Diagnóstico de linfoma: exames essenciais e resultados
Entenda como cada teste contribui no processo e fique por dentro das inovações que têm feito a diferença na identificação deste câncer
O diagnóstico de linfoma é um processo complexo que envolve uma série de exames, como a biópsia de linfonodos e testes de imagem. Esses testes também são muito importantes para identificar qual o subtipo da doença e em que estágio o câncer está.
O Dr. Celso Arrais, hematologista do Hospital Nove de Julho, destaca que o diagnóstico do linfoma pode ser considerado complexo por três principais motivos. O primeiro acontece “pois os sintomas iniciais, muitas vezes, se assemelham a outras condições, como infecções ou doenças autoimunes.” Esses sintomas podem incluir:
- Aumento de linfonodos (gânglios linfáticos) no pescoço, axilas ou virilha
- Febre persistente
- Perda de peso inexplicada
- Fadiga
- Coceira generalizada e
- Suor noturno intenso
As segunda e terceira dificuldades estão relacionadas aos diferentes tipos de linfoma existentes e à variedade de locais do corpo em que a doença pode se manifestar.
“Para superar esses desafios, os médicos empregam uma combinação de exames clínicos, laboratoriais, de imagem, e também biópsias e análises moleculares. Além disso, a avaliação minuciosa por um especialista (hematologista) é essencial para determinar o tipo exato, a extensão da doença e o estadiamento clínico”, o Dr. Arrais pontua.
Exames para diagnóstico de linfoma
Uma vez que há uma suspeita de linfoma, vários exames são realizados para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo específico da doença. Os principais exames incluem, nesta ordem:
História clínica detalhada e exame físico
Durante a consulta, o médico realiza um exame físico detalhado, focando principalmente na palpação dos linfonodos e órgãos como o fígado e o baço, que podem estar aumentados.
Também é importante levantar à consulta um histórico médico completo, incluindo doenças prévias, histórico familiar de câncer e a presença de infecções recentes.
Hemograma completo
Embora não seja suficiente para diagnosticar o linfoma, o hemograma pode revelar sinais indiretos da doença, como anemia (baixa contagem de glóbulos vermelhos), trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) e linfocitose ou linfopenia (aumento ou diminuição de linfócitos).
“É importante notar que um hemograma normal não exclui a presença de linfoma, mesmo em casos avançados”, o médico pontua.
Exames de imagem
O PET-CT é o exame de escolha para o diagnóstico e estadiamento do linfoma. Ele combina a tomografia computadorizada (TC) com a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que detecta áreas de alta atividade metabólica, comuns em tumores. Em pacientes com linfoma, o PET-CT geralmente revela “pontos quentes” que indicam a presença de linfonodos aumentados ou órgãos afetados pela doença.
Apesar do PET-CT ser o principal exame de imagem, também podem ser solicitadas a tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e ultrassonografia.
Biópsia do linfonodo
Este é o exame mais definitivo para confirmar o diagnóstico. A biópsia é feita por meio da coleta de uma amostra de tecido do linfonodo afetado, que é enviada para análise com o objetivo de identificar se há presença de células malignas.
Nos casos de linfoma, a biópsia geralmente revela a presença de células tumorais características, como células de Reed-Sternberg, no linfoma de Hodgkin, ou células B ou T anormais, nos linfomas não Hodgkin.
O Dr. Arrais ainda complementa que, “a análise do tecido obtido, por meio de anatomopatológico e imunohistoquímica, permite a identificação de marcadores celulares que confirmam a presença de linfoma e ajudam na classificação correta do subtipo. Sem uma biópsia de qualidade e uma análise imunohistoquímica abrangente, o diagnóstico preciso do linfoma não é possível.”
Citogenética e biologia molecular
Com esses testes, é possível analisar o material genético das células doentes, identificando alterações que podem influenciar o tratamento. Por exemplo, a presença da translocação t(14;18) é comum em linfomas foliculares.
“Embora ainda não estejam amplamente disponíveis para todos os casos de linfoma, sua importância está crescendo, especialmente em casos em que essas alterações podem direcionar a escolha do tratamento”, o Dr. Arrais esclarece.
“Embora ainda não estejam amplamente disponíveis para todos os casos de linfoma, sua importância está crescendo, especialmente em casos em que essas alterações podem direcionar a escolha do tratamento”, o Dr. Arrais esclarece.
Como se preparar para os exames
Para que os exames sejam realizados da melhor forma, é essencial que o paciente esteja bem preparado. Aqui estão algumas orientações:
- Jejum: geralmente, para a realização do PET-SCAN, é necessário estar em jejum de pelo menos quatro horas, mas, em alguns casos, pode ser exigido jejum de 12 horas. Já o jejum para biópsia e para o hemograma podem variar de laboratório para laboratório e conforme os testes solicitados.
- Hidratação: manter-se bem hidratado é importante para exames de imagem.
- Roupas: para exames de imagem, como o PET-CT, use roupas confortáveis e sem metais.
- Medicamentos: informe seu médico sobre todos os medicamentos que você está tomando, pois alguns podem precisar ser ajustados ou suspensos temporariamente para a realização das análises.
O especialista sugere que “manter uma comunicação clara com o médico e seguir todas as orientações antes dos exames é fundamental para garantir resultados precisos.”
Biópsia de medula óssea: para que serve e como é feita
Esse exame é fundamental para pacientes com cânceres hematológicos, mas também pode ser usado para tumores sólidos
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Novidades no diagnóstico de linfoma
Nos últimos anos, houve avanços significativos neste processo, que têm ajudado a melhorar a precisão e a rapidez na detecção da doença. Dentre eles, o Dr. Arrais destaca a genômica e a pesquisa de biomarcadores.
Ele esclarece “que a análise do genoma das células tumorais tem permitido identificar novas alterações genéticas, facilitando o desenvolvimento de terapias mais direcionadas e personalizadas para cada paciente”.
Já os biomarcadores são substâncias ou características detectáveis no sangue, tecidos ou outros fluidos corporais. Em outras palavras, os biomarcadores funcionam como “assinaturas” que o corpo deixa quando algo está errado. No caso dos linfomas, ”a descoberta de novos biomarcadores está permitindo o melhor monitoramento da resposta ao tratamento e a detecção precoce de recidivas”, o Dr. Celso Arrais afirma.