Conheça o tratamento para LPA que não causa queda de cabelo
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Última atualização em 20 de fevereiro de 2025
A chance de cura da LPA de baixo e intermediário risco está entre 97% e 98%
Atualmente, nem todos os tipos de câncer são tratados com quimioterapias. Isso faz com que alguns deles possam ser tratados com medicamentos que não prejudicam células saudáveis do corpo e não causam efeitos colaterais típicos, como a queda de cabelo e o risco aumentado para infecções. Entenda como é o tratamento para a leucemia promielocítica aguda (LPA) e como ele faz com que as chances de cura estejam acima de 90%.
O que é a leucemia promielocítica aguda?
A leucemia promielocítica aguda (LPA) é um subtipo da leucemia mieloide aguda (LMA). Fabio Pires, médico hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein e dal BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a LPA é causada por uma troca entre uma parte do cromossomo 15 com uma parte do cromossomo 17. Isso forma um novo cromossomo que produz um material genético que não existe no corpo humano, o gene PML-RARA.
Segundo o hematologista, a proteína RARA existe no corpo humano, sem a fusão PML, para fazer com que a vitamina A consiga ser absorvida pelas células. Quando essa proteína se funde com o PML, a vitamina A não consegue entrar nas células, que sofrem com falta de ácido retinóico.
Qual o tratamento para LPA?
Pires conta que o tratamento para a LPA é feito com o ácido transretinóico (Atra) e o trióxido de arsênio. O Atra faz com que a proteína RARA volte a sua função original. Já o arsênico induz a proteína PML à degradação. “Os dois remédios, tanto o Atra como o arsênico, funcionam diferenciando a célula leucêmica e não matando a célula leucêmica, como uma quimioterapia convencional”, diz.
Isso faz com que o tratamento para LPA seja muito diferente do tratamento para LMA, apesar da primeira ser um subtipo da segunda. Segundo Pires, o tratamento com Atra e arsênico tem uma toxicidade diminuída quando comparada com a quimioterapia, por exemplo, utilizada no tratamento de LMA.
“Não cai o cabelo, não tem piora do hemograma, não tem risco aumentado de infecções, então é um tratamento maravilhoso porque ele consegue, com pouca toxicidade ter muita eficiência, que é uma combinação que, em geral, não vemos na Onco-Hematologia”, afirma.
A quimioterapia apenas é utilizada no tratamento da LPA de alto risco, classificação baseada na quantidade de plaquetas e leucócitos do paciente. Quanto mais alta a quantidade, pior o prognóstico do paciente. “O alto risco é aquele tem uma quantidade de leucócitos acima de 10 mil. O baixo risco e o risco intermediário tem leucócitos menores que 10 mil, sendo diferenciados pela contagem de plaquetas”, relata Pires.
Quais são os efeitos colaterais?
Apesar de menos tóxico, o tratamento para LPA também traz alguns efeitos colaterais como: alterações no triglicérides, nas enzimas do fígado, síndrome de hipervitaminose A, dores de cabeça, entre outros efeitos. Um efeito colateral importante, conforme o hematologista, é a síndrome de diferenciação do promielócito. O Atra e o arsênico, ao diferenciar a célula leucêmica, podem fazer com que o corpo produza proteínas que causam inflamações. Isso pode levar a ganho de peso, acúmulo de líquido, febre, falta de ar.
“É como se o paciente ficasse com uma infecção generalizada, mas não é uma infecção, é só uma inflamação que é decorrente da diferenciação maciça dos promielócitos. Essa é uma complicação clássica do tratamento, que acontece, em geral, entre os 10 e 20 primeiros dias. Eventualmente é preciso interromper o tratamento ou diminuir a dose”, explica Pires.
LPA tem cura?
Utilizando o tratamento com Atra e arsênico, as chances de cura da LPA de risco baixo e intermediário variam entre 97% e 98%. Já a doença de alto risco tem uma chance de cura entre 93% e 94%, segundo o hematologista.
Porém, Pires alerta que é importante iniciar o tratamento para a LPA desde o momento em que a pessoa desconfia ter a doença. Isso porque ela é a leucemia que mais causa hemorragias, de acordo com o médico, e uma das grandes causas de morte por LPA, atualmente, é a hemorragia.
“Desconfiou da LPA, inicie o Atra. Esse deve ser o tratamento que todo paciente com LPA deve realizar. Se por acaso não se confirmar o teste genético, você suspende o Atra e inicia o tratamento de leucemia convencional. O arsênio, em geral, a gente espera a confirmação do teste genético para iniciar”, conta.
APOIO:
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