Saiba tudo sobre o linfoma de hodgkin!
Última atualização em 5 de setembro de 2024
Com os avanços da medicina, o prognóstico deste câncer é cada vez mais positivo. Entenda os sintomas, como ele é diagnosticado e os principais tratamentos
O linfoma de Hodgkin é um câncer do sistema linfático, que faz parte do sistema imunológico e que, por sua vez, ajuda na defesa do corpo. Essa doença pode causar uma série de sintomas, porém o mais comum é o aumento dos linfonodos no pescoço, axila e virilha. O tratamento escolhido varia de acordo com algumas características do próprio linfoma e do paciente, sendo que esses fatores também influenciam nas chances de cura.
O que é linfoma de Hodgkin?
Também conhecido pela sigla LH, essa é uma doença maligna que se origina nos linfonodos e acontece quando os linfócitos, células do sistema imunológico, passam por uma série de mutações genéticas e começam a se multiplicar de forma descontrolada. Esse crescimento desordenado leva ao acúmulo dessas células anormais nos tecidos linfáticos. Um dos marcadores diagnósticos desta doença é a presença de células gigantes anormais, conhecidas como células de Reed-Sternberg.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o linfoma de Hodgkin tem uma incidência relativamente baixa no Brasil, ocupando a 20ª posição de cânceres mais frequentes no país. Entre 2023 e 2025, a estimativa é que 3.080 pessoas sejam diagnosticadas com essa doença a cada ano.
“O LH é dividido em dois tipos principais, que são subdivididos em subtipos com características específicas. É importante identificarmos o tipo e subtipo para personalizar o tratamento, melhorando os resultados dos pacientes, e para a previsão do prognóstico”, explica Dr. Roberto Luiz da Silva, hematologista e coordenador da equipe de Hematologia e Transplante de Medula Óssea da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e mestre em Hematologia pela USP.
Tipos de linfoma de Hodgkin
- Linfoma de Hodgkin clássico (LHC):
- Esclerose nodular: é o subtipo mais comum e mais incidente em jovens adultos. É caracterizado por bandas de tecido cicatricial nos linfonodos e atinge, principalmente, a região do mediastino.
- Celularidade mista: afeta mais os idosos, pode estar associado ao vírus Epstein-Barr e é composto por diferentes tipos de células.
- Rico em linfócitos: subtipo menos comum e tende a ter prognóstico favorável.
- Depleção linfocitária: raro e mais agressivo, geralmente em pacientes imunossuprimidos.
- Linfoma de Hodgkin com Predominância Linfocitária Nodular (LHPN): caracterizado por células “em pipoca”, é menos agressivo e tratado de forma distinta do LHC.
Fatores de risco e prevenção
Apesar de existirem fatores que aumentam a chance de uma pessoa desenvolver o linfoma de Hodgkin, não significa que todos que foram expostos a eles terão essa doença.
“Conhecer os fatores de risco pode ajudar na vigilância e no diagnóstico precoce. No entanto, a maioria dos indivíduos expostos aos fatores de risco nunca desenvolverá esse câncer e muitas pessoas que desenvolvem a doença não têm fatores de risco conhecidos. Por isso, não existe uma maneira definitiva de prevenir o linfoma de Hodgkin”, o Dr. Roberto esclarece.
Dentre os fatores que podem causar o linfoma de Hodgkin, estão:
- Idade: há dois picos de incidência, o primeiro entre 15-30 anos e o segundo acima dos 55 anos.
- Histórico familiar: ter um parente próximo, como irmão ou irmã (especialmente se for gêmeo idêntico), com a doença.
- Vírus Epstein-Barr (EBV): cerca de 40-50% dos casos de LH estão relacionados a este vírus.
- Imunossupressão: indivíduos com sistema imunológico enfraquecido estão mais suscetíveis. Por exemplo, pessoas com HIV/AIDS, ou que tomam medicamentos imunossupressores após um transplante de órgão.
- Gênero: o LH é ligeiramente mais comum em homens.
- Condições autoimunes: quadros como lúpus e artrite reumatoide aumentam o risco.
- Exposição a produtos químicos e radiação: produtos como pesticidas, e a radiação ionizante, podem estar associados.
- País de origem: a incidência é maior em países desenvolvidos, sugerindo que fatores ambientais e socioeconômicos também podem desempenhar um papel.
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Sintomas de linfoma de Hodgkin
Os sinais dependem do estágio da doença e a ordem em que eles aparecem também pode variar. Mas, o aumento dos linfonodos, causando “caroços” indolores no pescoço, virilha e/ou axila, geralmente, é o primeiro e o mais frequente.
Além disso, os sintomas incluem:
- Febre: não passa mesmo com anti-térmico, pode aparecer em ciclos (períodos de febre alta, seguido por período sem febre) e sem causa aparente.
- Suor noturno: caracterizado por uma sudorese excessiva durante a noite, que chega a molhar o lençol. Normalmente, acontece junto com a febre.
- Perda de peso sem motivo: redução de 10% do peso em menos de seis meses sem motivo aparente.
- Coceira pelo corpo: pode ser em áreas localizadas ou generalizada, mas acompanha sinais visíveis de erupções cutâneas ou irritação.
- Fadiga: cansaço extremo, que não diminui com descanso. Tende a se intensificar conforme a doença avança
- Tosse, falta de ar ou dor no peito: quando os linfonodos aumentados estão na região do peito, podem pressionar as vias respiratórias ou pulmões.
- Dor após ingestão de álcool: o consumo de bebidas alcoólicas pode causar dor nos linfonodos inchados. É um sintoma raro, mas específico do LH.
- Aumento do baço ou do fígado: causa dor abdominal e sensação de plenitude (comer pouco e já estar satisfeito).
É válido reparar que muitos desses sintomas podem acontecer não só no linfoma de Hodgkin, mas também em doenças benignas, como em infecções. Por isso, é muito importante estar atento a como esses sinais se comportam.
O especialista comenta que “a principal diferença entre os sintomas no linfoma de Hodgkin e em outras doenças menos graves, está na natureza deles. Eles são persistentes, progressivos e não responsivos ao tratamento convencional. Enquanto muitas infecções ou condições benignas são resolvidas por meio do tratamento adequado, os sintomas desse câncer, geralmente, persistem ou progridem, indicando a necessidade de uma avaliação mais aprofundada.”
Ele ainda alerta que, especialmente no caso do aparecimento de linfonodos aumentados indolores, é importante procurar um médico para avaliação.
Exames que detectam o linfoma de Hodgkin
O Dr. Roberto descreve que os passos, normalmente, seguidos para o diagnóstico, incluindo a ordem dos exames e a importância de cada um, são:
- História clínica e exame físico: avaliação inicial dos sintomas para ajudar a direcionar quais testes realizar.
- Exames de imagem: a radiografia de tórax, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e/ou PET-Scan são essenciais para identificar em quais locais do organismo a doença está.
- Biópsia de linfonodo: indispensável para confirmar o diagnóstico, pois permite analisar as características das células doentes.
- Biópsia de medula óssea: nem sempre é solicitada, mas é útil para saber se a medula foi atingida.
- Exames laboratoriais: incluem hemograma completo, função hepática e renal, velocidade de hemossedimentação (VHS), lactato desidrogenase (LDH) e exames sorológicos para ver se há presença do EBV. Eles ajudam a avaliar o estado geral do paciente, a função dos órgãos e a presença de marcadores que podem influenciar no prognóstico.
“Cada um desses exames desempenha um papel vital no diagnóstico, estadiamento e planejamento do tratamento do linfoma de Hodgkin, Eles nos fornecem informações importantes para garantir que o tratamento seja adequado à extensão da doença e às necessidades individuais de cada paciente”, o médico pontua.
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Estadiamento
Essa é uma forma de classificar a extensão do tumor, ou seja, identificar em quais regiões do corpo o linfoma está e se ele afetou outros órgãos.
Assim, o LH pode ser classificado como:
- Estágio I: o câncer está localizado em um único grupo de linfonodos ou em uma única região do corpo.
- Estágio II: afeta dois ou mais grupos de linfonodos, mas ainda está limitado a um lado do diafragma (acima ou abaixo).
- Estágio III: atingiu grupos de linfonodos em ambos os lados do diafragma.
- Estágio IV: o câncer se disseminou para órgãos fora do sistema linfático, como fígado, ossos, pulmões e/ou medula óssea.
Além dos estágios, a doença pode ser classificada com as letras “A” ou “B”, dependendo da presença de sintomas, como febre, perda de peso e suores noturnos (“B”) ou ausência deles (“A”).
Tratamentos para linfoma de Hodgkin
Os medicamentos e tipos de terapias escolhidas são individualizados para cada caso. A decisão deve levar em conta fatores como idade do paciente, presença de comorbidades, tipo e subtipo do LH e estadiamento da doença. Entretanto, podem ser utilizados tratamentos como quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e imunoterapia. É válido saber que, raramente, faz-se cirurgia para tratar o linfoma.
O Dr. Roberto explica que a terapia é dividida em linhas de tratamento (primeira, segunda, terceira ou quarta), e cada uma delas contém estratégias específicas, para maximizar a eficácia e minimizar os efeitos adversos, sempre considerando o prognóstico e a qualidade de vida do paciente.
Então, quando a pessoa é recém-diagnosticada e faz a primeira terapia, considera-se que ela está no tratamento de primeira linha. Se ela já fez uma terapia e começa a outra, é chamado de tratamento de segunda linha e assim sucessivamente. As linhas de tratamento são importantes, pois pode acontecer da doença retornar (recidiva) ou não responder àquela terapia (refratária), então é necessário iniciar um novo protocolo para combater a doença.
Primeira linha de tratamento
Quimioterapia:
- Protocolo ABVD: é o regime mais comum na primeira linha para estágios iniciais e avançados. É composto pelos medicamentos Adriamicina, Bleomicina, Vimblastina e Dacarbazina.
- Protocolo BEACOPP: feito em pacientes com doença em estágio avançado e de alto risco. Contém as drogas Bleomicina, Etoposídeo, Adriamicina, Ciclofosfamida, Vincristina, Procarbazina e Prednisona e pode ser administrado na forma escalonada ou basal.
Radioterapia:
Pode ser utilizada em combinação com a quimioterapia, especialmente em pacientes em estadiamento inicial (I ou II) ou com doença bulky (massa tumoral grande). As estratégias mais utilizadas são:
- Terapia de campo envolvido: feita em áreas específicas, onde os linfonodos afetados estão localizados.
- Terapia de campo estendido: abrange uma área maior, incluindo linfonodos não afetados.
Segunda linha de tratamento
Quimioterapia de resgate:
- Protocolo ICE (Ifosfamida, Carboplatina e Etoposídeo).
- Protocolo ESHAP (Etoposídeo, Metilprednisolona, Citarabina e Cisplatina).
- Protocolo DHAP (Dexametasona, Cisplatina e Citarabina).
Anticorpo monoclonal:
- Brentuximabe Vedotina: um anticorpo conjugado que se liga a CD30, uma proteína expressa nas células do linfoma de Hodgkin.
Transplante de medula óssea autólogo: frequentemente usado após a quimioterapia de resgate. Aqui, é feita a coleta das células-tronco do próprio paciente. Elas são guardadas e, depois, devolvidas para o corpo para a recuperação.
O Dr. Roberto conta que a escolha de qual terapia realizar depende de qual medicamento foi usado na primeira linha e na condição de saúde geral do paciente.
Terceira linha de tratamento (Recidiva após transplante)
Imunoterapia:
- Inibidores de PD-1: podem ser administrados os medicamentos Nivolumabe ou Pembrolizumabe.
Quimioterapia experimental ou clínica: pacientes podem ser candidatos a ensaios clínicos, que incluem novos agentes quimioterápicos ou terapias-alvo.
“Nesta fase, as decisões são frequentemente individualizadas e podem incluir considerações sobre a qualidade de vida, resposta anterior ao tratamento e acesso a ensaios clínicos”, o médico afirma.
Quarta linha de tratamento
Transplante de medula óssea alogênico: são utilizadas as células-tronco de um doador compatível.
“Essa é uma abordagem de alto risco que exige uma avaliação criteriosa do risco-benefício”, o Dr. Ricardo diz..
Quanto tempo dura o tratamento de linfoma de Hodgkin?
O protocolo pode ser feito com quimioterapia como monoterapia ou em conjunto com a radioterapia
Quanto tempo dura o tratamento de linfoma de Hodgkin?
O protocolo pode ser feito com quimioterapia como monoterapia ou em conjunto com a radioterapia
Linfoma de Hodgkin tem cura?
Apesar deste ser um câncer agressivo, em geral, seu prognóstico é positivo, especialmente quando é comparado a outros linfomas e cânceres hematológicos.
“O linfoma de Hodgkin é um câncer potencialmente agressivo, mas é importante destacar que ele responde muito bem ao tratamento, o que o diferencia de outros linfomas agressivos. A agressividade se refere à rapidez com que a doença pode progredir se não tratada. No entanto, devido à alta sensibilidade à quimioterapia e radioterapia, o tratamento é geralmente eficaz”, o médico fala.
Ele ainda descreve que linfomas em estágios iniciais (I e II) têm taxa de cura superior a 90%. Já linfomas em estágios avançados (III e IV) têm taxa de cura entre 70% e 80% e mesmo pacientes com linfoma refratário/recidivado, têm chances de cura significativas.
“O linfoma de Hodgkin é um dos cânceres mais tratáveis, com uma perspectiva muito positiva para a maioria dos pacientes. A combinação de terapias eficazes e avanços na medicina tem resultado em taxas de sobrevivência a longo prazo cada vez maiores”, o Dr. Roberto Luiz da Silva aponta.
FAQ sobre linfoma de Hodgkin
Alguns famosos foram diagnosticados com linfoma de Hodgkin, incluindo o ator Michael C. Hall, protagonista da série “Dexter”, Caio Ribeiro, comentarista esportivo e ex-futebolista brasileiro e Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da seleção brasileira.
Em 2024, a influenciadora Isabel Veloso ficou conhecida ao compartilhar seu diagnóstico de linfoma de Hodgkin terminal nas redes sociais. Desde então, ela tem contado aos seguidores como é viver com a doença e o que faz para conseguir uma melhor qualidade de vida.
O Código Internacional de Doenças (CID) para linfoma de Hodgkin é C81.
A principal diferença está nos tipos de células afetadas. O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de células de Reed-Sternberg, enquanto o linfoma não-Hodgkin compreende uma ampla variedade de linfomas que não possuem essas células.
O linfoma de Hodgkin é tratado por um onco-hematologista, médico especializado em doenças do sangue e cânceres do sistema linfático.
Sim, a quimioterapia para linfoma de Hodgkin geralmente causa queda de cabelo, pois os medicamentos afetam as células de crescimento rápido, incluindo as do cabelo. No entanto, a perda de cabelo é temporária, e ele, geralmente, volta a crescer após o término do tratamento.
Sim, em algumas situações, o linfoma de Hodgkin pode recidivar (voltar) após o tratamento inicial. Nesse caso, o médico pode recomendar tratamentos adicionais, como quimioterapia, radioterapia, ou transplante de células-tronco.
Alguns tratamentos para o linfoma de Hodgkin, como quimioterapia e radioterapia, podem afetar a fertilidade. É importante discutir opções de preservação da fertilidade com o médico antes de iniciar o tratamento, especialmente no caso de pacientes jovens.
- Tratamento adaptado: regimes de quimioterapia específicos para pediatria são utilizados, com ajustes para minimizar efeitos a longo prazo.
- Redução da radioterapia: há uma tendência a minimizar ou evitar radioterapia devido ao risco de efeitos tardios, como cânceres secundários ou distúrbios de crescimento.
- Monitoramento a longo prazo: crianças e adolescentes necessitam de acompanhamento prolongado para gerenciar possíveis efeitos tardios, como infertilidade e problemas de crescimento.
- Tolerância ao tratamento: pacientes idosos geralmente têm menor tolerância a tratamentos intensivos devido a comorbidades e menor reserva fisiológica. O regime ABVD, por exemplo, pode ser mais difícil de tolerar, especialmente a Bleomicina, que está associada à toxicidade pulmonar.
- Protocolos alternativos: pode ser necessário ajustar a dose ou substituir medicamentos dentro do regime padrão. Por exemplo, o regime AVD sem Bleomicina pode ser preferido devido à menor toxicidade.
- Monitoramento rigoroso: o monitoramento cuidadoso é essencial para detectar e gerenciar efeitos colaterais o quanto antes, especialmente toxicidade cardíaca e pulmonar.
- Tratamento paliativo: em idosos frágeis, o foco pode ser na qualidade de vida e controle dos sintomas, em vez de uma abordagem curativa agressiva.
- Terapias-alvo e imunoterapia: o Nivolumabe e Pembrolizumabe têm se mostrado promissores no caso de doenças recidivadas ou refratárias. Também há estudos avaliando o uso desses medicamentos em linhas de tratamento anteriores e em combinação com outras terapias.
- Brentuximabe Vedotina: trata-se de uma combinação de um anticorpo monoclonal ligado a um agente quimioterápico. Está aprovado para diversas linhas de tratamento e há estudos avaliando a possibilidade de ele substituir a radioterapia em alguns casos.
- Terapias combinadas: novos protocolos combinando o esquema AVD com Brentuximabe Vedotina estão em estudo, com o objetivo de reduzir a toxicidade, especialmente em linfomas em estadiamento avançado.
- Desescalonamento terapêutico: testes têm avaliado a possibilidade de redução da intensidade do tratamento em pacientes que têm resposta precoce, reduzindo os efeitos colaterais.
- Medicina de precisão: o desenvolvimento de tratamentos mais individualizados com base no perfil genético e molecular do tumor está em andamento. Isso permite uma abordagem mais precisa e eficaz, visando as mutações específicas presentes em cada paciente.