é que o diagnóstico da doença aconteça por meio da avaliação desse órgão. 

Para que essa avaliação possa acontecer, é preciso fazer a coleta de uma amostra e enviá-la para um laboratório. Lá, ele é analisado por um médico patologista, que identifica se há, ou não, presença de células malignas.

Sendo que a melhor forma de fazer a coleta dessa amostra é por meio da biópsia do linfonodo, não por meio da punção. 

Mas, por que isso acontece? Conversamos com o Dr. Guilherme Perini, médico especialista em Onco-hematologia, e com o Dr. Fernando Augusto Soares, editor-chefe da Surgical and Experimental Pathology (SAEP), publicação científica da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), ex-presidente da SBP, e diretor médico nacional da Rede D’Or, para entender.

Punção e biópsia são a mesma coisa?

Não, há algumas diferenças entre esses exames e a mais importante é o tipo de material que eles permitem coletar. Enquanto na biópsia é retirado um tecido do local a ser analisado, na punção por agulha fina (PAAF), são retiradas células.

Então, no caso dos linfonodos, no primeiro exame é coletado um “pedaço” do linfonodo e, no segundo, um aspirado de células.

Diferença de punção e biópsia

Segundo o Dr. Soares há três tipos de  biópsia:

  • Biópsia excisional: nessa modalidade, o linfonodo é retirado por inteiro por meio de cirurgia.
  • Biópsia incisional: quando se retira um “pedaço” do linfonodo, também é feita por cirurgia.
  • Biópsia por agulha grossa ou core biopsy: é um procedimento menos invasivo, no qual utiliza-se uma agulha grossa para retirar um pedaço do linfonodo. 
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Biópsia do linfonodo para diagnóstico de linfoma

Tanto o Dr. Perini, quanto o Dr. Soares reforça que o mais indicado é realizar a biópsia, não a punção. Eles complementam que o ideal seria fazer a biópsia excisional do linfonodo, porém, o mais comum é realizar a core biopsy.

O Dr. Soares descreve que a biópsia é a metodologia mais adequada, porque permite que o médico patologista analise como um tecido é, sua estrutura e a relação das células.

Biópsia de linfonodo para diagnóstico de linfoma

“Mas, hoje em dia, o aspecto mais importante é que a biópsia me permite múltiplos procedimentos: fazer citometria de fluxo, fazer imunofenotipagem, FISH (Fluorescence In Situ Hybridization). Ou seja, tenho um arsenal muito melhor para fazer o diagnóstico de linfoma quando tenho uma amostra de tecido adequada”, ele diz.

Apesar de os médicos preferirem a biópsia excisional, por ela fornecer mais material para análise, o mais comum é que a core biopsy seja realizada. Isso acontece porque ela é menos invasiva, pode ser feita em ambulatório com anestesia local e, geralmente, é suficiente.

“Imagine um linfonodo aumentado no abdômen ou no retroperitônio no tórax. Para fazer uma biópsia cirúrgica, exigiria todo um procedimento de centro cirúrgico, com internação, enquanto que a biópsia por agulha é um procedimento ambulatorial com anestesia ou sedação apenas”, o Dr. Soares exemplifica.

O Dr. Perini salienta que acontece frequentemente de os pacientes confundirem a biópsia por agulha grossa com a punção por agulha fina. Mas, ele repete que são exames diferentes e permitem avaliações diferentes.

“Não é possível fazer um diagnóstico completo com uma PAAF de linfonodo. Já a biópsia vai dar o ‘nome’ e o ‘sobrenome’ do linfoma. Isto é de extrema importância para o planejamento do tratamento. Na verdade, é a informação mais importante do tratamento. Além disso, há marcadores que nos ajudam na tomada de decisão. Como é o caso dos linfomas T com expressão elevada de CD30, que podem receber uma terapia específica para este alvo, entre outros exemplos.”, o onco-hematologista pontua.

Contras da core biopsy

O Dr. Soares conta que uma desvantagem de fazer a biópsia por agulha grossa em vez da excisional é que pode acontecer de não haver material suficiente para realizar todas as análises necessárias.

“Essa é uma possibilidade. E então resta a necessidade de se fazer uma biópsia de um linfonodo inteiro. Pode acontecer de o médico patologista hematologista não ter 100% de confiança se ele está vendo um linfoma ou não”, ele fala.

Médico patologista avaliando uma biópsia por agulha grossa

Nesses casos, a equipe multidisciplinar deve se reunir e decidir se é necessário retirar o linfonodo inteiro. 

“Mas o que é mais importante dizer é que essa decisão não é de um médico isolado, é de uma equipe que tem que trabalhar integrada para decidir qual é o melhor procedimento para aquele paciente específico. Isso é medicina personalizada: qual é o procedimento que é melhor para aquele paciente?”, o ex-presidente da SBP comenta.

Quanto tempo demora o resultado da biópsia?

O Dr. Soares considera que o prazo de três a cinco dias seria absolutamente razoável, porém essa não é a realidade no Brasil. “Quando a gente pega a média do serviço do país, tem demorado mais do que uma semana para sair esse diagnóstico, especialmente, quando falamos de linfoma.”

Ele explica que isso acontece muito por conta da biópsia de linfonodo ser extremamente complicada de avaliar, já que depende de um especialista e de outros exames.

Pessoa esperando o tempo para sair o resultado de uma biópsia

“O patologista é o profissional treinado para fazer essa avaliação. É ele quem vai determinar todos os procedimentos que serão necessários para o melhor diagnóstico, por exemplo, se fará algum FISH, se fará imuno-histoquímica etc. Anatomopatologista é quem é treinado para fazer isso. Outros profissionais não têm esse treinamento. Então, tem que ser um médico patologista para avaliar e, de preferência, mais do que um médico patologista – um patologista especializado em linfomas, ou seja, em hematopatologia”, destaca.

O Dr. Soares relata que no serviço particular onde ele é diretor médico nacional, na Rede D’or, nenhum resultado de biópsia leva mais do que três dias para sair.

“No nosso laboratório, no nosso hospital, toda biópsia de linfonodo com suspeita de linfoma ou para excluir uma doença metastática é considerada urgente. Então, o primeiro resultado sai em até 48 horas e o complemento até 72 horas.”

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Em qual momento fazer a biópsia do linfonodo

Essa decisão deve ser tomada pelo médico que está acompanhando o paciente, mas, em geral, sempre que houver suspeita de linfoma, a biópsia é indicada. 

Pessoa no médico avaliando quando fazer biópsia de linfonodo

O Dr. Perini descreve que a suspeita se dá, principalmente, quando há aumento dos linfonodos com, ou sem a presença dos sintomas B, que são: febre, sudorese noturna e perda de peso.

Além disso, o médico conta que, no passado, era comum repetir a biópsia do linfonodo, ou até mesmo da medula ao término do tratamento, para avaliar a resposta do paciente à terapia. Entretanto, “hoje em dia, com o PET-CT, isso tem se tornado cada vez mais incomum. Estudos recentes mostram que repetir a biópsia ao final, em pacientes com PET negativo, não tem impacto no tratamento dos pacientes.”

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Onde posso fazer essa biopsia no particular?

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