Leucemia mieloide aguda tem cura?

Última atualização em 28 de março de 2024
Entenda as chances de cura, os diferentes subtipos e terapias disponíveis para tratar essa doença
A leucemia mieloide aguda tem cura, mas as chances variam de acordo com as características da própria doença e também do paciente. Atualmente, há uma série de tratamentos e protocolos terapêuticos que podem ser utilizados de acordo com as necessidades de cada caso e que possibilitam o controle ou a eliminação da doença.
Também conhecida pela sigla LMA, essa é uma patologia que tende a ter uma evolução rápida, por isso diagnosticá-la precocemente e iniciar o tratamento o quanto antes são fatores cruciais na busca pela cura. Foi o que aconteceu com a influenciadora e Youtuber Fabiana Justus.
Fabiana foi diagnosticada com LMA no final de janeiro de 2024 e, logo após o diagnóstico, já ficou internada para dar início ao tratamento.
“Eu fui diagnosticada com leucemia mieloide aguda e o nome assusta, tudo assusta, mas eu estou nas mãos de um super médico e muito bem assistida. As coisas foram muito rápidas, até pela característica da doença e a forma que tem que ser o tratamento. Eu vim para o pronto socorro por conta de uma dor nas costas esquisita e febre e desde então eu não saí mais, eu já internei, fiz o exame para entender o que era, coloquei o cateter e comecei a quimioterapia”, Fabiana compartilhou em suas redes sociais.
Receber esse diagnóstico realmente pode ser assustador, mas o Dr. Volney Vilela, Coordenador da Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, conta que “a boa notícia é que, embora a LMA seja uma doença muito agressiva e de mortalidade e morbidade muito alta, ela sim tem cura.”
Leucemia mieloide aguda tem cura?
A possibilidade de cura da LMA varia conforme algumas características da própria doença e também do paciente. Para os casos em que o prognóstico é favorável, as chances giram em torno de 60/70%, já para os casos com prognóstico desfavorável, as chances estão próximas a 30/40%.
Subtipos
A LMA é dividida e classificada conforme as alterações citogenéticas e de alterações moleculares presentes. O Dr. Vilela conta que o tipo de mutação genética, e portanto o subtipo de LMA, pode influenciar nas chances de cura.
“Aqueles tipos de leucemia com alteração no gene TP53, leucemias com a mutação FLT3, mutação no NPM1, leucemias que são derivadas de uma alteração prévia na medula óssea denominada mielodisplasia, leucemias que vêm depois de um tratamento com quimioterapia ou radioterapia são mais difíceis de serem curadas”, ele descreve.

Isso acontece porque essas doenças, na maioria das vezes, têm uma maior resistência à quimioterapia tradicional, o que faz com que elas tenham uma menor resposta e apresentem uma maior probabilidade de recidiva (de reaparecer).
Outro subtipo de LMA que o Dr. Vilela destaca como desafiadora é a leucemia promielocítica aguda, antigamente conhecida como LMA M3. Essa doença faz com que a pessoa possa ter hemorragias graves e, por isso, o tratamento dela é feito de forma diferente dos outros tipos de LMA.
“Quando você tem a oportunidade de identificar melhor o seu inimigo por meio das alterações citogenéticas – eu costumo falar que a gente está em uma batalha, em uma guerra contra a leucemia. Então, quanto melhor você conhece o seu inimigo, melhor você pode combatê-lo, melhor você sabe escolher as armas para combatê-lo”, o especialista comenta.
Características e idade do paciente
Pacientes mais idosos ou com outras condições médicas, como insuficiência cardíaca, doença renal avançada e pacientes que também têm algum outro tipo de câncer, podem ter dificuldades em tolerar tratamentos, o que diminui suas chances de cura.
Por outro lado, pacientes mais jovens, sem comorbidades significativas e com função renal e hepática normais, geralmente têm um prognóstico mais favorável.

Porém, o Dr. Vilela salienta que o resultado do tratamento está ligado à biologia tumoral, isto é, mesmo um paciente com comorbidades, se ele tiver uma doença de prognóstico favorável, é possível alcançar a cura.
Leucemia mieloide aguda em idosos tem cura?
Para a maioria dos casos, o tratamento da LMA em idosos não tem o objetivo de curar a doença, mas sim controlá-la e oferecer uma boa qualidade de vida para o paciente. Geralmente, para essas pessoas, utiliza-se uma terapia de baixa intensidade.
“Embora esses tratamentos não sejam feitos com intenção curativa, os pacientes podem ficar um bom tempo em resposta completa, e com uma qualidade de vida muito favorável”, o médico esclarece.

Mas, ele ainda comenta que, por conta do avanço na Medicina, atualmente é possível realizar alguns tratamentos que antigamente não se podiam. Um exemplo disso é o caso do transplante de medula óssea alogênico (TMO) que, antigamente, só era feito em pacientes com menos de 70 anos e agora pode ser realizado em pessoas que estão na faixa etária dos 70.
“Com a evolução da técnica do TMO, hoje podemos aplicar os transplantes de baixa intensidade, os chamados RIC, nos quais usamos uma quantidade menor de quimioterapia. Isso vale até mesmo para os pacientes de 70 anos, quando têm um índice de comorbidade que permite se submeterem a esse transplante de baixa intensidade. Assim, podemos curá-los.”
Qual é o tipo de leucemia mais grave?
A gravidade da doença determina o tratamento, mas, nem sempre quer dizer que aquele câncer é mais perigoso
Tratamento para leucemia mieloide aguda
As principais terapias que existem hoje em dia são a quimioterapia, as drogas-alvo e o transplante de medula óssea alogênico.
Para casos de pacientes jovens em que a LMA tenha um prognóstico favorável, o Dr. Vilela conta que o tratamento inclui quimioterapia de indução e de consolidação. Já para casos com prognóstico desfavorável, faz-se quimioterapia de indução e TMO como consolidação.
Para a leucemia promielocítica aguda, deve-se fazer o tratamento utilizando um medicamento chamado ácido trans-retinóico (ATRA) em associação ao trióxiodo de arsênico (ATO).
Em situações nas quais foram identificadas determinadas mutações genéticas, como é o caso da leucemia com mutação no gene FLT3, pode-se fazer o uso da terapia-alvo.
Já para pacientes idosos, deve-se fazer uso de terapias de baixa intensidade, como mencionado anteriormente. O mais comum é contar com a combinação de dois medicamentos, normalmente venetoclax e algum agente hipometilante (azacitidina ou decitabina) ou ainda com o TMO autólogo RIC (Reduced-intensity conditioning ou, em português, condicionamento de baixa intensidade).
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Já para pacientes idosos, deve-se fazer uso de terapias de baixa intensidade, como mencionado anteriormente. O mais comum é contar com a combinação de dois medicamentos, normalmente venetoclax e algum agente hipometilante (azacitidina ou decitabina) ou ainda com o TMO autólogo RIC (Reduced-intensity conditioning ou, em português, condicionamento de baixa intensidade).
De acordo com o Panorama de LMA realizado pelo Observatório de Oncologia, entre 2018 e 2022, foram realizados 57 mil procedimentos no Sistema Único de Saúde para pacientes com esse tipo de câncer. 98% das pessoas iniciaram o seu tratamento em menos de 24 horas.
Dos pacientes que foram submetidos à quimioterapia, 16% tinham entre 10 e 19 anos e 13% entre 60 e 69 anos. Foram investidos 134 milhões de reais para realizar esses procedimentos.
Ao longo desse período 45.209 pacientes foram internados (com permanência média de 11 dias) e 1.309 transplantes foram realizados.
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Que matéria incrível!
Sou Paciente LMA com mutação no gene FLT3. A Abrale sempre esclarece muitas curiosidades sobre o tratamento, e traz muito conhecimento ❤️
Não perco uma matéria!
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