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Cirurgia para linfoma: por que não é um tratamento?

Médica analisando um caroço no pescoço de uma senhora
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Última atualização em 14 de setembro de 2022

Retirar cirurgicamente os linfonodos aumentados pode parecer uma solução prática para se livrar da doença. Mas, não é bem assim que funciona

A cirurgia para linfoma não é uma opção eficaz para alcançar a remissão e cura desse tipo de câncer. Mas, o procedimento tem papel importante no momento do diagnóstico e pode ajudar a aliviar alguns sintomas causados pelo aumento do linfonodo.

Cirurgia no diagnóstico de linfoma

A biópsia do linfonodo aumentado é parte fundamental para o diagnóstico de linfoma e, para que esse material possa ser retirado para análise, faz-se uso da cirurgia. Isso acontece porque, a classificação do linfoma depende cada vez mais das características imunofenotípicas, genéticas e moleculares do tumor, além da arquitetura do tecido.

Biópsia para diagnóstico de câncer

A biópsia aberta ou cirúrgica permite o exame histológico de todo o tecido do linfonodo e isso fornece informações fundamentais para o diagnóstico e classificação de linfomas. Principalmente com relação à arquitetura do linfonodo doente. Diminuindo muito a chance de falsos negativos”, o Dr. Pedro Amoedo Fernandes, onco-hematologista do Hospital Nove de Julho, pontua. 

É importante saber que a coleta do material para biópsia não deve ser feita por meio da punção com agulha grossa. Essa técnica “fornece tecido para estudos imunofenotípicos, genéticos e moleculares, mas pode falhar com algumas informações sobre a arquitetura nodal”, alerta o médico.

Dessa forma, o ideal é que seja feita a retirada de um pedaço do linfonodo afetado. 

Cirurgia para tratar os linfomas

O Dr. Fernandes afirma e salienta que a cirurgia tem um papel muito restrito no tratamento de linfoma.

“Estudos demonstram que há uma baixa eficácia para induzir a remissão completa no paciente e é alta a taxa de recidiva só com a terapia cirúrgica. E o procedimento agregaria riscos sem grandes benefícios de aumento de remissão se combinado com quimioterapia ou radioterapia”, explica. 

Médicos fazendo cirurgia para linfoma no pescoço

A American Cancer Society prevê que a cirurgia para os linfomas, retirando apenas os linfonodos doentes, como uma forma de terapia para remissão, pode ser uma opção em duas situações. A primeira, é quando a doença se inicia em certos órgãos fora do sistema linfático e não se espalha para além desses órgãos. Por exemplo, baço, estômago e tireóide. 

O médico esclarece que isso acontece porque a esplenectomia (retirada do baço) é uma alternativa aceitável caso o câncer esteja isolado nesse órgão e o paciente apresente seu aumento, bem como sintomas graves localizados, como dor abdominal e saciedade precoce. 

Já no caso da tireóide, a cirurgia se limita a obtenção do material para biópsia. O tratamento em si é feito com quimioterapia e/ou radiação. E, por último, para  o linfoma gástrico, na maioria das vezes, o protocolo de terapia utilizado conta com a erradicação da H-pylori  e radioterapia.

Assim, apesar de existir a indicação para tratar um linfoma que está completamente restrito a um órgão, geralmente, há uma preferência por realizar a radioterapia em vez do procedimento cirúrgico.

A segunda situação na qual a American Cancer Society prevê a cirurgia é como primeiro tratamento para o linfoma de Burkitt em crianças. Entretanto, somente se ele estiver localizado em uma região, para tentar remover o máximo possível do tumor.

Entretanto, o onco-hematologista ressalta que esse tipo de linfoma é extremamente sensível à quimioterapia. Ou seja, o procedimento invasivo não é uma técnica bastante utilizada nesses casos.

“Com a quimioterapia, crianças com linfoma de Burkitt em estágio inicial (I ou II) têm sobrevida livre de progressão próximo a 98% em quatro anos”, ele informa.

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A cirurgia pode ser benéfica para o paciente de linfoma em situações específicas

O Dr. Fernandes enfatiza que o principal momento é quando o linfonodo está comprimindo outros órgãos e gerando sintomas compressivos graves. Por exemplo, uma massa linfonodal com compressão da medula espinhal, resultando em perda de movimento.

Homem com dor nas costas por conta de um linfonodo aumentado

Outra circunstância na qual a cirurgia seria uma opção aceitável, entretanto rara, é para pacientes com linfoma em estágios extremamente iniciais. Mas isso somente é válido se a doença foi totalmente retirada no momento da biópsia diagnóstica e se há uma necessidade de evitar radioterapia ou quimioterapia por conta dos efeitos colaterais. 

“Essa escolha deve ser individualizada e deve refletir as preocupações e desejos do paciente e /ou família. Então, alguns pacientes poderiam se beneficiar da cirurgia para evitar um tratamento de primeira linha com eventuais toxicidades. Mas são casos muito selecionados e raros”, o Dr. Pedro Amoedo Fernandes reforça. 


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[…] primeiro passo é falarmos sobre a cirurgia7, que, para muitas pessoas, pode ser vista como um tratamento para a grande maioria dos cânceres, […]

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