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Eu amo meu pet! Estar com animais pode ajudar

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Conviver com animais durante o tratamento do câncer pode trazer ao paciente conforto, segurança, bem-estar e força

 A vivência entre seres humanos e animais é bem mais antiga do que pensamos…

Por volta de 3 mil a.C., o homem passou a cultivar a terra e a viver da criação de bois e galinhas, por exemplo. O vínculo entre esses seres se transformou, então, de caça-predador para o de dependência. E até mesmo proteção (quando o homem se aproxima de lobos, cavalos e ovelhas, por exemplo).

Com o passar dos milhares de anos, essa relação evoluiu tanto que hoje nós enxergamos nos animais de estimação (e até me arrisco a dizer, em todos os bichos) uma extensão de nossas famílias, com o mesmo amor puro e confiança.

E como prova disso estão os resultados de uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, em parceria com o Centro de Pesquisa Waltham e o professor doutor Ricardo Dicas, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP: os pets representam uma parte essencial da sociedade e fornecem um apoio valioso em facilitar a interação humana e os contatos sociais, além de proporcionar companhia.

Outros pontos importantes apontados no estudo foram que pessoas que possuem animais de estimação têm respostas fisiológicas mais saudáveis ao estresse, à frequência cardíaca e pressão sanguínea de base mais baixas. Além de também apresentarem altos picos de oxitocina (hormônio responsável pelo desenvolvimento da empatia), ao interagirem com um pet.

Mas você deve estar se perguntando: e no tratamento oncológico, os animais também podem ajudar? E a resposta é SIM.

“Nós somos seres únicos, singulares, totais e muito complexos. Nesse sentido, corpo e mente são um só e estão em constante interdependência. Se considerarmos que para esses pacientes estar junto do seu bichinho os proporciona sensações de segurança, bem-estar e conforto, por exemplo, o corpo irá manifestar reações semelhantes: relaxamento do tônus muscular, regularização do ritmo cardíaco e pressão sanguínea, alívio da dor, entre outros. Além disso, devemos lembrar que os animais vêm auxiliando na nossa recuperação física e mental pelo menos desde o século IV a.C., quando utilizávamos o cavalo para tratamento de insônia, epilepsia, casos de paralisia e melhora de tônus muscular”, explica a psicóloga Ariadne L. Possibom.

Porém, em períodos de internação hospitalar ou até mesmo por restrições, devido à baixa imunidade, por exemplo, é possível que o médico peça para que o paciente fique longe de animais. E neste momento será necessário saber lidar com esta nova situação.

“Essa relação será incrível quando for saudável, ou seja, equilibrada. Sim, confiamos, amamos, protegemos e dependemos tanto física quanto psíquica e emocionalmente dos nossos bichinhos de estimação. Mas isso só não acarretará prejuízos a nós e nem aos nossos animaizinhos, se não deixarmos de atender as nossas próprias demandas ou as do mundo, como o tratamento oncológico, por exemplo”, diz Ariadne.

Terapias Assistidas por Animais

O objetivo é inserir o animal na vida de pacientes em tratamento para que ele se torne parte do processo de cura e melhora dos quadros de saúde dos assistidos. O animal não precisa ser de uma espécie ou raça específica (embora o uso de cães seja o mais comum). Mas, eles devem passar por uma avaliação de comportamento e controle de saúde.

“Atualmente a importância do bicho de estimação para a recuperação física, mental e emocional do paciente tem sido bastante reconhecida no cenário da saúde. Apesar dessa importância ainda carecer de maior difusão, alguns hospitais permitem a presença de objetos relacionados ao bichinho no quarto dos pacientes. Por exemplo, fotos e coleira, e podem até mesmo permitir visitas eventuais dos seus bichinhos. Sugiro que o paciente e seus familiares conversem com o médico responsável pelo caso, bem como com o Centro de Controle de Infecções Hospitalares da instituição, solicitando essas possibilidades. Também existem ongs especializadas neste serviço e que com certeza poderão ajudar durante o processo”, comenta a psicóloga Ariadne.

 Depoimento

“A Lolita foi o meu maior presente”

 Vanessa Nilo é paciente de linfoma de Hodgkin e viu sua vida transformada com a chegada de sua cachorrinha

“Descobri que tinha um câncer bem no dia do meu aniversário, 8 de agosto de 2012. Me lembro da sensação de medo, ansiedade, questionamentos, tristeza. Mal sabia que iria viver dias longos de lutas e batalhas, mas de superação também. câncer; linfoma; terapia com animais; animais; pet

Antes do diagnóstico do LH, eu tinha uma vida agitada. Trabalhava na área de saúde indígena, e chegava a ficar em aldeias um mês inteirinho. Mas após descobrir o linfoma, minha rotina passou a ser casa e hospital. Fiquei muito sedentária. Mas foi em agosto de 2016 que tudo mudou!

Estava em remissão parcial da doença quando a Lolita, minha cachorrinha da raça ShihTzu, chegou para tornar os meus dias bem melhores. Com ela, sinto que passei a ter o que pensar. Até mesmo criei forças para tornar o meu dia a dia diferente. Por exemplo, os passeios diários me tiraram do sedentarismo. Hoje também não passo mais o tempo todo deitada, sem vontade de fazer as coisas. Ela não deixa! A todo momento quer brincar, quer carinho, atenção. E quer saber? Eu amo dar tudo isso para ela. A Lolita é como uma filha para mim.

Ter uma cachorrinha também me fez conhecer pessoas e criar novas amizades. Hoje, participo de um grupo no WhatsApp e sempre marcamos encontrinhos mensais.

Atualmente, espero a resposta do meu plano de saúde para realizar um transplante de medula óssea autólogo. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Lolita foi o melhor presente que ganhei em meio essas tribulações”.


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