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Por que faltam medicamentos no Brasil?

Falta de medicamentos no brasil
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Última atualização em 25 de novembro de 2021

A falta de planejamento, a escassez de recursos e a política econômica instável afetam desde a compra até a entrega dos produtos

Você sabia que a crise econômica do Brasil é um dos fatores que impactam o fornecimento de medicamentos oncológicos? A falta de planejamento, a escassez de recursos e as incertezas do mercado afetam desde a compra até a entrega desses produtos e isso está relacionado à falta de medicamentos no SUS. Estamos diante de uma questão complexa.

Um dos principais desafios para a Saúde é o planejamento e a gestão. Vamos tomar como exemplo o tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC). A maioria dos pacientes com LMC faz seu tratamento com inibidores de tirosina-quinase, também conhecidos como Imatinibe, Dasatinibe e Nilotinibe. Esses tratamentos estão incorporados no SUS, são fornecidos há muitos anos e podem ser retirados na farmácia de alto custo ou no próprio hospital.

Vamos supor que cada paciente com LMC utilize uma caixa de medicamento por mês. A saúde é um direito e se existem 100 pacientes com LMC, o governo deveria comprar o medicamento para todos. Mas, infelizmente, isso não acontece e diversos pacientes acabam não retirando todo o tratamento necessário para o mês. Por causa de problemas no planejamento, o serviço de saúde acaba não comprando todas as caixas necessárias e divide os comprimidos para que todos possam ter acesso ao medicamento, enquanto a próxima compra ainda não for realizada.

Além disso, a máquina pública é engessada e não permite que hospitais comprem medicamentos para futuros pacientes. Por exemplo, um hospital tem 100 pacientes cadastrados com LMC, mas sabe que, a cada mês, atende 10 novos casos. Sendo assim, eles precisam esperar a próxima compra para incluir os novos pacientes na lista e, só então, comprar o tratamento. Não há uma data prevista para a “próxima” compra. Mas o câncer é uma doença que não pode esperar a burocracia!

O poder público depende de processos burocráticos e nem sempre tem todo dinheiro necessário para comprar os remédios. Isso acontece por vários motivos, desde a alta flutuação do dólar, a necessidade de realocar os recursos da assistência farmacêutica para a compra de outro medicamento, até problemas com a logística do produto.

Porque há falta de medicamentos no SUS

Vamos aos exemplos práticos: você tem R$20,00 e precisa comprar 10 maçãs para passar o mês. Hoje, o supermercado está vendendo cada maçã por R$2,00. Ótimo, dessa forma, você consegue comprar as 20 maçãs. No mês seguinte, você continua com os mesmos R$20,00 para comprar 10 maçãs, mas desta vez, o mercado aumentou o preço da maçã para R$4,00. Neste mês, você só consegue comprar 5 maçãs. Para reduzir os danos, você precisa cortar as maçãs na metade para que durem até o final do mês.

Pessoa comprando remédio

A aquisição de medicamentos enfrenta um problema parecido. Os recursos repassados para a saúde não acompanham a alta dos preços de medicamentos oncológicos. E esse é um dos grandes problemas econômicos da Saúde. O aumento do valor dos remédios tem várias causas e não há como apontar uma única como responsável. Entre as principais barreiras, podemos citar a falta de matéria-prima para a fabricação do produto e a alta do dólar para a importação do medicamento ou de insumos para a sua produção.

Desde que a pandemia começou, todos os países enfrentam alguma falta de produtos para a Saúde. O aumento da procura por algum medicamento significa aumento da demanda. Dessa forma, quem compra é aquele que possui mais recursos e pode pagar o valor. Atualmente, o Brasil enfrenta a alta do dólar. Com a desvalorização do Real (R$), fica cada vez mais difícil comprar medicamentos importados.

Especialistas da Fiocruz explicam que o Brasil não possui uma base produtiva forte para insumos farmacêuticos, o que limita a autonomia do país, afetando a capacidade de ofertar os tratamentos de forma igualitária. Então, o SUS fica vulnerável ao mercado de produtos internacionais, correndo o risco de ficar desabastecido de produtos essenciais, além de se tornar refém de preços em dólar, praticados fora do país.

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O que fazer para resolver o problema de falta de medicamentos?

Já que a Saúde não faz uma boa gestão do dinheiro para comprar os medicamentos, os preços aumentam e os pacientes oncológicos são impactados. A curto prazo, ainda estamos dependentes das importações, mas para escapar desse problema e sair da crise, o Brasil precisa investir na produção nacional e na valorização de sua moeda. Uma vez que o produto seja fabricado no país, os custos e as negociações se tornarão mais favoráveis.

Pessoas reclamando pela falta de medicamentos

Se você é paciente oncológico e está enfrentando dificuldades no acesso ao seu tratamento, entre em contato com a Abrale pelo e-mail [email protected]; site https://www.abrale.org.br/fale-conosco/ ou telefones (11) 3149-5190/ 0800-773-9973.

Escrito por Tiago Cepas Lobo

Especialista em Advocacy do Paciente


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9 Comentários
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Olá!
Aqui em brasília estamos a mais de mês sem o mesilato de imatinibe.
pacientes estão parando o tratamento por falta de opção. Triste situação…
o igesdf, hospital de base, não nos fornece nenhuma informação. Estamos largados a própria sorte.
A farmácia já não atende mais nossas ligações. Os médicos não podem prescrever outra medicação porque também não tem. Estamos sem saber o que fazer.
Muito obrigado pela atenção.

Olá, Silvio, como vai?

Infelizmente, os inibidores de tirosina utilizados no tratamento da LMC estão em falta em diversas cidades no Brasil desde o primeiro trimestre de 2021. A Abrale tem trabalhado constantemente essa questão com as autoridades responsáveis, mas essas dificuldade continua.
Estamos enviando o caso do senhor para o nosso Apoio ao Paciente para que nós possamos verificar como auxiliar o senhor a conseguir o imatinibe! Dentro de alguns dias, a equipe do Apoio enviará uma mensagem para o endereço de e-mail que o senhor indicou quando fez o comentário!

Abraços!

Boa noite!
Aqui em Campo Grande-MS também não está disponível o mesilato de imatinibe no SUS e não nos informaram a previsão de chegada do medicamento.

Olá, Cláudia, como vai?

Vamos encaminhar o seu comentário para o nosso Apoio ao Paciente para verificarmos como conseguimos te ajudar! Dentro de alguns dias, a equipe do Apoio enviará uma mensagem para o endereço de e-mail que o senhor indicou quando fez o comentário!

Abraços!

Bom dia. Sou da cidade de Garça/SP e o tratamento da minha esposa é na cidade de Marilia/SP a poucos km de distancia, infelizmente estamos enfrentando esse problema que nos tem tirado o sono, fico como o coração apertado e não sei mais o que fazer para amenizar principalmente a parte emocional. Estamos tentando na medida do possivel ser fortes e rezando muito para que essa situação se normalize o quanto antes. Ja foi muito dificil o diagnostico, o encarar a vida com LMC se tornou um desafio principalmente para quem tem pouco recurso, o que eu faço? onde ir para obter o remédio? estou desesperado vendo minha esposa angustiada e com muito medo do que possa acontecer.
Agradeço a atenção e desculpa o desabafo também.

Olá, Vanderlei, como vai?

Infelizmente, esse desabastecimento dos inibidores para o tratamento da LMC é um problema que afeta o Brasil todo. A Abrale tem trabalhado de forma continua, pressionando as autoridades, mas, mesmo quando fazem uma nova compra, o estoque não é o suficiente.
De qualquer forma, estamos encaminhando o seu caso para o nosso Apoio ao Paciente para verificarmos como conseguimos ajudar você e a sua esposa! Dentro de alguns dias, o senhor receberá uma mensagem no endereço de e-mail que o senhor indicou quando fez o comentário. Ou ainda, você pode entrar em contato conosco pelo nosso WhatsApp. O número é 11 3149-5190, mas, se preferir, pode clicar no link a seguir que será direcionado para uma conversa conosco https://api.whatsapp.com/send?phone=551131495190

Abraços!

Falta recurso????
Kkkkkk
Os bandidos lá em Brasília e em cada município fazem o recurso desaparecer né!?

Sem contar o congelamento do teto para Saúde e Educação por 20 anos . Como explica o texto. Pop aumenta, tecnologia aumenta, preços aumentam. Segundo BID (Banco Internacional de Desenvolvimento), o único setor econômico que o preço do produto aumenta sustancialmente com acréscimo de tecnologia é a Saúde. Uma tv plana era muito cara , depois vieram modelos bem mais sofisticados , dobrando o triplicando qualidade e recusros , mas sem dobrar, triplicar o preço. Já na saúde, não importa se pública ou suplementar, o preço sobe a cada mudança tecnológica. Segundo BID é acumulativo à tecnologia nova . Justamente por isto é necessário para sobrevivência de qualquer sistema de saúde, ações da Medicina Preventiva. Com sua tecnologia científica para evitar gastos absurdos e desnecessário sem Evidência científica . Otimizando tempo, recursos, com melhor satisfação da População e Equipe de Saúde, com melhore resultados sanitários. Temos que entender que é possível, mas será necessário uma grande revolução na forma de entendermos saúde e seus cuidados. Sobretudo no quesito : formação Médica ; mas também com demais profissionais de saúde . E melhor distribuição do dinheiro destinado à saúde , conforme explicado no texo da Fiocruz, sobre a “Saúde no Brasil em 2030”, onde revela que a Saúde Suplementar está recebendo mais recursos que o SUSão ( chega ser inacreditável)

Olá! Meu filho e portador de esclerose múltipla, já faz 2 meses que não recebemos a medicação acetato de glatiramer .Já reclamei em todos órgãos possíveis não tenho nenhum retorno. Não sei mais o que fazer.

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