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Saiba tudo sobre o linfoma folicular

Linfoma folicular
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Última atualização em 18 de abril de 2024

Há uma série de estratégias e técnicas que são utilizadas para avaliar qual a terapia mais adequada para cada caso e tentar identificar como será a resposta do paciente

Escrito por: Natália Mancini

O linfoma folicular (LF), antigamente chamado de linfoma centro folicular ou linfoma nodular, é um subtipo de linfoma não-Hodgkin considerado indolente, isto é, tem crescimento lento. Ele é mais frequente em adultos mais velhos, sendo que a idade média ao diagnóstico é de 65 anos. Atualmente, há diversos tratamentos disponíveis e, dependendo de características do câncer e do paciente, eles permitem manter a doença em remissão por vários anos. 

O Dr. Marcel Brunetto, médico especialista em Hematologia e Onco-hematologia, explica que o linfoma não-Hodgkin folicular se desenvolve quando os linfócitos, um tipo de glóbulo branco, se agrupam e infiltram os linfonodos ou outros órgãos linfáticos.  

“Este é o tipo mais comum de linfoma não Hodgkin (LNH) de baixo grau (indolente), perfazendo 35% dos casos de LNH”, o Dr. Brunetto comenta.

Não se sabe exatamente quantos casos deste linfoma são identificados por ano no Brasil. No entanto, o médico conta que, nos Estados Unidos da América, “aproximadamente, três pessoas a cada 100.000 são diagnosticadas com essa doença por ano.”

Ele também relata que esse câncer é raro em crianças ou adolescentes e afeta homens e mulheres na mesma proporção.

Sintomas do linfoma folicular

A manifestação mais comum é o aumento dos linfonodos do pescoço, axila e virilha, vale ressaltar que esse aumento não causa dor. De acordo com o Dr. Brunetto, apenas 20% dos pacientes apresentam os chamados “sintomas B”, que incluem: febre, suor noturno e perda de peso sem explicação.

O especialista complementa que, em relação ao suor noturno, ele se torna preocupante quando ele é tão intenso que há a necessidade de trocar a roupa de cama e/ou o pijama. Já em relação à perda de peso, a pessoa deve ter perdido 10% do peso habitual em seis meses.

Sintoma de linfoma folicular
Sintoma de linfoma folicular
Caroço no pescoço
Sintoma de linfoma
Sintoma do linfoma folicular
Sintoma de linfoma folicularCaroço no pescoçoSintoma de linfomaSintoma do linfoma folicular

Além disso, ele fala que, em certos casos, a pessoa pode desenvolver grandes massas na região do abdômen. Quando isso acontece, é possível que o indivíduo apresente dor abdominal, falta de ar e/ou obstrução urinária. 

Para confirmar o diagnóstico do linfoma folicular, deve ser feita uma biópsia do linfonodo suspeito. O ideal é que seja realizada a biópsia excisional (quando se retira o linfonodo todo), mas, não sendo possível, pode ser feita a incisional (retira-se uma parte do linfonodo).

O Dr. Brunetto ressalta que a punção aspirativa por agulha fina é desaconselhada. 

“Uma vez que esse material esteja no laboratório para análise será submetido ao exame chamado anatomopatológico e imuno-histoquímica e eventualmente análise genética do material”, ele descreve.

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Quanto tempo vive uma pessoa com linfoma folicular?

Atualmente, o tratamento para esse tipo de linfoma não possui o objetivo de curar o paciente, mas sim controlar a doença, retardar a recidiva e aliviar os sintomas. Mas dependendo do estadiamento do câncer e de alguns fatores, que são avaliados por meio do Índice Prognóstico Internacional de Linfoma Folicular (FLIPI), é possível ter uma sobrevida média de 20 anos.

Pessoas idosas sendo avaliadas por um médico

Estadiamento

O estadiamento do câncer serve para avaliar em quais e quantos locais do corpo a doença está. O Dr. Brunetto conta que, no caso do LF, utiliza-se a classificação de Lugano. Ela determina que no:

  • Estágio I, o linfoma é encontrado em uma região de linfonodo ou invadiu um órgão; ou região extralinfática (identificado pela letra “E”), mas não qualquer região do linfonodo (estágio IE);
  • Estágio II: o linfoma está em duas ou mais regiões de linfonodos do mesmo lado do diafragma; envolveu um órgão e seus linfonodos regionais, com ou sem câncer em outras regiões de linfonodos do mesmo lado do diafragma (estágio IIE);
  • Estágio III: há câncer nas áreas dos linfonodos em ambos os lados do diafragma;
  • Estágio IV: a doença se espalhou por todo o corpo além dos linfonodos, inclusive medula óssea.

“Pacientes com LF em estágio I podem obter remissões de longo prazo com radioterapia. Para indivíduos com doença em estágio II, III ou IV  a sobrevida média é superior a 20 anos”, o onco-hematologista diz.

Índice Prognóstico Internacional de Linfoma Folicular (FLIPI)

Essa escala é utilizada para avaliar fatores que influenciam no prognóstico, ou seja, aspectos que podem fazer com que o paciente tenha uma resposta melhor ou não tão boa.

Homem de meia idade em consulta médica

O Dr. Brunetto conta que esse índice leva em consideração:

  • Idade superior a 60 anos
  • Doença em estágio III ou IV 
  • Baixa contagem de glóbulos vermelhos
  • Mais de quatro áreas de linfonodos envolvidas
  • Nível de lactato desidrogenase superior ao normal (uma proteína encontrada no sangue, cujos níveis aumentam quando os tecidos foram danificados).

“Geralmente, quanto mais desses fatores de risco uma pessoa tiver, pior será o prognóstico”, o médico fala.

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Tratamento para linfoma folicular 

Há diversas estratégias que podem ser administradas para pacientes com LF. As principais são a radioterapia, imunoterapia, quimioterapia, transplante de medula óssea e, mais recentemente, a terapia com CAR-T Cell. A terapia mais adequada depende da condição de saúde do paciente e do estadiamento do câncer.  Em alguns casos, é possível que, de início, não seja feito nenhum tratamento medicamentoso, apenas acompanhamento médico.

Tratamentos para linfoma folicular

Watch and Wait

Quando é necessário fazer somente o acompanhamento médico, essa estratégia é chamada de “Watch and Wait”, que, em português, significa observar e aguardar.

Ela pode ser realizada quando o paciente não apresenta nenhum sintoma e a doença não está afetando outros órgãos.

“Como o LF tem um crescimento lento e pode levar muitos anos para sua progressão, há a possibilidade do tratamento não ser necessário durante um período. Isso acontece porque, o tratamento precoce, nem sempre, melhora a sobrevida geral, se uma pessoa não apresentar sintomas e a doença não estiver afetando seus órgãos. Assim, uma observação atenta, na qual se faz acompanhamento com exames laboratoriais, de imagem e avaliação clínica de sintomas, pode ser recomendada”, o onco-hematologista explica.

Quimioterapia para linfoma folicular e outras terapias

O médico comenta que, na maior parte dos casos, justamente devido ao fato do LF ter crescimento lento e demorar para dar sinais, as pessoas são diagnosticadas com a doença em estágios mais avançados. Nessas situações, é preciso fazer uso de tratamentos medicamentosos, além de outras técnicas.

Opções de tratamentos com quimioterapia para linfoma folicular

Há alguns pontos que são levados em consideração na hora de escolher qual o melhor tratamento para cada caso, os principais são idade do paciente, estado de saúde geral e estadiamento do linfoma.

O Dr. Brunetto descreve como costumam ser os protocolos de tratamento para linfoma folicular conforme o estágio da doença.

No estadiamento I, alguns pacientes podem ser tratados com a radioterapia como única terapia.

“Isso pode levar a uma remissão duradoura em até 50% dos casos”, ele comenta.

Já para doenças nos estágios de IIa IV, há diversas opções de terapia, sendo que, frequentemente, são utilizadas as quimioterapias associadas às imunoterapias (anticorpos anti-CD20).

“Os anticorpos mais comumente usados ​​são o rituximabe  e obinutuzumabe, que visam seletivamente as células tumorais do linfoma folicular. Para idosos com sintomas, mas sem evidência de disfunção orgânica, o tratamento apenas com rituximabe pode ser recomendado”, o doutor descreve.

Ele também esclarece que alguns protocolos de imunoquimioterapia podem apresentar uma fase de manutenção, caso a primeira parte do tratamento tenha sido bem sucedida.

Para pacientes mais jovens e que já foram submetidos a um ou mais tratamentos e a doença recidivou, ou seja, retornou, pode ser realizado o transplante de medula óssea (TMO).

Além disso, alguns estudos mostraram que a terapia CAR-T Cell pode ser eficaz para tratar o linfoma folicular. 

“Essa modalidade, a CAR-T Cell, envolve a modificação genética dos linfócitos T do paciente fazendo com que eles combatam o linfoma”, o Dr. Brunetto conta.

É importante saber que essa terapia ainda não está disponível comercialmente no Brasil.

“Atualmente, várias novas drogas estão se mostrando efetivas no tratamento dos linfomas. Nos próximos anos, teremos mais opções terapêuticas no combate ao linfoma folicular”, o Dr. Marcel Brunetto conlcui.

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18 Comentários
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Olá a todos, este artigo é excelente, porém estava fazendo um tratamento de retrocolite ucerativa a 7 anos, agora a 26 dias fiz novos exames de biopsia, tomografia e sangue, descobriram que tenho linfoma folicular 1 e 2, estou preocupado e ainda não comecei o tratamento. Fico grato pelo artigo Flávio

Este tratamento já está disponível no SUS o Car-T porém como fazer praticamente impossível como nós bem sabemos

Descobri que tenho linfoma NH ano passado, estou em observação , porém lendo esse texto fico sem entender :Por que qd é descoberto tardiamente tem que tratar e qd descobre cedo só observa para poder tratar quando piora ? Não tem sentido .

A sobrevida seria de 20 anos ou mais de 20 anos? No texto cita as duas opções.

Em caso de linfoma folicular, estadiamento I e pessoa com 55 anos sem comorbidade. Seria um prognóstico bom ?

Fui diagnosticada com linfoma folicular, grau 4, mas sem sintomas. Minha médica optou por não iniciar tratamento, mas fiquei preocupada pois o pet scan registrou algumas infiltrações ósseas. Tenho linfomegalias no abdômen ( medida maxima 1,8cm) e um axilar esquerdo (1,6) . O exame imunoistoquimica deu grau risco 2. Fiquei confusa entre essas avaliações de grau 4 e grau risco 2 e preocupada com as infiltrações ósseas sem tratamento . Idade 66 anos.

Parabéns pelo conteúdo , descobri que tenho LF através de 02 nódulos (clavícula e pescoço) e suor noturno na região do pescoço. Vou começar o tratamento.

Descobri a poucos dias que tenho lnh folicular grau 2. Por enquanto fui aconselhada a fazer o estadiamento. Eu tinha um linfonodo grande no alto da coxa esquerda. Agora através da tc descobri que há vários outros não palpáveis.tenho 72 anos.acho que o mais angustiante é periodicamente ficar fazendo esses exames e torcendo p não haver alterações. Enfim, seja o que tem que ser. Seu artigo foi muito elucidativo.

Oi a todas(os) vocês da Abrale.

Primeiro quero externar a minha admiração pelo trabalho de vocês. Tudo o que li e assisti sobre linfomas me ajudaram muito a entender a doença que até então era desconhecida para mim. Fui diagnosticada recentemente com Linfoma Folicular, e todos os materiais publicados por vocês me deram a dimensão e esclarecimentos importantíssimos sobre a minha doença.
Descobri a doença a partir de uma apalpação no abdômen que realizei em casa mesmo, após a atividade física, tomei o maior susto, pois havia um “caroço” enorme. Marquei consulta com a gineco, pois imaginava que tinha relação como ovários o que não se confirmou. Após exames de tomografia, ela imediatamente me encaminhou para um médico oncologista. Agora já, esclarecido o diagnóstico logo inicio o tratamento em razão do tamanho aumentado do linfonodo.

Um abraço enorme em todas(os), vocês e mais uma vez, muito obrigada por este trabalho lindo e tão importante que vocês disponibilizam.

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