Pensando na janta ou no almoço de Natal e não sabe o que fazer? Esclarecemos as dúvidas mais frequentes sobre o que pacientes podem, ou não, comer nessa época do ano!
Escrito por: Natália Mancini
Fazer uma ceia de Natal para quem tem câncer, em geral, não tem muito segredo. O ideal é pensar em alimentos mais saudáveis e em preparos menos gordurosos. Não há nenhum prato totalmente proibido, mas é preciso prestar atenção nos ingredientes escolhidos.
“Proibição e alimentação não deviam estar mais na mesma frase”, Juliana Nabarrete, nutricionista especialista em Oncologia e membro do Comitê de Nutrição da Abrale, diz
Ela comenta que o importante, na hora de preparar a ceia de Natal, é buscar alimentos de boa procedência e que caibam no orçamento da família. O principal é “montar preparações que tragam boas lembranças e nutram o corpo e a alma.”
A nutricionista apenas aconselha a tomar cuidados para manter as comidas em temperatura adequada, cobrir os pratos, para “evitar que insetos pousem nos alimentos e comer com calma, aproveitando o momento.”
Dúvidas sobre ceia de Natal para quem tem câncer
Quem tem câncer pode comer Chester?
Juliana relembra que o Chester é um frango geneticamente modificado para ter mais carne na região do peito e das coxas. “Daí o nome Chester, que vem do inglês chest e quer dizer peito”, ela explica.
É muito comum que essa carne seja confundida com o peru de Natal. Então, é válido saber que a grande diferença é a origem e o tamanho da ave.
“O peru é uma ave maior, originária da América do Norte, parente do faisão. O peru foi levado para a Europa pelos portugueses, caiu no gosto da realeza e foi inserido como prato típico das festas de final de ano”, a especialista explica.
Ela pontua que, em relação aos nutrientes, elas são bastante semelhantes. A única coisa é que o Chester pode levar mais ingredientes, como sal, e, quando eles são consumidos em excesso, podem fazer mal à saúde.
Mas, “por se tratar de um consumo pontual, não tem problema consumir Chester ou peru”, esclarece.
Quanto a como preparar um Chester ou peru, o mais indicado é assar as aves, podendo acrescentar frutas cítricas, como laranja ou abacaxi, e legumes, como tomate, batata, cebola.
Há um ponto fundamental! O paciente deve “evitar consumir a pele de qualquer uma das aves, pois nela está concentrada a maior parte de gordura presente no alimento”, Juliana orienta.
Ainda falando de carnes, mas agora focando nos suínos, a carne de porco não é totalmente proibida. Porém, é fundamental escolher cortes que tenham menos gordura, por exemplo o lombo. Também é indispensável que a carne seja bem preparada, sendo cozida ou assada por completa, sem deixar nenhuma parte crua.
“Costumamos confundir o lombo e o tender de Natal com alimentos embutidos como linguiça e salsicha, que possuem muita gordura, sal e aditivos químicos. Mas a carne de porco contém grande quantidade de vitaminas, que contribuem para uma melhor cicatrização. É, ainda, uma importante fonte de proteína, já que contém todos os aminoácidos essenciais para a manutenção da saúde do organismo como um todo”, a especialista fala.
Faça furos no lombo com uma faca e coloque numa assadeira. Numa tigela misture os temperos: os alhos amassados, sal e pimenta do reino a gosto, a aguardente, o suco de laranja, o suco de limão, as folhas de sálvia e de louro.
Verta essa mistura sobre o lombo, cubra com plástico filme e reserve na geladeira por 6 horas ou de um dia para o outro.
Após o tempo indicado espalhe a manteiga em pedaços por cima da carne. Cubra com papel de alumínio e asse no forno a 200°C, preaquecido, por cerca de 1 hora e meia. Depois retire o papel alumínio e deixe o lombo no forno até dourar.
Retire este lombo de porco assado da assadeira, fatie e sirva em seguida
Dica: A cada 15-20 minutos levante o papel alumínio e regue o lombo com o próprio caldo da assadeira, para evitar que ele fique ressequido.
Sim! Mas, o aconselhado é optar pelos queijos menos gordurosos, como o queijo branco, ricota ou cottage.
De acordo com a nutricionista, outros queijos, por exemplo, prato ou cheddar, que são mais gordurosos, não devem ser consumidos em excesso. Para quem gosta de tipos como o brie, gorgonzola e roquefort, que levam fungos na sua formulação, a orientação é ter um cuidado extra em relação à qualidade, analisando bem o cheiro, textura e sabor.
“Lembrando que este fungo é permitido para consumo, ou seja, não é prejudicial à saúde”, a nutricionista explica.
Ela ainda aconselha que por conta do queijo ser um aperitivo bastante comum nessa época do ano, o melhor é deixá-lo guardado na geladeira até o momento de comê-lo e, ao colocá-lo na mesa, deixá-lo sob um recipiente com gelo.
Outras comidas tradicionais de Natal
Aqui, vamos falar da polêmica uva-passa no arroz e das queridinhas castanhas, nozes, avelã, uva-passa, rabanada.
Novamente, não há nenhuma proibição! A questão é somente tomar cuidado na hora de comprar as oleaginosas (castanhas, nozes e avelã). Juliana conta que o ideal é evitar comprá-las à granel, pois, dessa forma, há um maior risco de os alimentos estarem contaminados, já que não é possível saber como eles são armazenados.
Já a rabanada, ela fala que “apesar de ser uma preparação que usa muito óleo no preparo, se consumida em pequena quantidade não tem problema fazer parte da alimentação neste momento.”
Na ceia de Natal para quem tem câncer, uma opção para reduzir a quantidade de óleo no preparo é fazer a rabanada na airfryer.
Pré-aqueça a Airfryer a 200ºC. Em um recipiente, misture o Leite NINHO, as 2 colheres (sopa) de açúcar e a essência de baunilha. Reserve.
Corte os pães em fatias de 3 cm de espessura. Passe cada uma na mistura de leite e, em seguida, na mistura de ovos. Escorra o excesso, coloque as fatias uma ao lado da outra na cesta da fritadeira e ajuste o timer para cerca de 10 minutos.
Repita o processo até ter terminado com as fatias. Sirva
Juliana diz que a principal recomendação é evitar receitas que vão ovo cru e manter sempre os pratos em temperatura adequada, para garantir uma boa conservação.
Aí, surge outra dúvida frequente: quem faz quimioterapia pode comer chocolates? E a resposta é sim, principalmente se o chocolate tiver pouco açúcar na sua formulação e porcentagem de cacau acima de 60%.
“É importante ficar atento quando, após aquimioterapia, o paciente reclamar de náusea ou diarreia. Neste momento indicamos evitar grandes quantidades de chocolate”, Juliana alerta.
Uma segunda discussão frequente na época do Natal é se chocotone ou panetone é melhor. Para os pacientes que estão em tratamento do câncer, ambos estão liberados!
“Sempre que possível optar por opções mais caseiras, que têm processos como fermentação natural e ingredientes menos processados adicionados, controlando assim a quantidade de açúcar e gordura”, a nutricionista aconselha.
Quem tem câncer pode tomar bebida alcoólica?
Não é recomendado consumir álcool durante o tratamento do câncer. Isso acontece porque o álcool pode interferir no efeito de alguns medicamentos usados na quimioterapia, aumentando o risco de efeitos colaterais. Além disso, esse tipo de bebida também pode reduzir a absorção de nutrientes dos alimentos.
Mas, no caso de um brinde, na hora do jantar, ou até mesmo da virada do ano, Juliana diz que, em geral, “não vejo problema em permitir.”
Entretanto, ela pontua que essa é uma resposta geral, então é fundamental cada paciente conversar com o seu médico, nutricionista e farmacêutico. Assim, será possível entender se há riscos de afetar o efeito dos remédios, causar efeitos colaterais ou se poderá intensificar reações adversas, como a mucosite.
Juliana Nabarrete deixa uma mensagem sobre a ceia de Natal para quem tem câncer: “Festas de final de ano são momentos de confraternização e a alimentação tem um papel central em agregar pessoas. As tradições alimentares nestes momentos são diversas e é importante que o paciente e a família sigam suas tradições e aproveitem o momento à mesa para conversar, dar risada e comer sem culpa e sem aquela necessidade de ‘ter que comer tudo’. Experimentem os alimentos, percebam os sabores, os cheiros, as texturas, lembrem das experiências de outras festas de final de ano, este é um momento de reflexão, união e amor, e comida representa tudo isso e muito mais.”