Como interpretar o hemograma completo?
Última atualização em 22 de fevereiro de 2024
Fez um exame de sangue e não sabe o que os resultados significam? Explicamos as principais alterações nesta matéria
O hemograma completo, popularmente chamado de exame de sangue, é um teste que mostra informações sobre os três principais tipos de células sanguíneas. Ele deve ser realizado periodicamente para saber e acompanhar o estado de saúde geral de uma pessoa. Em alguns casos, as alterações que aparecem nessa avaliação podem levantar suspeitas de leucemia, um câncer hematológico.
A Drª. Helena Visnadi, hematologista do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, conta que no exame de sangue é avaliada a quantidade e as características das células sanguíneas, ou seja, dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e das plaquetas.
A maior parte das sociedades médicas defendem que a população realize os exames de rotina anualmente e o hemograma completo está incluído no check-up. Entretanto, a médica conta que ainda não há um consenso a respeito da frequência que as pessoas assintomáticas e sem doenças diagnosticadas devem realizar esse teste.
Apesar disso, ela pontua que há duas situações nas quais o hemograma deve sempre ser solicitado. A primeira é durante a primeira infância, “principalmente por servir como exame de diagnóstico de anemias, condição muito frequente nessa idade”. Já a segunda é como parte da avaliação antes de uma cirurgia, juntamente com testes de coagulação e glicemia.
Vale reforçar que essa orientação se refere a pessoas que estão sem nenhum tipo de sintoma. Porém, no caso de manifestações como sangramentos, febre, fadiga, fraqueza ou alergia, o exame pode ser pedido imediatamente e a frequência para repeti-lo tende ser outra.
Como o hemograma é feito?
Para fazer o hemograma completo não é necessário estar em jejum, mas é fundamental que o paciente não tenha consumido bebidas alcoólicas nas 72h antes do exame. Além de ser recomendado não realizar exercícios físicos no dia anterior.
Depois de chegar no laboratório e abrir a ficha, a pessoa será levada até uma sala para fazer a coleta da amostra. Em seguida, o profissional:
- Higieniza a área da qual o sangue será retirado
- Coloca um elástico (garrote) para visualizar melhor as veias
- Introduz a agulha
- Coleta o sangue, colocando-o em um tubo
- Enviadas as amostras para o laboratório para que elas sejam analisadas
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Que doenças o hemograma completo detecta?
Como são avaliadas as três principais células do sangue, há várias condições para as quais esse exame pode levantar suspeita. Por exemplo, anemia, infecções, inflamações e doenças autoimunes. Em alguns casos, o hemograma completo pode, até mesmo, identificar cânceres como a leucemia.
Como interpretar o hemograma
Atenção! Abaixo mencionaremos algumas das alterações que aparecem no exame de sangue e o que elas podem significar. Mas, o diagnóstico fechado somente deverá ser dado por um médico. Dessa forma, o indicado é retornar ao especialista que pediu o teste para que ele possa fazer uma avaliação adequada.
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Alterações nos glóbulos vermelhos
Essa parte do hemograma é chamada de eritrograma, pois as células analisadas são as hemácias, também chamadas de eritrócitos.
De acordo com a Drª. Helena, a alteração encontrada mais comum são os glóbulos vermelhos baixos, indicando uma anemia.
Porém, também é possível que os glóbulos vermelhos fiquem altos. Uma das condições que causam isso é a presença de uma Síndrome Mieloproliferativa Crônica chamada policitemia vera.
No eritrograma são analisados:
- Hematócrito (HT ou HCT): porcentagem do volume das hemácias em comparação com o volume total de sangue.
- Hemoglobina (Hb): componente da hemácia responsável pelo transporte de oxigênio.
- Volume Corpuscular Médio (VCM): mede o tamanho das hemácias.
- Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): concentração total de hemoglobina, por meio da análise do tamanho e coloração das hemácias.
- Concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM): concentração de hemoglobina por hemácia.
- Amplitude de distribuição dos glóbulos vermelhos (RDW): variação do tamanho das hemácias naquela amostra de sangue.
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Alterações nos glóbulos brancos
A análise da série branca, ou leucograma, fornece informações sobre a contagem das células de defesa do corpo. Quando os linfócitos estão altos, chamamos de leucocitose, já quando estão baixos, leucopenia.
A médica hematologista diz que infecções e doenças da medula óssea, como as leucemias e síndromes mieloproliferativas, podem causar tanto o aumento, quanto a diminuição dos leucócitos. Mas, ela dá uma dica: para identificar uma infecção no hemograma é preciso olhar, principalmente, para os granulócitos e os neutrófilos, que tendem a aumentar nessa situação.
A Drª. Helena ainda conta que quando é possível encontrar formas jovens dos granulócitos, como os bastões, os mielócitos, e metamielócitos e mieloblastos, no sangue, dá-se o nome de desvio à esquerda no hemograma.
“Essas formas jovens não estão presentes em grande número em situações normais. É considerado desvio à esquerda quando elas representam mais de 10% dos granulócitos.”
As células analisadas no leucograma são os neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos. O aumento ou diminuição de cada uma delas pode indicar um problema de saúde diferente.
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Alterações nas plaquetas
As plaquetas devem estar entre 140.000 e 450.000 por mm³ de sangue.
Segundo a especialista, a queda das plaquetas ocorre por conta de uma infecção ou deficiência na produção desse componente do sangue. Essa deficiência pode acontecer devido a uma aplasia medular ou invasão de um câncer, hematológico ou não, na medula óssea.
“Entretanto, uma plaquetopenia pode significar ainda uma condição relativamente comum, como a PTI (púrpura trombocitopênica imune). Essa é uma condição em que há uma destruição imunomediada das plaquetas”, ela conta.
Já o aumento das plaquetas também pode estar relacionado com algumas doenças da medula ou ainda com uso de remédios e anemia.
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Não é possível fazer um diagnóstico de câncer apenas pelo hemograma, mas o exame de sangue pode sim levantar a suspeita. Isso acontece, especialmente, no caso da leucemia.
É possível que esse câncer hematológico altere todas as células sanguíneas, mas um indicativo muito forte da presença dessa doença é a presença de blastos.
“Nas leucemias, uma célula branca imatura, chamada blasto, pode aparecer no hemograma”, a Drª. Helena Visnadi esclarece.
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