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Transplante de medula óssea haploidêntico: o que é, como funciona e vantagens

Transplante haploidentico de medula óssea
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Última atualização em 3 de novembro de 2022

Ele surgiu como uma grande promessa e tem conquistado cada vez mais relevância no tratamento dos cânceres hematológicos

O transplante haploidêntico é um dos tipos de transplante de medula óssea (TMO) que existe. A grande diferença, nesse caso, é que o doador não precisa ser 100% compatível com o paciente, mas é necessário que seja um parente próximo. A terapia passou a ser realizada a partir de 2014 e, apesar de ainda não ser a forma mais frequente, tem sido cada vez mais utilizada, batendo o recorde em 2021, por conta da pandemia.

A Drª. Adriana Seber, Vice-Presidente da SBTMO – Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea e coordenadora nos serviços de Onco-Hematologia e TMO pediátricos do Hospital Samaritano e IOP-Graacc-Unifesp, explica que o transplante de medula óssea haploidêntico pode ser usado para tratar doenças malignas, como as leucemias e linfomas, e benignas. 

Para que isso possa ser realizado é preciso que uma pessoa doe suas células-tronco. Ou seja, ele é um TMO alogênico. Entretanto, no TMO alogênico tradicional, é preciso que a medula do doador seja 100% compatível com a do paciente. Já no TMO haploidêntico, a carga genética, que é a  compatibilidade HLA, é só 50% compatível. Porém, é indispensável que o doador seja “algum parente próximo, que pode ser pai, mãe, irmão, tio ou primo”, a Drª. Adriana reforça. 

Esse tipo de transplante somente pode ser realizado por conta de uma técnica chamada de depleção de linfócitos T, criada em 2014 na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. 

Como funciona

Havendo a indicação para realizar o procedimento e encontrando o doador, o paciente é submetido a cinco etapas:

  1. Condicionamento
  2. Infusão das células-tronco
  3. Pós-transplante
  4. “Pega da medula”
  5. Alta hospitalar
Transplante de medula óssea entre doador e paciente

Então, o processo do transplante haploidêntico é bastante semelhante ao do alogênico tradicional. Mas, para que essa medula 50% compatível não ataque o paciente (doença do enxerto versus hospedeiro), é preciso fazer a depleção de linfócitos T após a infusão. Para tal, é administrada a ciclofosfamida, um agente quimioterápico.

“É sempre obrigatório o uso desse remédio, que é administrado na veia nos dias três e quatro dias após a infusão. Com essa quimioterapia, os linfócitos do doador são destruídos e, aí, é possível que doador e receptor vivam em paz e não exista reação grave”, a Drª. Adriana explica.

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Quando é indicado

Conforme falado anteriormente, ele pode ser utilizado como tratamento para doenças malignas, os cânceres, e para algumas benignas. Sendo que o mais comum é que ele seja feito quando não é possível encontrar um doador não aparentado compatível.

Mãe preocupada com o filho que está doente

Quando um paciente tem indicação para realizar o TMO, em primeiro lugar, é verificado se os parentes mais próximos são totalmente compatíveis. Isso acontece “porque é o jeito de fazer transplante que a medicina tem muito mais experiência e que se faz há muito mais anos”, a médica esclarece. 

Caso não seja encontrado, a segunda tentativa é achar um doador compatível que não seja aparentado. Então, é feita a busca nos bancos de medula óssea, como o REDOME

Se, mesmo nos bancos, não houver um doador, opta-se por fazer o haploidêntico. 

“Em geral, se existe um doador compatível, usamos ele. O haploidêntico é muito comum, mas ainda estamos no processo de aprendizado e de ajustes dessa modalidade”, a Drª. Adriana pontua. 

Ela ainda explica que apesar desse transplante não ser a primeira opção, há algumas exceções. 

“Por exemplo, durante a pandemia da COVID-19 a gente não conseguia ter acesso a um doador não aparentado. Assim, acabamos fazendo muito o haploidêntico. Outra exceção é quando o paciente tem uma doença tão grave que precisamos fazer o TMO no menor tempo possível. Aí conseguimos que tudo isso seja feito num prazo muito mais curto.”

Chances de sucesso de um transplante haploidêntico 

Paciente internado fazendo tratamento de câncer esperando doador de medula

Há alguns fatores que influenciam nessa possibilidade. A médica conta que depende muito da doença que está sendo tratada, isto é, quão agressiva ela é, e qual a fase do tratamento o paciente está. Além disso, também é analisado se o paciente já apresentou recidiva e se ele está em remissão completa ou não.

Riscos

  • Infecções

As altas doses de radioterapia ou quimioterapia realizadas durante o processo do TMO atingem o sistema imunológico, fazendo com que ele fique enfraquecido. Por isso, esses pacientes são considerados imunossuprimidos. Com isso, há uma maior probabilidade de contrair infecções e que elas se transformem em quadros graves.

Dessa forma, é preciso ter muito cuidado com higiene, para evitar se contaminar. 

Análise de infecções. As infecções são o principal risco do transplante haploidêntico
  • Doença enxerto versus hospedeiro (DECH)

A DECH acontece quando, após a infusão, os linfócitos do doador consideram as células do paciente como uma ameaça e passam a atacá-las. Ela pode se manifestar nos olhos, boca, região genital, unha/cabelo, fígado e, mais frequentemente, na pele. 

  • Resultado pode ser menor que o esperado

“O fato do doador haploidêntico não ser 100% compatível pode fazer com que o resultado do transplante seja igual ou um pouquinho pior comparado com o TMO alogênico”, a Drª. Adriana diz. 

Ela explica que isso acontece porque há um aumento nas chances de infecções por vírus. Esse é um desafio no Brasil, pois há uma dificuldade em diagnosticar e tratar essas infecções.

Mesmo assim, por ser menos difícil de encontrar o doador e da rapidez, pode ser uma boa opção terapêutica.

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Transplante haploidêntico no Brasil

Esse tratamento já é uma realidade para os brasileiros e tem sido cada vez mais realizado. Em 2021, por exemplo, foram feitos 100 transplantes não aparentados, 170 com doador aparentado totalmente compatível e 250 TMOs haploidênticos. 

Médica feliz analisando informações

“Isso é uma mudança muito importante na maneira de realizar transplante no país. Antigamente, se fazia muito com parente HLA compatível, seguido de doador não aparentado e a absoluta exceção era fazer o haploidêntico. Com a pandemia, isso mudou radicalmente. A gente não sabe se daqui para frente vai seguir essa tendência, mas no ano de 2021 teve esse aumento muito importante”, a Drª. Adriana Seber afirma.


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2 Comentários
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Meu netinho 6 anos tem Aplasia severa estou esperando por um doador ou vai faser com o irmao que e 50% no caso iploidentico

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