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Síndrome de lise tumoral: o que é, perigos e tratamento

Síndrome da lise tumoral
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Última atualização em 6 de dezembro de 2023

O tratamento pode envolver o uso de medicamentos e terapia renal substitutiva; já a prevenção inclui a avaliação de risco, hidratação e início gradual da terapêutica

A síndrome de lise tumoral é um quadro que pode ocorrer devido ao tratamento do câncer, especialmente as neoplasias hematológicas. Ela pode se desenvolver quando há uma destruição maciça de células doentes, levando ao acúmulo de quantidades elevadas de potássio, fosfato e ácido úrico no sangue. Apesar de ser um quadro preocupante, ela pode ser tanto evitada, quanto tratada.

A Drª. Mariana Serpa, onco-hematologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que a principal preocupação em relação a esta síndrome é que ela pode causar insuficiência renal e arritmia cardíaca.

“A síndrome de lise tumoral é mais frequente nas neoplasias hematológicas, como a leucemia linfoide aguda (LLA) e o linfoma de Burkitt”, a Drª Serpa descreve.

Ela também conta que, mais recentemente, devido ao desenvolvimento de novos tratamentos para o câncer, essa complicação tem aparecido em tumores nos quais ela não era frequente, como é o caso da leucemia linfoide crônica e algumas neoplasias de células dos rins.

O que causa a síndrome de lise tumoral?

De acordo com a especialista, para que essa síndrome aconteça, é preciso que dois fatores ocorram. O primeiro é que o paciente tenha uma grande quantidade de células doentes no corpo. Já o segundo, é que o tratamento realizado seja altamente eficaz na destruição das células tumorais. Quando ambas as condições acontecem, há uma destruição maciça de doença, gerando um acúmulo de potássio, fosfato e ácido úrico no sangue.

Célula do câncer sendo destruída e causando a síndrome da lise tumoral

A médica ainda complementa que o momento no qual a síndrome de lise tumoral é mais frequente é logo no início do tratamento oncológico. Isso acontece porque esse é o momento no qual há uma maior quantidade de células a serem destruídas.

Os pacientes com LLA ou linfoma de Burkitt são os que têm maior probabilidade de terem esse quadro justamente porque possuem uma taxa de crescimento celular muito elevada e porque as doenças são sensíveis ao tratamento.

“Então, é aquela combinação de um paciente com uma grande quantidade de células doentes e que são sensíveis ao tratamento, possibilitando a destruição em massa de células tumorais. Com isso, temos todos aqueles metabólitos sendo eliminados das células”, a Drª. Serpa fala.

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Principais preocupações

O acúmulo de potássio, fosfato e ácido úrico pode causar duas consequências mais graves e preocupantes que é a insuficiência renal e a arritmia cardíaca.

“O excesso de ácido úrico acaba se precipitando no rim e nos túbulos renais, criando cristais de urato. Esses cristais provocam uma inflamação no rim, uma constrição dos vasos, o que culmina na insuficiência renal. Já o aumento do fosfato faz com que ele se combine com o cálcio, formando cristais de fosfato de cálcio, que também se precipitam no rim, prejudicando ainda mais a função dele”, a médica explica.

Insuficiência renal por conta de câncer

Ela complementa que, quando o rim deixa de funcionar de maneira adequada, os pacientes passam a urinar menos. Isso, por sua vez, leva a um acúmulo de líquido no corpo, podendo causar diversas consequências e, dentre as mais graves, está a congestão pulmonar (um edema agudo no pulmão), dificultando a respiração.

“Com relação ao coração, pacientes com nível elevado de potássio no sangue estão sim mais suscetíveis a sofrerem de arritmia cardíaca”, a Drª. Serpa informa.

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Como tratar a síndrome de lise tumoral?

Há alguns medicamentos utilizados para tratar a síndrome, eliminando os cristais que se formaram. Em certos casos, a pessoa pode precisar realizar uma terapia renal substitutiva (hemodiálise) por um tempo. Além dessas estratégias, também é possível evitar que a síndrome de lise tumoral se desenvolva.

A Drª. Serpa descreve que o primeiro passo é, antes de iniciar o tratamento oncológico, fazer uma avaliação para verificar se aquela pessoa tem risco, ou não, de desenvolver esta síndrome.

Paciente fazendo hemodiálise como tratamento da síndrome da lise tumoral

Em seguida, é importante manter o paciente bem hidratado, afinal a hidratação é um fator de grande relevância para todos que estão em terapia contra um câncer. 

A depender do caso, também podem ser administradas algumas medicações, como o alopurinol ou a rasburicase. O primeiro remédio reduz a quantidade de ácido úrico no sangue e o segundo transforma o ácido úrico já formado em uma substância chamada alantoína. Ela é mais solúvel que o ácido úrico, por isso não se acumula nos rins.

“O que nós também podemos fazer é dosar a quantidade de tratamento oferecido ao paciente. Então, ele pode ser gradual, começando com doses menores, para que não seja destruída tanta célula tumoral de uma vez só”, a doutora acrescenta.

Muitas vezes, o tratamento da síndrome de lise tumoral deve ser feito em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e a Drª. Serpa conta que isso acontece pois é preciso fazer um monitoramento contínuo da pessoa.

“É uma vigilância para a possibilidade de o paciente desenvolver uma arritmia cardíaca e, se assim ocorrer, ele poder ser prontamente atendido. Também monitoramos a função renal por meio da quantificação da urina que o paciente está apresentando. Fazemos coleta de exames de uma forma mais frequente – a cada quatro ou seis horas, são coletados os níveis de potássio, fosfato, ácido úrico, cálcio, uréia e creatinina. Então, todos esses fatores em conjunto vão ajudar a equipe médica a decidir se é preciso dar início a uma terapia renal substitutiva, que nada mais é que a hemodiálise. Muitos pacientes com a síndrome de lise tumoral acabam entrando em um critério de necessidade de fazer uma hemodiálise até que o rim volte a funcionar por si próprio. E aí, todos esses elementos do sangue voltam a sua normalidade e o paciente volta a urinar por ele mesmo. ”

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