O forno de micro-ondas causa câncer?
Última atualização em 3 de agosto de 2021
Esse utensílio é muito utilizado para aquecer ou cozer de forma rápida os alimentos e não apresenta relação direta com o aparecimento da doença
Há uma lenda urbana que o forno de micro-ondas causa câncer, entretanto isso não é verdade. Ainda não é comprovado cientificamente que essas ondas possam causar o aparecimento de um tumor. Além disso, esse eletrodoméstico é construído por meio de técnicas que impedem o vazamento dessa radiação. O mesmo vale para comidas esquentadas nesse utensílio: consumi-las não aumenta as chances de desenvolver a doença.
Ao colocar um alimento no forno de micro-ondas para ser aquecido, ocorre uma interação entre as moléculas da comida e as ondas do forno. Dessa forma, as micro-ondas penetram cerca de 2 cm naquele alimento.
“No interior do forno de micro-ondas existe um dispositivo chamado magnetron, que gera um campo elétrico direcionado sobre o alimento. Este campo elétrico interage com as moléculas dipolares ou iônicas presentes no alimento, fazendo-as vibrar na frequência de operação do forno. Esta vibração, em nível molecular, causa atrito entre as moléculas e isto gera o aquecimento”, explica Álvaro César Camargo do Amarante, Prof. do curso de Engenharia de Alimentos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Há dois tipos de radiação – a ionizante, como alguns tipos de raios ultravioleta, raio X e raios gama, e a não ionizante, que é o tipo presente no forno de micro-ondas.
As ionizantes estão mais ligadas ao desenvolvimento de um câncer, pois possuem maior conteúdo energético. Com isso, elas são “capazes de remover elétrons de átomos ou moléculas e, assim, produzir danos e mutações às células”, conta o Prof. Amarante.
Alguns raios ultravioleta, por exemplo, estão presente na luz solar, por isso a exposição ao Sol pode causar o câncer de pele. Entretanto, os raios X e gama são os mais potencialmente cancerígenos devido às características das suas ondas.
É seguro utilizar o forno de micro-ondas?
A estrutura desse eletrodoméstico é planejada e construída de forma que esteja preparada para que a radiação não vaze. Apesar disso, ele não consegue segurar totalmente as ondas. É possível que haja um escape de até 5 miliwatts por centímetro quadrado, em uma área de 5 centímetros de distância do forno.
“Esta quantidade de energia é muito pequena e não causa nenhum dano à saúde humana. Como comparação podemos citar os telefones celulares, que operam em frequências classificadas como micro-ondas e têm uma potência média de 3 watts”, afirma o professor de engenharia.
Caso o forno esteja desgastado ou não seja bem higienizado, é possível que a quantidade de radiação no ambiente externo fique acima do permitido. Para que isso não ocorra, é importante seguir as orientações do fabricante sobre manutenção e limpeza do aparelho.
“No entanto, a radiação micro-ondas não deve causar câncer, mesmo nesta situação”, Amarante diz.
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Esquentar comida no micro-ondas causa câncer?
Juliana Nabarrete, nutricionista e membro do comitê de Nutrição da Abrale, diz que a radiação não ionizante é classificada como possivelmente cancerígena para os seres humanos. O Prof. Amarante acrescenta que, apesar disso, ainda não foi cientificamente comprovado que ela cause alteração nas moléculas das substâncias. Assim, é seguro consumir alimentos aquecidos no micro-ondas
Porém, devido à agitação das moléculas para realizar o aquecimento, há sim uma perda de nutrientes. Mas ela é similar a perda que acontece ao preparar um alimento no fogão.
“Vitaminas sensíveis ao calor – como a C e as do complexo B, apresentam perdas nas duas formas de preparo. A diferença entre os dois processos é o tempo gasto no preparo, que é muito menor no aparelho de micro-ondas. É possível que ocorra diferença nas características, como crocância ou cor, por exemplo”, Juliana compara.
Por outro lado, não é aconselhável colocar vasilha de plástico no microondas. Isso acontece porque alguns materiais plásticos são produzidos com substâncias como o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. O objetivo desses elementos é fazer com que o plástico fique mais resistente e mais rígido ou flexível, respectivamente.
Quando essas substâncias são aquecidas, esses compostos podem migrar para o alimento. Com isso, quando a pessoa comer aquela comida, estará, consequentemente, consumindo o BPA e os ftalatos.
O perigo é que esses produtos, dependendo da quantidade ingerida, podem causar câncer de mama, de fígado e de próstata. Além disso, podem ser responsáveis por problemas hormonais, redução na quantidade de esperma e atrofia testicular.
Dessa forma, antes de colocar um recipiente plástico no forno de micro-ondas, é preciso verificar no rótulo se ele pode ser aquecido.
“Talvez uma recomendação ainda mais segura seja de abolir completamente o uso de materiais plásticos no forno de micro-ondas. Eu já adoto esta prática em minha casa. A alternativa mais segura é colocar os alimentos em material cerâmico ou vidro pirex”, o Prof. Amarante aconselha.
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Comer comida de micro-ondas causa câncer?
Diferentemente de esquentar um alimento no micro-ondas, as refeições feitas para serem cozidas nesse forno são prejudiciais à saúde. Um exemplo, são as lasanhas e refeições congeladas que são compradas em mercados.
De acordo com Juliana, esse produtos são ultraprocessados e possuem uma quantidade de gordura e sal acima do recomendado. Isso, associado à falta de atividade física, pode levar à obesidade, um fator de risco para vários tipos de câncer.
Dessa forma, a preocupação com o consumo desse tipo de alimento deve ser maior que a preocupação se o micro-ondas causa câncer – o que, conforme já foi explicado, não é verdade.
“Se essa forma prática de preparo e/ou aquecimento de alimentos for utilizada de maneira ‘desordenada’ pode trazer malefícios à saúde”, Juliana Nabarrete finaliza.
ótima explicação
Obrigada pelo carinho!
Texto muito claro e com muita informação valiosa. Super recomendo ??
Olá, Elane, como vai?
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Abraços!