Caminho para a vitória

Última atualização em 29 de julho de 2021

Nos EUA, modelo  de luta contra o câncer vem diminuindo os casos de morte pela doença desde os anos 1990

Recente pesquisa da Sociedade Americana Contra o Câncer comprovou que os números de mortalidade por conta da doença, nos Estados Unidos, caíram bruscamente na última década – 29%, desde 1991. O estudo revela que, entre os anos de 2016 e 2017, houve a maior queda já registrada no intervalo de um
ano, no valor de 2,2%. No caso do câncer de pulmão, por exemplo, a queda entre os homens foi de 51% e entre as mulheres, de 26%.

E no Brasil, como as coisas vêm acontecendo?

De acordo com o novo relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 625 mil novos casos de câncer serão diagnosticados no Brasil. Mas grande parte deles poderiam ser evitados com a prevenção primária, adotando hábitos como não fumar, não beber, fazer uma alimentação saudável e praticar atividades físicas. Afinal, de 80% a 90% dos cânceres são causados por fatores externos e a vida não saudável pode causar mais de 60 mil mortes por câncer aqui no país.

A prevenção secundária, por meio da detecção precoce dos cânceres, também é fundamental. O diagnóstico precoce, inclusive, foi umas das condições mencionadas na pesquisa norte-americana como responsável pela queda dos números de morte nos EUA. Isso porque, de acordo com o Dr. Ricardo Bigni, chefe do Serviço de Hematologia do Inca, quando a doença é detectada nos estadiamentos iniciais, as chances de cura são bem maiores.

“Trabalho há 23 anos no sistema público de saúde e o baixo acesso da população ao diagnóstico precoce, infelizmente, é uma realidade no país. Assim, pessoas que poderiam ter uma situação controlável, passam a ficar em estados mais graves, e podem chegar à óbito. O maior impacto inicial é a demora para o acesso ao serviço de assistência especializada”, fala o médico.

Lei dos 30 dias é avanço, mas precisamos ir além

Recentemente, foi aprovada a Lei dos 30 Dias (Lei nº 13.896), que regulamenta 30 dias como prazo máximo para a realização de exames diagnósticos do câncer. Ela passará a valer a partir de março deste ano.

É com bons olhos que leis como essa são vistas pela sociedade. E sim, com certeza é um importante avanço. Mas as necessidades do sistema de saúde pública vão muito além das leis.

“As principais medidas para assegurar que essa lei possa realmente surtir efeito é a ampliação de instalações nas instituições. O que tem acontecido ao longo das décadas não é uma ampliação, e sim, uma diminuição da capacidade de atendimento. Temos menos leitos, menos laboratórios para diagnóstico, menos profissionais de saúde capacitados para o atendimento oncológico. Não adianta terem leis, se na prática não há subsídios para cumpri-las”, diz Dr. Ricardo.

Novos medicamentos = medicamentos mais caros

Na última década, centenas de novos tratamentos para o câncer foram lançados. A maioria com excelentes prognósticos, incluindo a cura da doença. As terapias são diversas: atacam células específicas, fazem com que o próprio sistema imunológico reconheça o câncer e até mesmo manipulam células em laboratório para que possam contra-atacar o câncer quando forem infundidas no paciente.

De acordo com os achados da pesquisa norte-americana, as novas tecnologias para tratar o câncer também são responsáveis pela redução no número de mortalidade nos EUA, em especial, a imunoterapia.

Muitas delas estão aprovadas para uso no Brasil. Mas nem todas fazem parte do Rol da ANS (planos de saúde) ou do SUS (sistema público).

“Nos Estados Unidos, a incorporação de modalidades terapêuticas mais eficazes acontece há décadas. E, claro, isso terá um impacto direto na questão da mortalidade e qualidade de vida do paciente. Os pacientes norte-americanos, assim que recebem o diagnóstico, já começam o tratamento. Hoje, em  especial no SUS, temos uma defasagem considerável, até porque esses medicamentos são muito caros. Por isso, reforço a importância da retomada de recursos, para que possamos oferecer um melhor atendimento e, inclusive, tenhamos a incorporação das novas modalidades terapêuticas no SUS”, comenta o especialista.

De olho nas mudanças de vida!

Se você chegou até aqui, pode ser que tenha ficado com a sensação de que os problemas não podem ser resolvidos pela sociedade, mas somente pelas esferas governamentais. Afinal, leis, falta de recursos, dificuldade de acesso ao diagnóstico e aos tratamentos não são nossa culpa, certo?

Não é bem assim. Somos responsáveis por eleger os governantes que vão atuar em prol da saúde de nosso país, então se as coisas não estão caminhando como devem, temos sim uma parcela de culpa. Mas esse é assunto para um outro momento…

Como vimos, grande parte das mortes por câncer no Brasil poderiam ser evitadas, seja pela adoção de hábitos saudáveis, seja pela atenção aos sinais que nosso corpo dá.

Por uma vida mais saudável

• Não fume;
• Não beba;
• Alimente-se de maneira saudável;
• Mantenha o peso corporal adequado;
• Pratique atividades físicas;
• Use proteção adequada para exposição ao Sol, especialmente entre 10h e 16h;
• Evite alimentos processados ;
• Vacine-se contra o HPV e a hepatite B;
• Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer o exame preventivo de câncer de colo de útero;
• Atenção: não permita a exposição a agentes cancerígenos no trabalho ;
• Importante! Se notar qualquer alteração em seu corpo, como dores, febre e inchaço, procure um médico.

Lembre-se de que esses cuidados também ajudam nos melhores resultados para o tratamento oncológico.

 

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