Qual exame detecta a leucemia?
Última atualização em 12 de março de 2024
Para fechar o diagnóstico desse câncer, é preciso fazer alguns testes, como hemograma, biópsia de medula óssea e testes genéticos. Exames de imagem são raros, mas podem ser utilizados em casos específicos
Entender qual exame detecta a leucemia é muito importante para que o paciente com suspeita dessa doença saiba por qual processo irá passar até fechar o diagnóstico. É preciso realizar alguns testes com o objetivo de identificar, detalhadamente, as características da célula doente. Além de os exames serem indispensáveis para descobrir esse câncer, eles também ajudam os médicos a saberem qual o prognóstico.
O diagnóstico de leucemia pode ter início quando uma pessoa faz um exame de rotina, geralmente o hemograma, e ele aponta algumas alterações. Ou ainda, pode acontecer a partir do desenvolvimento de sintomas, como febre, fadiga, sangramentos e perda de peso sem motivo aparente.
Diante da suspeita, o médico solicitará uma série de exames para confirmar se a pessoa está com esse câncer e para obter mais informações sobre a leucemia. Ou seja, se ela é mieloide ou linfoide, se é aguda ou crônica e se há alguma mutação genética específica presente.
Vale ressaltar que um médico especialista deve fazer a análise dos resultados dos exames e o ideal é que esse médico seja um onco-hematologista, isso porque a Onco-Hematologia é a área responsável por cuidar de cânceres do sangue.
Outro ponto para ter em mente é que nem todos os pacientes realizarão o mesmo processo e os mesmos exames. O médico verá e dirá quais são necessários para cada caso.
Qual exame detecta a leucemia?
- Hemograma completo
- Exames da medula óssea
- Testes genéticos e citogenéticos
- Exames de imagem
Hemograma completo
Geralmente, esse é o ponto de partida para levantar suspeita da leucemia.
O Dr. Ferdinando César, hematologista do INGOH (Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia), conta que, normalmente, o hemograma de uma pessoa com leucemia apresenta algumas alterações na série branca, na série vermelha e nas plaquetas, além de também trazer a informação da presença de células anormais.
“Então o paciente pode ter uma anemia, pode ter uma diminuição dos glóbulos brancos (leucopenia) e pode ter diminuição também das plaquetas. Isso é bastante sugestivo. Mas, além da diminuição das células normais, o hemograma também pode mostrar a presença de células doentes. Nós vemos isso por meio do aumento dos glóbulos brancos anormais. A presença de glóbulos brancos anormais pode ser, e costuma ser, detectada pelo hemograma e, a partir daí, vem a suspeita de uma leucemia”, o Dr. César descreve.
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Exames da medula óssea
Para identificar se é, ou não, leucemia, é fundamental fazer uma avaliação do funcionamento da medula óssea. Isso acontece porque esse câncer tem início neste órgão, a partir de mutações genéticas que fazem os glóbulos brancos não desempenharem seu papel de proteção.
Para essa análise, é preciso fazer a coleta de uma amostra da medula óssea e o Dr. César explica que podem ser feitas diversas análises a partir desse material. Dentre os exames de medula mais usados para leucemia estão o mielograma e a biópsia de medula óssea.
No mielograma é feita uma punção para colher apenas o sangue de dentro da medula. Já na biópsia de medula óssea, utiliza-se uma agulha específica (e maior) para retirar um pequeníssimo fragmento de osso e, assim, avaliar a arquitetura da medula óssea. Ambos os exames podem ser feitos na região do osso da bacia ou no esterno (osso do peito).
Com esse material coletado, é feito um estudo de imunofenotipagem para identificar as principais características das células doentes. É ele quem define o diagnóstico de leucemia.
“O exame de imunofenotipagem é extremamente relevante, porque ele vai definir qual linhagem está afetada pela leucemia. Nós temos dois grupos grandes de leucemia: as linfoides e mieloides. Ele também ajuda bastante para definir o estágio de maturação da célula doente. Dependendo do estágio de maturação, a gente pode classificar a leucemia como 1) uma leucemia crônica, onde as células doentes são células maduras, ou 2) uma leucemia aguda, na qual as células doentes são, na verdade, células imaturas, chamadas de ‘blastos’”, o especialista informa.
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Testes genéticos e citogenéticos para leucemia
Há algumas alterações genéticas que são definidoras da leucemia, isto é, que apontam a presença desse tipo de câncer. Mas, além do papel no diagnóstico, elas também têm sido utilizadas para avaliar o prognóstico, ajudam a definir o tratamento e acompanhar a resposta/resultado.
Dentre os principais testes utilizados estão o exame de cariótipo, o FISH (Fluorescence In Situ Hybridization), o sequenciamento de DNA e, na leucemia mielóide crônica (LMC), o exame PCR.
Tanto o FISH quanto o exame de cariótipo podem ser feitos com uma amostra de sangue periférico ou por meio de uma amostra da medula óssea. Já o PCR também pode ser realizado por meio do sangue periférico, mas há a possibilidade de fazer com uma amostra de sangue da medula óssea.
“Dentre os exames citogenéticos, o exame de cariótipo detecta uma quantidade razoável de alterações citogenéticas, que são alterações cromossomiais. Então, são alterações maiores, como perda de material de cromossomo, translocações ou amplificações. Só que usamos tanto o FISH, quanto o PCR, ou até mesmo outros métodos de sequenciamento de DNA, porque eles são mais específicos, eles conseguem detectar alterações moleculares. São mutações específicas que, às vezes, o exame de citogenética não detecta. Por isso, a importância de associar esses métodos”, o hematologista esclarece.
O Dr. César ainda salienta que, na leucemia linfoide crônica (LLC), não é obrigatório realizar a biópsia de medula para realizar o estudo de imunofenotipagem. Nesses casos, o sangue periférico (exame de sangue) pode ser utilizado para a análise.
Na LMC, o PCR também é utilizado para avaliar o resultado do tratamento. Então, conforme a terapia vai trazendo resultado, menos células doentes são vistas no exame.
Exames de imagem
Não é comum que exames de imagem sejam utilizados para o diagnóstico de leucemia, mas há algumas situações raras em que eles podem ser úteis.
A primeira delas é caso o médico suspeite que a leucemia infiltrou o Sistema Nervoso Central (SNC). Já a segunda situação é para descobrir/avaliar a presença de massas no mediastino (região do tórax). Para a infiltração no SNC, o mais comum é fazer uso da tomografia computadorizada (TC), enquanto que para as massas no mediastino, pode-se usar a TC ou o raio-X.
“No entanto, os exames de imagem não fazem parte da avaliação padrão, eles são usados dependendo do achado de cada paciente”, o Dr. Ferdinando César ressalta.
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