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Como é o tratamento de linfoma em idosos

Homem idoso no médico para tratar um linfoma
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Última atualização em 22 de setembro de 2023

Fazer parte da terceira idade não significa não poder tratar o câncer. Atualmente, há diversas terapias e estratégias que podem ser utilizadas, em alguns casos, levando à remissão

Tratar um linfoma em idosos requer alguns cuidados específicos, como adequar a dosagem da quimioterapia e/ou substituir medicamentos. A principal diferença no tratamento dessa população é quando o câncer recidiva, pois nem sempre é possível realizar os tratamentos mais intensos que seriam necessários. Os subtipos mais frequentes nessa faixa etária são os linfomas não tão agressivos e as chances de cura variam de acordo com o tipo da doença e as condições de saúde do paciente.

A Drª. Talita Maira Bueno da Silveira, especialista em Hematologia e Hemoterapia e médica do A.C. Camargo Cancer Center, comenta que o tipo de linfoma com maior incidência em idosos é o linfoma não-Hodgkin (LNH).

“O linfoma de Hodgkin é uma doença que acontece, principalmente, no final da adolescência e no início da vida adulta. Existe um segundo pico na terceira idade – entre os 60 e 70 anos – mas ele é bem menos frequente. No idoso, o mais comum é o LNH”, a Drª. Talita comenta.

Ela ressalta que, dentro dos LNH, há diversos subtipos de cânceres e que todos eles podem se desenvolver na terceira idade, mas os mais comuns são o linfoma difuso de grandes células B, o linfoma folicular e o linfoma do manto.

“Vemos os linfomas que são muito agressivos, como o de Burkitt e o linfoblástico, com uma menor frequência. Os linfomas que acontecem mais frequentemente nessa população são os ditos mais indolentes, ou seja, que crescem muito devagar”, ela acrescenta.

Como tratar linfoma em idosos?

O protocolo terapêutico varia de acordo com o subtipo do linfoma e as condições de saúde do paciente. Mas, geralmente, as estratégias são parecidas com as utilizadas para tratar linfoma em jovens, a principal diferença é que as terapias são menos intensas. Em alguns casos, pode acontecer de não ser necessário iniciar o tratamento logo após o diagnóstico.

Pessoa idosa no hospital recebendo quimioterapia para linfoma

A hematologista salienta que a necessidade de fazer essas modificações no tratamento geralmente acontece quando o paciente tem mais de 80 anos.

De acordo com a médica, a adaptação mais comum é realizar menos quimioterapia, ou seja, reduzir a dosagem dos medicamentos, porém também pode ser feita a exclusão de algumas das drogas quimioterápicas.

Por exemplo, no linfoma não-Hodgkin, em vez de administrar o protocolo R-CHOP, faz-se o R-mini-CHOP. Ele é o CHOP, só que com redução da dosagem dos medicamentos. Já no linfoma de Hodgkin, é possível que a equipe médica opte por excluir a bleomicina do protocolo ABVD e/ou realizar uma menor quantidade de ciclos de quimioterapia.

A Drª. Talita aponta que a principal diferença acontece em casos de recidiva ou refratariedade da doença, isto é, se o linfoma retornar ou não responder à primeira linha de tratamento. Para essas situações, a estratégia costuma incluir uma quimioterapia mais intensa, mas, para pacientes de terceira idade, esse protocolo pode ser contraindicado.

“Normalmente, a gente não consegue fazer as linhas subsequentes agressivas de tratamento. Então, um paciente com LH que, eventualmente, recidive não é candidato a fazer uma estratégia possível em segunda linha, que é o transplante de medula óssea. Portanto, a primeira linha é um pouco menos intensa e linhas subsequentes devem ser modificadas porque os pacientes podem não aguentar quimioterapia mais intensas”, ela esclarece.

Por outro lado, não há nenhum tipo de contraindicação ao uso de imunoterapia ou drogas-alvo para pacientes dessa faixa etária. Isso acontece porque essas terapias agem de uma forma totalmente diferente e as pessoas de mais idade tendem a ter uma boa tolerância a elas.

O único momento em que a imunoterapia tende a não ser recomendada é se o indivíduo estiver com alguma doença autoimune ativa. Nesse caso, o impeditivo é a doença, não a idade em si.

Tratamento de linfoma indolente

Esse tipo de câncer possui um crescimento bastante lento e, por esse motivo, pode ser que a pessoa não precise ser submetida à terapia logo no momento do diagnóstico. Nessas situações, geralmente, a conduta mais indicada é o “watch and wait”, que, em português significa observar e aguardar.

Mulher idosa realizando consulta médica

Quando o médico opta pelo “watch and wait” significa que não é benéfico entrar com medicamentos naquele momento. Ou seja, oferecer quimioterapia pode trazer mais efeitos colaterais e não ter tanto efeito no controle da doença. Por isso, ao longo desse período, o paciente é acompanhado pelo médico periodicamente por meio de consultas e exames, para saber se/quando é preciso começar a terapia medicamentosa.

“Podemos esperar que a doença tenha uma progressão ou o paciente ter, eventualmente, algum sintoma clínico ou um aumento significativo no montante de doença para iniciar o tratamento”, a Drª. Talita conta.

CAR-T Cell

A doutora afirma que no caso desse tipo de terapia genética não há contraindicações por conta da idade. Então, sim, pacientes idosos podem realizar CAR-T Cell, desde que preencham as indicações aprovadas no Brasil.  

Atualmente, no país, está aprovado o uso dessa terapia para quem tem linfoma de grandes células B e já realizou, pelo menos, duas linhas de tratamento.

Terapia CAR-T cell para linfoma em idosos

Entretanto, a Drª. Talita ressalta que um ponto mais importante que a idade é a condição geral de saúde da pessoa – é preciso que ela não esteja muito fragilizada, para que o indivíduo consiga realizar o processo.

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Qual a chance de cura do linfoma em idosos?

A médica comenta que se um linfoma é curável em uma pessoa jovem, ele também é curável para pacientes da terceira idade. Mas, ela diz que o prognóstico tende a ser pior para pessoas com mais idade.

Idoso com linfoma

“Existe sim a possibilidade de cura em um paciente idoso quando falamos de alguns subtipos curáveis de linfoma. Mas, pensando em pessoas com o mesmo subtipo de doença, uma pessoa idosa tem pior prognóstico que um jovem. Até porque, como eu disse, indivíduos com mais idade têm uma tolerância menor às estratégias convencionais. Mas, ainda assim, um linfoma curável em um jovem, é um linfoma curável em um idoso”, a Drª. Talita Silveira afirma.

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Excelente matéria, com pontos esclarecedores ao pacientes e familiares que sempre buscam resposta e nem sempre no local adequado ou com um profissional da área. A ABRALE trás sempre informações pertinentes de maneira simples, mas compreensível a todos. Parabéns!

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