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Veja como não confundir dengue com leucemia

Mosquito da dengue
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Última atualização em 27 de junho de 2024

Contar com exames, como hemograma e testes específicos, são fundamentais para o diagnóstico. Além disso, diante do aumento de casos de dengue, a prevenção ganhou ainda mais importância e inclui medidas como eliminação de água parada e, agora, a vacina no SUS

Escrito por: Natália Mancini

A dengue é uma das doenças que podem ser confundidas com leucemia, já que os sintomas de ambas são parecidos. Isso porque, as duas podem causar febre, manchas pelo corpo, fadiga e outras manifestações. Com o aumento de casos que o Brasil está enfrentando, é muito importante saber identificar e diferenciar, para não confundir dengue com leucemia.

Há alguns anos, viralizou a notícia de uma jovem, chamada Beatriz Arantes, que foi até o hospital com suspeita de dengue e acabou descobrindo que estava com leucemia. A mãe da jovem relatou ao portal G1 que Beatriz estava com manchas no corpo e chegou a apresentar sangramento. Como a mãe teve dengue, ela acreditou que a filha também poderia estar com a doença. Elas foram ao médico e, depois de realizar alguns exames, na verdade, foi descoberto que Beatriz estava com leucemia mieloide aguda.

Atualmente, o Brasil está enfrentando uma nova epidemia de dengue, que vem preocupando médicos, especialistas e a população em geral. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2024 podemos ter um recorde nos casos da doença, atingindo 4,2 milhões de diagnósticos. 

Por esse motivo, é indispensável que a população saiba se prevenir da dengue, além de saber diferenciar os sintomas das doenças.

Sintomas de leucemia

  • Cansaço;
  • Fadiga; 
  • Manchas pelo corpo;
  • Febre;
  • Perda de apetite ou perda de peso;
  • Sangramento e
  • Infecções recorrentes.

Sintomas de dengue

  • Febre; 
  • Manchas vermelhas pelo corpo;
  • Dor no corpo;
  • Fadiga;  
  • Dor de cabeça e no fundo dos olhos;  
  • Perda de apetite;  
  • Sangramento e
  • Dor abdominal.

Como não confundir dengue com leucemia

Alguns sintomas da dengue também podem ser vistos na leucemia e nem sempre é possível diferenciá-los à primeira vista, principalmente, para a população em geral. Mas, por meio de exames e da avaliação de médicos experientes é possível saber de qual doença se trata. 

Manchas roxas pelo corpo

O Dr. Volney Vilela, Coordenador da Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, conta que é muito difícil saber somente por elas se o paciente está com leucemia ou dengue. 

Pessoa com manchas pelo corpo

Ele descreve que as manchas de dengue podem se apresentar de duas formas. Na primeira, elas podem aparecer como hematomas, petéquias (pequenas manchas vermelhas) ou equimoses (ruptura de pequenos vasos sanguíneos) e estão relacionados à queda nas plaquetas (plaquetopenia). Isso acontece porque a infecção causa uma queda nas plaquetas.

Já a segunda forma acontece quando o quadro da dengue está no final e aparecem rash maculopapular. 

“Esse rash parece aquelas reações urticariformes, que a gente vê em reações alérgicas”, o Dr. Vilela diz.

As manchas de leucemia também são devido às plaquetas baixas e também podem aparecem em forma de equimoses. 

Por isso, “não é possível diferenciar só pela mancha se é leucemia ou se é dengue”, o médico afirma.

Fadiga

O cansaço também é um sintoma inespecífico, ou seja, que pode acontecer por diversos motivos. Por isso, por meio desse sinal, ainda é possível confundir dengue com leucemia. Entretanto, a grande diferença são os motivos que causam essa fadiga.

Na dengue, o cansaço acontece porque o vírus causa uma reação inflamatória no corpo, já na leucemia, ele está relacionado à anemia.

Sintomas de dengue para não confundir com leucemia

“Então, o paciente com leucemia costuma ter anemia, o que leva à fadiga. No caso da dengue, a fadiga, que é um sintoma causado pela reação inflamatória pelo vírus”, o especialista detalha.

Outra diferença importante é o tempo que esse sintoma da dengue dura. Então, ele leva cerca de 10 dias para começar a melhorar. Na anemia, a tendência é que ele se intensifique com o passar do tempo.

Alterações no hemograma

Aqui, na verdade, é a forma pela qual é possível começar a diferenciar as doenças e não confundir dengue com leucemia, já que as alterações no exame de sangue são diferentes, na maioria dos casos.

O hemograma de um paciente com dengue em fase inicial costuma apresentar plaquetas baixas e também leucócitos baixos

Hemograma é um dos exames usados para não confundir dengue com leucemia

“Então, a gente tem mais alterações da série plaquetária e da série branca; enquanto que a hemoglobina, que caracteriza a anemia, não costuma baixar tanto”, o Dr. Vilela fala.  

Ele ressalta, entretanto, que em casos de dengue hemorrágica, pode acontecer uma queda no nível da hemoglobina, já que a pessoa tende a ter sangramentos.

Já no hemograma de uma pessoa com leucemia, especialmente nas leucemias agudas, há um aumento nos leucócitos e queda na hemoglobina

“Na leucemia, é muito comum você ver a alteração das três séries. Então, tem leucocitose, você vê muita anemia e plaqueta baixa”, o doutor pontua. Mas, ele ressalta que, dependendo do caso, a pessoa pode ter uma queda nos leucócitos, em vez do aumento. 

Outra diferença fundamental no hemograma da leucemia é que há a presença dos blastos no sangue periférico, já que blastos são as células doentes da leucemia.

Exames para não confundir dengue com leucemia

Como, somente pela avaliação dos sintomas, pode ser difícil diferenciar as doenças, os testes e exames são indispensáveis para fechar o diagnóstico. 

O diagnóstico da dengue pode ser feito por meio de três principais testes que, de acordo com o Dr. Vilela, são bastante acessíveis. 

Teste para descobrir se a pessoa está com dengue

“A gente tem testes bem acessíveis para a dengue, tanto testes sorológicos, quanto métodos de igG e igM e o antígeno NS1, que conseguem dar um diagnóstico com uma relativa sensibilidade num curto período de tempo”, ele explica.

Vale saber que os testes rápidos para dengue estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), além de também poderem ser encontrados em farmácias e laboratórios privados. O valor do teste pode variar,  oscilando entre R$59,99 a R$189,00.

O Dr. Vilela alerta que, se o teste der negativo, mas o paciente estiver com sintomas muito indicativos de dengue, deve-se repetir o exame em 24h ou 48h. 

Já no caso da suspeita de leucemia, para fechar o diagnóstico é preciso contar com exames mais específicos, como o mielograma ou a biópsia de medula óssea, que permitem avaliar o funcionamento da medula óssea. 

“Com esses exames a gente consegue identificar bem se o paciente tem leucemia. Mas não é comum o paciente de dengue fazer uma avaliação de medula, porque, na imensa maioria das vezes, a gente consegue identificar que um paciente tem dengue sem esses exames – que, embora sejam exames do nosso dia a dia na Hematologia, são um pouco mais invasivos”, o doutor informa.

Então, esses exames são as principais formas de obter respostas concretas e não confundir dengue com leucemia.

Leia também:

Como se prevenir da dengue

O combate ao mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor do vírus, eliminando o criadouro é a principal forma de prevenção. Além disso, as pessoas ainda podem contar com os repelentes e, mais recentemente, com as vacinas. 

Como eliminar os focos do mosquito da dengue

A água parada é o principal local de foco do mosquito da dengue, por isso, é preciso estar atento a qualquer lugar onde possa acumular água.

Como eliminar os focos do mosquito da dengue

Para isso:

  1. Deixe a caixa d’água, poços, tambores de águas, cisternas, jarras e filtros bem tampados.
  2. Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas e xaxins. Coloque areia fina até a borda do pratinho.
  3. Guarde garrafas vazias de cabeça para baixo.
  4. Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água (tampinha de garrafa, casca de ovo, latinha, saquinho plástico de cigarro, embalagem plástica e de vidro, copo descartável etc.)
  5. Retire sempre a água acumulada da bandeja externa da geladeira e lave com água e sabão.
  6. Deixe a tampa do vaso sanitário sempre fechada. Em banheiros pouco usados, dê descarga pelo menos uma vez por semana.
  7. Limpe frequentemente as calhas e a laje das casas.
  8. Mantenha o quintal limpo, recolhendo o lixo e detritos em volta das casas, limpando os latões e mantendo as lixeiras tampadas
  9. Permita sempre o acesso do agente de controle de zoonoses em sua residência ou estabelecimento comercial.

Utilize repelente contra dengue

Para que o repelente seja eficaz para afastar o mosquito da dengue, a Organização Mundial da Saúde indica que o produto precisa contar Icaridina, IR3535 e/ou DEET. Para adultos, a concentração ideal é de 20% de Icaridina ou 30% de DEET.

É importante lembrar que o uso de repelentes não é indicado para bebês menores de seis meses. De sete meses a dois anos, recomenda-se o uso de produtos com IR3535 uma vez ao dia – porém, a Anvisa indica que, para essa faixa etária, o uso deve ser orientado por um médico. 

Pessoa utilizando repelente contra a dengue

A aplicação do repelente deve ser feita em todas as áreas do corpo que não estejam protegidas por roupas, sapatos e chapéus. Como o mosquito da dengue tem hábitos matutinos e ao final da tarde, orienta-se passar o produto pela manhã, antes de sair de casa, e no final da tarde.

Para quem faz uso de outros produtos, como hidratantes, cremes e protetor solar, também é importante saber que o repelente deve ser aplicado por último, após todos os outros. 

Já durante a noite, uma opção interessante são os repelentes elétricos – aqueles que são colocados em tomadas. Ele deve estar a dois metros de distância da cama e o local deve estar bem ventilado. Seu uso não é recomendado em casos de pessoas asmáticas ou com alergias respiratórias.

Vacina da dengue

Atualmente, no Brasil há dois imunizantes aprovados, a Dengvaxia, indicada somente para quem já pegou dengue, e a Qdenga, indicada para tanto para quem já pegou, quanto para quem não pegou e tem entre 4 e 60 anos.

A Qdenga foi liberada pela Anvisa em março de 2023 e incorporada no SUS em dezembro do mesmo ano. 

Vacina da dengue Qdenga

Na primeira fase do plano de imunização, poderão se imunizar apenas crianças de 10 a 14 anos que residam nos 521 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde. A organização das campanhas é responsabilidade de cada Estado e município, então, é preciso conferir o cronograma nas prefeituras e nas secretarias estaduais e municipais de saúde.

O esquema vacinal completo conta com duas doses, que devem ser aplicadas com um intervalo de três meses.

Já na rede privada, o preço de cada dose da Qdenga pode variar de R$349,90 a R$470,00, sendo que,em alguns estabelecimentos, é obrigatório apresentar pedido médico solicitando a vacinação.

Entretanto, a vacina contra a dengue não é indicada para pacientes com câncer que estejam imunossuprimidos, pois ela é feita por meio de vírus vivo atenuado.

“Como essa vacina é uma vacina de vírus vivo atenuado, ela é contraindicada para a maioria dos pacientes oncológicos, especialmente aqueles que estão fazendo uso de terapia imunossupressora”, o Dr. Volney Vilela alerta.

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2 Comentários
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Matéria elucidativa, explicada de forma clara e precisa pelo Dr Volvey Vilela, grande médico,competentíssimo.

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