Anticorpos monoclonais no tratamento do câncer
Última atualização em 24 de maio de 2024
Eles podem funcionar por meio de três principais mecanismos de ação: não conjugados, conjugados e biespecíficos. São altamente eficazes no tratamento de cânceres hematológicos, como linfoma e leucemia, além de tumores sólidos
Os anticorpos monoclonais são um tipo de imunoterapia que podem ser utilizados no tratamento de algumas doenças, especialmente para os cânceres do sangue. Eles funcionam como uma flecha direcionada, atingindo diretamente as células tumorais e causando menos efeitos colaterais em comparação com as terapias tradicionais, como a radioterapia e a quimioterapia. O protocolo, bem como a quantidade de ciclos utilizados, variam de acordo com alguns fatores da doença e do paciente.
Antes de entender mais sobre essa classe de medicamentos, é preciso conhecer um mecanismo de escape que as células tumorais podem desenvolver. Em alguns casos, essas células doentes podem utilizar a estratégia de se “esconder” do sistema imunológico, fazendo com que o organismo não consiga encontrá-las nem combatê-las.
O Dr. Celso Arrais, diretor de Hematologia da Dasa e coordenador de Hematologia do Hospital Nove de Julho, explica que os anticorpos monoclonais têm como objetivo encontrar e reconhecer as células do câncer por meio de marcadores que estão presentes na superfície dessas células.
“Eles funcionam como mísseis teleguiados”, o Dr. Arrais exemplifica. Ele ainda conta que há três principais tipos de anticorpos monoclonais: não conjugados, conjugados e biespecíficos, sendo que a principal diferença entre eles é o tipo de mecanismo de ação.
O anticorpo monoclonal não conjugado faz o trabalho de apresentar as células do câncer ao sistema imunológico, para que ele possa eliminá-las. Já no segundo mecanismo, o anticorpo monoclonal conjugado identifica quais são e onde estão as células doentes, se conecta a elas e deposita um agente tóxico, que é responsável por destruí-las.
“Os conjugados funcionam como um sistema de entrega para levar uma droga de quimioterapia ou partícula radioativa diretamente às células cancerígenas”, o Dr. Arrais esclarece.
Por último, os anticorpos monoclonais biespecíficos recebem esse nome, pois se ligam a dois alvos diferentes ao mesmo tempo. Dessa forma, de um lado, eles se conectam à célula cancerosa e, na outra ponta, se conectam a algum mecanismo de defesa. Por exemplo, de um lado, ele se conecta à proteína da célula doente, e, do outro, se liga às células T, ajudando-as a atacar especificamente as células tumorais.
Anticorpos monoclonais no tratamento do câncer
Esses medicamentos podem ser indicados para diversos tipos de cânceres, incluindo os hematológicos, como linfoma, leucemia e mieloma múltiplo, e também para tumores sólidos, como câncer de mama, pulmão, colorretal, melanoma, entre outros.
Entretanto, é fundamental lembrar que o anticorpo monoclonal é um tratamento altamente direcionado. Então, para que ele possa ser usado, é preciso que os cientistas já tenham encontrado e identificado um alvo específico nas células do câncer e tenham desenvolvido um medicamento que possa atingir esse alvo.
Além disso, o Dr. Celso Arrais comenta que, normalmente, pacientes que “não responderam a tratamentos tradicionais ou que procuram terapias com potencialmente menos efeitos colaterais podem ser candidatos a essa terapia.”
Ele ainda detalha que, no caso dos cânceres hematológicos, os anticorpos monoclonais são especialmente eficazes no tratamento dos linfomas de células B e leucemias de células B, além do mieloma múltiplo.
Em relação à duração do tratamento, isto é, à quantidade de ciclos e sessões necessárias, o tempo varia de acordo com o tipo de medicamento utilizado, o tipo do câncer a ser tratado e fatores individuais de cada paciente. Sendo que, segundo o especialista, o tratamento pode ser desde semanal até a cada seis semanas e os métodos mais comuns de administração são via intravenosa, em que o anticorpo é infundido diretamente na veia, e via subcutânea, por meio de injeção sob a pele.
5 diferenças entre quimioterapia e radioterapia
As duas fazem parte dos tratamentos oncológicos mais comuns, mas cada uma funciona de um jeito e causa efeitos diferentes
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Efeitos colaterais
Esses medicamentos tendem a causar efeitos colaterais menos frequentes e menos intensos, em comparação com a quimioterapia ou com a radioterapia. Isso acontece justamente por ele atingir, somente, as células doentes.
“Embora geralmente causem menos efeitos colaterais, podem provocar reações alérgicas ou à infusão (febre, calafrios, alergias, dificuldades respiratórias) e imunossupressão, com aumento do risco de infecções. Há também a descrição de eventos autoimunes, que podem ser desencadeados por alguns desses anticorpos”, o Dr. Celso Arrais descreve.
Já existe ideia de quanto custa esse tratamento e se os planos de saúde já são obrigados a cobrir?
Olá, Paulo, como vai?
Tanto o preço, quanto a cobertura pelos planos de saúde variam de acordo com o medicamento e o tipo de câncer.
O senhor está interessado em saber mais sobre o qual tratamento e para qual tipo de câncer?
Abraços!
Sobre os biespecífico, já estão disponíveis nos planos de saúde pra linfomas ?
Olá, Paulo!
Por enquanto, a Anvisa aprovou o anticorpo biespecifico epcoritamabe para o tratamento de pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B recidivado ou refratário. Mas, até onde temos notícia, ele ainda não entrou para o rol de procedimentos da ANS.
Para que a gente possa conversar melhor sobre o seu caso, pedimos para que o senhor entre em contato com o nosso Apoio ao Paciente, para obter uma segunda opinião médica sobre o uso desse medicamento, e/ou com o nosso Apoio Jurídico, para que possamos te orientar em relação ao plano de saúde.
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