Transplante de medula óssea no combate ao câncer do sangue
Última atualização em 10 de novembro de 2022
Mesmo com as novidades terapêuticas, o TMO continua sendo uma importante opção de tratamento
O transplante de medula óssea é uma das opções de tratamento que apresentam resultados muito satisfatórios para os cânceres sanguíneos, como as leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Também conhecido por transplante de células-tronco hematopoiéticas ou simplesmente TMO, pode ser indicado para alguns pacientes para alcançar melhores desfechos clínicos.
O que é transplante de medula óssea?
O procedimento consiste em substituir as células doentes da medula óssea, por células saudáveis. E diferente do que muitos pensam, o transplante de medula óssea não é uma cirurgia. O paciente receberá as novas células por meio de um método parecido com a transfusão de sangue.
Os tipos de TMO são:
- Autotransplante
Autólogo – É feito com as próprias células-tronco do paciente. Então estas células serão coletadas, com uma agulha especial, e depois congeladas e armazenadas em criopreservação. O paciente passará pelo condicionamento, quando doses de quimioterapia são aplicadas para destruir as células cancerígenas e, assim, preparar o corpo para receber as células saudáveis.
- Com doador compatível
Alogênico – Neste caso, o paciente precisará de um doador de medula óssea 100% HLA compatível. Ele pode ser da família (geralmente irmãos) ou ser encontrado em um banco de doadores voluntários. No Brasil, temos o REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), com mais de 3 milhões de pessoas cadastradas.
Haploidêntico – O doador é 50% HLA compatível e deve ser da família (geralmente, pai ou mãe).
Cordão umbilical – As células doadas são advindas do cordão umbilical (aparentadas ou não).
Singênico – Igual ao alogênico, porém o doador e o receptor são irmãos gêmeos univitelinos.
No TMO com doador, o paciente também passará pelo condicionamento antes das células doadas serem infundidas. A principal diferença é que, por vir de um organismo diferente, é possível que o corpo rejeite as novas células e cause a DECH (Doença do Enxerto x Hospedeiro).
O acompanhamento médico durante e após o procedimento será essencial em todos os tipos de TMO. A “pega da medula” acontece assim que o órgão começa a fabricar células sanguíneas saudáveis novamente.
Quando é necessário o transplante de medula óssea
De acordo com o Dr. Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein, em cada doença o TMO recebe uma indicação diferente, incluindo suas modalidades autólogas ou alogênicas.
“Na leucemia mieloide aguda é indicado o transplante alogênico sempre na segunda remissão ou em casos refratários. Também pode ser indicado na primeira remissão, em casos de mau prognóstico identificado em exames de citogenética, com fatores moleculares e doença residual mínima mensurável. O transplante autólogo pode ser uma alternativa na primeira remissão, em casos de prognóstico favorável. Já na leucemia linfoide aguda, o transplante deve ser sempre realizado com o paciente em remissão, de preferência com doença residual mensurável negativa. Também é possível realizar o TMO na LLA classificada como de prognóstico desfavorável, como a LLA Ph positiva, com doença residual mínima positiva após a indução”, explicou o médico.
Nos linfomas, o transplante alogênico é uma exceção em casos recidivados.
“Geralmente, fazemos o TMO autólogo em pacientes com linfoma quando acontece uma recidiva após o primeiro tratamento. Mas em casos em que aconteça uma recidiva após o transplante autólogo é possível que o TMO alogênico seja feito”, comentou o Dr. Nelson.
No mieloma múltiplo, sempre que o paciente tiver condições, deve ser submetido ao transplante autólogo após ciclos iniciais do tratamento.
“Claro que a idade e existência de comorbidades irão ajudar na definição ou não para a realização do transplante. Hoje, inclusive, usamos mais a idade funcional à cronológica para tomarmos essa decisão”.
Outras doenças também podem ter o TMO como parte de seu tratamento, dentre elas a síndrome mielodisplásica, anemia aplásica e mielofibrose.
Quais as chances de um transplante de medula dar certo?
O transplante de medula óssea (TMO) é, em algumas situações, a única ou principal chance de cura para os pacientes…
TMO continua sendo importante opção contra o câncer
Como falamos, é fato que as novas terapias vêm revolucionando o tratamento dos cânceres hematológicos. Entretanto, a importância do transplante de medula óssea é muito grande, pois ajuda no combate de alguns subtipos das doenças e possibilita até mesmo a cura.
“Mesmo com as novas tecnologias, o transplante de medula óssea segue bem indicado. Estudos atuais de mieloma múltiplo, por exemplo, mostram que mesmo com os avanços e drogas novas esta modalidade de tratamento ainda tem lugar de destaque. Isto ocorre também nas leucemias e linfomas. Creio que com o passar do tempo as indicações dos transplantes vão ser mais seletivas. Por outro lado, os transplantes nunca foram tão seguros com novas modalidades de preparo (condicionamento), antimicrobianos terapêuticos e preventivos, novas modalidades de imunossupressão e a quebra da barreira da compatibilidade”, falou o Dr. Nelson.
Atualmente, o TMO autólogo no mieloma é justamente o mais realizado, quando comparado a todos os tipos. Já o transplante alogênico para a leucemia mieloide aguda é a opção mais frequente.
“O transplante de cordão vem sendo menos utilizado, pois os transplantes parcialmente compatíveis de familiares e mesmo não familiares se tornaram mais seguros com novas técnicas utilizadas. No entanto, ele ainda é utilizado em casos específicos, possibilitando enxertia mais rápida”, finalizou o médico.