Tudo sobre o linfoma não-Hodgkin
Última atualização em 12 de julho de 2024
Quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e transplante de medula óssea são as opções terapêuticas, mas o protocolo escolhido varia conforme alguns fatores
O linfoma não-Hodgkin é um câncer que se desenvolve nas células do sistema linfático, responsáveis pela defesa do corpo. Ele é dividido em mais de 80 subtipos conforme o tipo de célula que foi atingida e a velocidade que a doença se espalha. Os tratamentos, assim como as chances de cura, variam de acordo com o subtipo, o estadiamento e condição de saúde do paciente.
O linfoma é uma neoplasia maligna hematológica. Sua origem é nos linfócitos, também conhecidos como glóbulos brancos, que deveriam proteger o nosso organismo, mas passam por uma série de mutações genéticas e se tornam malignos. Quando isso acontece, os linfócitos viram anormais e começam a se multiplicar de forma descontrolada.
A Drª. Daniela Rocha, hematologista do Hcor, conta que os linfócitos são encontrados com maior frequência em locais como gânglios linfáticos, medula óssea, fígado, baço e trato gastrointestinal, porém ela complementa que o linfoma também pode atingir outros tecidos.
O linfoma é dividido em dois grandes grupos: linfoma de Hodgkin (LH) e o linfoma não-Hodgkin (LNH). A principal diferença entre eles está nas células doentes: enquanto o LH se caracteriza pela presença das células de Reed-Sternberg, o LNH não tem um tipo celular característico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), espera-se que, para cada ano do triênio 2023/24/25, sejam diagnosticados 12.040 novos casos de LNH no Brasil. Desses, 6.420 serão em homens e 5.620 em mulheres.
Dentre as possíveis causas para o linfoma não-Hodgkin está a infecção por alguns vírus, como o Epstein-Barr, o HIV e o HTLV, bactérias, como a Helicobacter pylori.
Sintomas de linfoma não-Hodgkin
Uma pesquisa realizada com pacientes de linfoma pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), em 2021, identificou que os sintomas de LNH mais comuns são:
- Caroços (linfonodos aumentados) na virilha, pescoço ou axila
- Cansaço excessivo
- Perda de peso
- Tosse
- Febre
- Dor abdominal
- Coceira pelo corpo e
- Dificuldade para respirar
Mas, também é possível que a pessoa apresente sinais como:
- Suor noturno
- Náuseas e vômitos
- Dor de cabeça
- Aumento do baço (esplenomegalia)
Diferenças entre o linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin
Conhecer os subtipos deste câncer é importante para estar ciente de todas as questões do tratamento
Diferenças entre o linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin
Conhecer os subtipos deste câncer é importante para estar ciente de todas as questões do tratamento
Como diagnosticar linfoma não-Hodgkin
Para confirmar essa doença, são necessários alguns testes, que têm como objetivo determinar qual o subtipo exato de LNH, além de oferecer algumas outras informações.
A Drª. Daniela descreve que para fechar o diagnóstico, geralmente, são realizados exames de imagem, como o PET Scan (também chamado de PET-CT), biópsia de medula óssea e a biópsia do linfonodo ou do órgão acometido, por exemplo, do trato gastrointestinal, no caso de linfomas gástricos.
Ao longo do processo de diagnóstico, também é identificado qual o estadiamento do linfoma, ou seja, quanto ele já se espalhou pelo corpo.
Tipos de linfoma não-Hodgkin
A classificação desse câncer se dá conforme o tipo de célula que ele atinge (se são linfócitos B, linfócitos T ou células natural killer), as características dessa célula e a velocidade que ele se espalha. Por isso, os LNH podem ser chamados de linfomas de células B, células T ou células NK, além de grau baixo, intermediário ou alto.
Vale ressaltar que os linfomas de células B são mais comuns, correspondendo a 85% dos casos, e a Drª. Daniela ainda destaca que os linfomas folicular, difuso de grandes células B e o de Burkitt são os mais frequentes.
É muito importante descobrir exatamente essas informações, pois elas ajudam a definir qual o tratamento mais adequado.
Conheça alguns dos tipos de linfoma não-Hodgkin:
Linfomas de baixo grau
- Linfoma de zona marginal nodal
- Linfoma de zona marginal extranodal do tipo MALT
- Linfoma folicular
- Linfoma de células do manto
- Linfoma linfocítico de pequenas células e linfoma linfocítico crônico
Linfomas de grau intermediário
- Linfoma difuso de grandes células B
- Linfoma mediastinal de grandes células
- Linfoma anaplásico de grandes células
Linfomas de alto grau
Linfomas não-Hodgkin agressivos versus indolentes
Apesar de fazerem parte do mesmo grupo de cânceres, esses dois tipos de doenças, e seus tratamentos, são totalmente diferentes
Linfomas não-Hodgkin agressivos versus indolentes
Apesar de fazerem parte do mesmo grupo de cânceres, esses dois tipos de doenças, e seus tratamentos, são totalmente diferentes
Tratamentos para linfoma não-Hodgkin
Para saber qual o melhor tratamento para cada caso, bem como quanto tempo ele irá durar, é preciso avaliar o tipo de linfoma, o estadiamento e as características do linfoma. O mais comum é que seja utilizado quimioterapia, imunoterapia e, para alguns casos, radioterapia e/ou o transplante de medula óssea.
Uma informação importante: em alguns tipos de linfomas indolentes (baixo grau), não é necessário iniciar a terapia logo após o diagnóstico, é possível que seja feito apenas o acompanhamento e observação (“watch and wait”). Isso é feito para identificar qual é o momento mais apropriado para começar o tratamento, fazendo com que ele traga mais benefícios que efeitos colaterais.
Estratégias terapêuticas
“Geralmente, como terapia inicial, são utilizados esquemas com quimioterapia ou combinações de quimio e imunoterapia. Dentre estes, o esquema mais utilizado é o chamado CHOP ou R-CHOP”, a médica hematologista informa.
A imunoterapia consiste em um conjunto de terapias que potencializam ou bloqueiam processos do próprio sistema imunológico da pessoa para fazer com que ele passe a atacar o câncer. Já a radioterapia pode ser usada para o linfoma quando o câncer está localizado. Sendo que ela pode ser aplicada sozinha ou em associação com a quimioterapia. E, por último, o transplante de medula óssea pode ser usado para linfoma como segunda linha de tratamento, ou seja, em caso de recidiva ou refratariedade do câncer.
A duração do tratamento tende a variar de caso para caso, entretanto a Drª. Daniela conta que o tempo médio é de seis meses e que a quantidade de ciclos aplicados depende do estadiamento.
“O estadiamento permite uma melhor definição do tipo e da duração do esquema de tratamento, que, muitas vezes, é o mesmo para os estágios iniciais ou avançados, diferindo apenas na quantidade de ciclos aplicados”, ela diz.
Além dessas terapias, a especialista ainda conta que há uma série de novas estratégias terapêuticas em desenvolvimento para o linfoma não-Hodgkin, como as terapias-alvo, que atuam bloqueando especificamente os mecanismos de reprodução e disseminação das células doentes.
Possíveis efeitos colaterais
- Fadiga
- Falta de apetite
- Náuseas
- Queda de cabelos
- Alterações do hemograma, como anemia e queda nas plaquetas
- Imunidade baixa (imunossupressão)
“Esses efeitos podem ser gerenciados por meio de orientações alimentares, medicamentos para os sintomas e transfusões de sangue, quando necessário”, a doutora esclarece.
Quando adiar o tratamento para linfoma não-Hodgkin indolente
Iniciar a terapia o mais rápido possível é fundamental para a maior parte dos casos de câncer, mas, para esse…
Quando adiar o tratamento para linfoma não-Hodgkin indolente
Iniciar a terapia o mais rápido possível é fundamental para a maior parte dos casos de câncer, mas, para esse…
Qual a chance de cura de um linfoma não Hodgkin?
“As chances de cura do LNH podem ser bem elevadas e dependem do tipo e estadiamento da doença, além de fatores do próprio paciente, como idade e comorbidades”, a Drª. Daniela Rocha afirma.