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Cirurgia para mieloma múltiplo: quando fazer?

Ortopedista fazendo cirurgia de osso da perna para mieloma múltiplo
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Última atualização em 24 de setembro de 2021

O procedimento não melhora o câncer em si, mas pode evitar a necessidade de uma operação de emergência que atrapalhe o tratamento

A cirurgia para mieloma múltiplo não tem um papel de tratamento ou cura da doença em si. Mas, mesmo assim, ela pode impactar no prognóstico. Isso acontece porque, especialmente nesse câncer, é muito comum que o paciente quebre algum osso e necessite realizar uma operação para corrigir o quadro e isso pode atrasar a terapia. Por esse motivo, é fundamental fazer avaliações, tanto no momento do diagnóstico, quanto ao longo do tempo para prever possíveis fraturas.

A Profª. Drª. Davimar Borducchi, especialista em Oncologia e Onco-Hematologia, pontua que a cirurgia pode ser utilizada para o diagnóstico de mieloma múltiplo (MM) em casos nos quais a biópsia óssea é utilizada para diagnóstico, como na ocorrência de plasmocitomas. Entretanto, o mais comum é que o procedimento seja feito para correção de fraturas  patológicas e descompressão radicular. 80% dos pacientes apresentam algum comprometimento ósseo e 5% necessitam de cirurgia.

Importância da cirurgia para mieloma múltiplo

A cirurgia, no tratamento de mieloma múltiplo, não atua, diretamente, na doença, ou seja, não trata nem a controla. Ela é feita unicamente com o objetivo de evitar e corrigir fraturas ósseas. Entretanto, apesar de não estar propriamente ligada com a evolução do câncer, o procedimento cirúrgico pode interferir no prognóstico geral do paciente. 

Lupa analisando um fêmur quebrado

O Dr. Daniel Gibson, especialista em Oncologia ortopédica, explica que isso acontece porque, quando ocorre uma fratura durante o tratamento, o mais comum é que ela precise ser operada. Mas, justamente por estar em tratamento quimioterápico, muitas vezes, a pessoa não está com o quadro de saúde adequado para ser submetida a uma operação.

“Então, nós precisamos estabilizar o paciente para poder fazer a cirurgia e isso atrasa toda a terapia. Porque, a partir do momento que ele interna para corrigir a fratura, não temos como continuar com o tratamento oncológico. Assim, a pessoa, que está no meio da quimioterapia, pode atrasar, por exemplo, um mês da próxima sessão e isso acaba influenciando negativamente no prognóstico global”, ele diz.

Ou seja, o ideal é evitar que a fratura aconteça para que não seja necessário realizar a operação e interferir no tratamento. Para tal, os médicos tentam prever se há a chance de um osso quebrar e buscam formas de não deixar que isso aconteça. Sendo que os lugares que sofrem fraturas com mais frequência são o fêmur (mais comum de todos), o úmero e a coluna.  

“Quando o paciente é diagnosticado com MM, no estadiamento, levamos em consideração todas as lesões ósseas que ele possa ter devido à doença. Há diversos tipos de classificação para prever se ele vai quebrar ou não”, o Dr. Gibson conta. 

Geralmente, antes de se optar pelo procedimento cirúrgico, são indicados outros tratamentos para evitar as fraturas. Assim, “todos os pacientes, em terapia primária, devem fazer uso de bisfosfonatos ou denosumabe, cálcio e vitamina D”, a Profª. Drª. Davimar orienta.

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Como a operação acontece

“Hoje em dia, nós temos algumas técnicas menos invasivas, como passar algumas hastes por dentro do osso. Já em outros casos, há a possibilidade de usar radioterapia ou crioterapia na lesão para estimular que ela não evolua. Também existem situações nas quais precisamos substituir um pedaço do osso, que é o que chamamos de endoprótese não convencional”, o oncologista ortopedista exemplifica. 

Profissionais da saúde fazendo uma avaliação óssea para cirurgia para mieloma múltiplo

Ele ainda esclarece que no caso de lesão na coluna, é preciso ter muito cuidado. Isso acontece porque, quando ela cresce, pode comprimir a região da medula e causar problemas de sensibilidade ou até perda de movimentos. 

“Nesses casos, é preciso ir até a região do tumor e descomprimir a medula, tirar o tumor que está ali apertando o nervo do paciente. Em seguida, fazemos uma fixação, como faríamos se fosse uma fratura na coluna”, o Dr. Gibson informa. 

Hoje em dia, a evolução das máquinas de radioterapia possibilita atingir o tumor com uma alta precisão, então esse método é o escolhido nos casos em que o câncer é radiossensível. Isso tem gerado uma diminuição no número de operações da coluna. 

O Dr. Daniel Gibson ressalta que apesar das diretrizes apresentadas serem para cirurgia para mieloma múltiplo, elas valem para metástases em geral. Isso acontece devido ao fato das doenças se comportarem de forma muito parecida do ponto de vista ortopédico.

Setembro – Mês de Conscientização sobre as Doenças do Sangue

Neste mês especial, a Abrale fará ações informativas em suas redes sociais, e também na Revista Abrale Online, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de conhecer os sintomas e de realizar o diagnóstico precoce, além de homenagear os pacientes de cada uma destas patologias.

Em 05/09 é celebrado o Dia Mundial do Mieloma Múltiplo. O objetivo dessa data é conscientização e alerta sobre essa doença e seus sintomas.

Para mais informações sobre a campanha, acompanhe as nossas comunicações no:


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6 Comentários
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Muito boa a matéria.

O paciente diagnosticado muito precocemente sem alterações em nenhum órgão tido como INDOLENTE, ou seja sem sintomas é possível que não venha a ter as complicações? Estatisticamente o INDOLENTE pode não apresentar sintomas?

Boa tarde sou paciente de Mieloma Multiplo faço tratamento no Hospital de Base em Brasília gostaria de saber se pode acontecer dois casos na família? Tipo eu e um irmão do mesmo pais?

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