Conheça o “fungo negro”, um tipo de infecção bastante perigosa
Última atualização em 28 de julho de 2021
Entenda qual a relação da mucormicose com a COVID-19 e porquê pacientes de leucemia, recém transplantados e que fazem uso de corticoide precisam estar atentos
A mucormicose, popularmente conhecida como “fungo negro”, é uma doença fúngica angio invasiva, ou seja, que invade o interior dos vasos sanguíneos. Ela recebeu esse nome, pois pode causar necrose, deixando a pele escurecida. Sabe-se que esse fungo está presente no mundo desde 1865, mas devido ao aumento repentino do número de casos nos últimos meses, a maioria em pessoas que contraíram a COVID-19, essa patologia vem chamando a atenção. Dentre as pessoas que estão no grupo de risco para esse superfungo estão pacientes de leucemia, transplantados de medula óssea e pessoas que utilizam corticoides.
Em maio de 2021, médicos na Índia relataram um aumento significativo no número de casos de mucormicose. A maioria dos infectados eram pacientes que contraíram o novo coronavírus ou haviam se recuperado recentemente da doença.
De acordo com o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), houve um aumento de notificações do superfungo em 2021. O Ministério da Saúde havia recebido, até o dia 14 de junho, aviso de 49 pessoas com “fungo negro” no Brasil. Dessas, 19 eram pacientes com COVID-19.
Apesar da letalidade da doença ser alta, entre 40% e 70%, sua chegada acende um alerta, entretanto não representa perigo de gerar uma epidemia.
“A infecção, geralmente, acontece por via inalatória. Os fungos da mucormicose, denominados mucorales, são ubiquitários, presentes no ar, água poluída e matéria orgânica em decomposição”, explica Flávio.
Uma vez que a pessoa inala o fungo, ele invade os vasos sanguíneos e pode provocar necrose nas áreas acometidas. Dentre os possíveis locais que a necrose acontece estão a pele, olhos, boca e até mesmo o cérebro ou pulmão.
Entretanto, o infectologista pontua que pessoas saudáveis não costumam adoecer por conta do fungo negro. Já os indivíduos com fatores de risco, sim.
Fator de risco para a mucormicose
“Ela acomete, principalmente, diabéticos descompensados, portadores de câncer, leucemia, pessoas que fizeram transplante de medula óssea (TMO) ou de órgãos sólidos e indivíduos sob corticoterapia”, diz o especialista.
O motivo para pacientes oncológicos, especialmente com leucemia, fazerem parte do grupo de risco é devido à neutropenia que essas pessoas podem apresentar. Isto é, a quimioterapia causa diminuição dos glóbulos brancos, que são responsáveis pela defesa do organismo, deixando a imunidade fraca.
Por isso, esses indivíduos são considerados imunossuprimidos. Dessa forma, caso elas tenham contato com o fungo negro, o sistema imune não tem “força” para combater esse agente, levando ao adoecimento.
O mesmo vale para o corticoide. Esse é um medicamento anti-inflamatório, que pode ser utilizado para tratar diversas doenças, inclusive alguns tipos de câncer e a própria COVID-19. Entretanto, ele também suprime a imunidade do indivíduo.
No caso dos pacientes que realizaram TMO, eles também são considerados imunossuprimidos. Isso acontece porque, para realizar o transplante, essas pessoas são submetidas a um protocolo de quimioterapia que atinge profundamente o sistema imunológico. Por isso, esses indivíduos, tradicionalmente, já precisam tomar cuidados específicos e até ficar um período em isolamento.
“Essa população deve se preocupar com vários fungos oportunistas: Aspergillus, Candida, Fusarium e Mucorales. As equipes de transplantadores, às vezes, usam antifúngicos profiláticos para as micoses mais comuns, mas, para Fusarium e Mucorales não há profilaxia”, Flávio conta.
Em relação à COVID-19, como comentado acima, um dos protocolos utilizados em hospitais é a administração do corticoide em altas doses. Mas, além disso, muitos pacientes com coronavírus que são internados têm diabetes, que também é um dos fatores de risco para a mucormicose.
“Menos frequentemente, indivíduos sem doenças de base, podem adquirir mucormicose quando vítimas de desastres naturais (terremotos, tsunamis, enchentes e afins) ou artificiais (conflitos armados, acidentes automobilísticos etc)”, acrescenta o infectologista.
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Como se prevenir da mucormicose?
A prevenção da mucormicose pode ser feita evitando a exposição a ambientes úmidos com mofo ou bolores e evitar situações com grande deslocamento de ar, por exemplo reformas, demolições etc.
Para pessoas neutropênicas, Flávio indica o uso de máscaras de proteção.
Sintomas do “fungo negro”
Os sintomas da mucormicose variam de acordo com a forma clínica, mas os mais comuns são:
- Febre
- Dor facial (nas maçãs do rosto)
- Edema na face
- Alterações visuais
- Sintomas neurológicos (quando acomete o cérebro)
- Tosse, falta de ar, dor torácica e secreção nasal com sangue (quando acomete os pulmões)
A forma pulmonar é a segunda mais frequente e o quadro é semelhante à uma pneumonia aguda.
Quando a doença acontece na pele e está em estágio mais avançado, há o aparecimento de necrose, lesões bem escuras, e até hemorragia. Vale ressaltar que essas lesões originaram o nome popular fungo negro ou preto.
Flávio conta que a evolução costuma ser muito rápida em pessoas que fazem parte do grupo de risco. Entretanto, esse tipo de fungo não é tão comum e frequente no Brasil e no resto do mundo, com exceção da Índia.
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Diagnóstico do “fungo negro”
Para identificar a presença da doença do “fungo negro”, devem ser realizados exames de imagem, como ressonância magnética do crânio (para analisar o cérebro) e tomografia do tórax e seios da face. Além disso, faz-se uma biópsia para colher uma amostra do tecido suspeito e levá-la para exame micológico direto, cultura e histopatologia.
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Tratamento da mucormicose
Flávio Telles explica que o tratamento da mucormicose é feito com o controle da doença de base ou diminuição das drogas imunossupressoras (como o corticoide), ressecção cirúrgica dos tecidos necrosados e administração das drogas antifúngicas. Por exemplo, Anfotericina B lipídica, Isavuconazol ou, menos frequentemente, Posaconazol.
Ele salienta que o diagnóstico precoce é essencial para a cura e que o método terapêutico é o mesmo para pacientes com ou sem COVID-19.s
Bom dia. Fui infectado pelo MUCORMICOSE em Nov/2018. Fui internado em UTI no Hospital Sirio Libanes por 3 meses. Após, mais 1 mes em São Carlos e mais 1 mes em Ribeirão Preto. Sobrevivi apesar dos prognosticos negativos na epoca. Ele atacou a face esquerda. Tive que remover o olho esquerdo. Perdi a sensibilidade da face, perdi o ouvido esquerdo, tive complicações e em decorrencia, perdi a voz, fiz Traqueostomia, e não consigo deglutir até hoje. Em decorrencia tambem, tenho excesso de produção de saliva e uso sonda gastrica. Meu sonho é voltar a deglutir ou pelo menos reduzir a formaçao de saliva que me atrapaplha muito tanto socialmente quanto no trabalho. Tenho 65 anos. Já tentei, Ozonio, Hipnose, Canabidiol, Acumpuntura, Eletro choques, etc. Estou disponivel caso queiram estudar o meu caso. [email protected].