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Transplante de medula óssea para leucemia mieloide aguda

Transplante de medula ossea para leucemia mieloide aguda
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Última atualização em 24 de maio de 2024

Conheça o tipo ideal, as indicações, os cuidados pós-transplante e como se tornar um doador compatível

Escrito por: Natália Mancini

O transplante de medula óssea para leucemia mieloide aguda pode ser indicado tanto para pacientes infantis, quanto adultos, desde que a doença seja considerada de risco intermediário ou alto, ou ainda se trate de uma recidiva. O mais comum é que seja feito o transplante alogênico, devido a sua maior eficácia, mas o autólogo também pode ser usado em um caso específico. É indispensável que a pessoa faça acompanhamento médico mesmo após a alta e sua recuperação por diversos motivos.

O transplante de medula óssea (TMO), também conhecido como transplante de células-tronco hematopoéticas, é um procedimento no qual as células doentes da medula óssea do paciente são substituídas por células saudáveis. Essas células saudáveis podem vir de um doador, nesse caso o tratamento é chamado de transplante de medula óssea alogênico, ou do próprio paciente, chamado de transplante de medula óssea autólogo ou autotransplante.

No caso do TMO alogênico, as células saudáveis podem ser obtidas de algumas formas. São elas: 

  • Por meio de doador 100% compatível, sendo que essa pessoa pode ser um familiar do paciente ou ser um voluntário cadastrado no REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea)
  • Com um doador 50% compatível que seja da família (geralmente, pai, mãe ou irmãos). chamado de transplante haploidêntico ou
  • Por meio das células-tronco presentes no cordão umbilical

É importante saber que, diferentemente do transplante de órgãos, o TMO não é uma cirurgia. Nesse caso, as células do doador são coletadas por uma punção no osso do quadril ou por aférese (diretamente da corrente sanguínea) e o paciente as recebe por um processo semelhante à transfusão de sangue. 

Transplante de medula óssea para leucemia mieloide aguda

Para a maioria dos pacientes de leucemia mieloide aguda (LMA) que necessitam realizar esse tratamento, é feito o TMO alogênico. Geralmente, há apenas um caso em que o autólogo é realizado.

O Dr. Fernando Barroso Duarte, presidente da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), e a Drª.Adriana Seber, vice-presidente da SBTMO, contam que o TMO é indicado para LMA quando a doença tem risco intermediário ou alto para recidivar, ou seja, para reaparecer, caso seja tratada somente com quimioterapia e, no caso da LMA infantil, quando a leucemia reaparece.

Transplante de medula óssea

“A LMA em crianças é uma doença que, habitualmente, é tratada com quimioterapia. Então, se a leucemia não vai embora com o tratamento quimioterápico, se ela reaparece ou em casos em que, no diagnóstico, já se avalia um alto risco de recidiva, fazemos o TMO”, a Drª. Adriana descreve.

Em relação ao tipo de transplante, o Dr. Fernando Barroso esclarece que o mais comum, entre os adultos, é realizar o TMO alogênico porque ele “é mais eficiente no ponto de vista de mieloablação e de ação imunológica, porque você consegue destruir aquela medula e consegue substituir por células sadias do doador.”

A Drª. Adriana complementa que há uma preferência pelo TMO autólogo somente no caso da leucemia promielocítica aguda, um subtipo de LMA. Porém, para que o procedimento possa ser realizado, é preciso que o paciente entre em remissão (quando a doença não pode mais ser detectada por meio de exames).

“Para todas as outras formas de LMA, quando se usa a medula da própria criança, a recidiva é muito alta. Então o indicado é fazer o transplante com o doador saudável, que é o alogênico”, ela diz.

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É importante encontrar um doador compatível

Para saber se as células do doador são compatíveis com as do paciente, usa-se uma análise da carga genética de ambos. Essa análise é conhecida pela sigla HLA (que significa, em português, antígeno leucocitário humano). 

Quando o doador não for um parente do paciente (não aparentado), é fundamental que o HLA seja de 100%. Já se for um parente próximo (aparentado), o HLA pode ser de 50%.

Doador de medula óssea compatível

“O transplante aparentado é quando o doador é da família, mas isso nós só encontramos entre 25-30% dos casos. Cerca de 70% dos pacientes precisam recorrer aos bancos de doador de medula óssea. No Brasil, nós temos o REDOME, que tem cerca de 5,7 milhões de pessoas cadastradas e que é o terceiro maior registro do mundo”, o Dr.Fernando fala.

De acordo com o especialista, o fato do doador ser aparentado, ou não, não interfere no resultado do transplante, mas que a idade é um fator a ser levado em consideração. 

“O doador não aparentado sendo bem selecionado (e sempre é), os resultados são comparáveis ao doador aparentado.  O importante é, por exemplo, se você tiver um doador familiar com idade mais avançada e tiver um doador não aparentado jovem, preferencialmente vamos fazer com o não aparentado jovem, porque sabemos que os resultados do transplante são melhores.”

Como é feito o transplante de medula óssea?

A Drª. Adriana detalha que o primeiro passo é o paciente ser internado para receber as medicações pré-transplante. Nesse momento, é administrado um protocolo de medicamentos quimioterápicos que, geralmente, inclui o bussulfano, a  fludarabina e a ciclofosfamida.

Como é feito o transplante de medula óssea

“Então, o paciente interna, faz a quimioterapia para a leucemia ir embora e, enquanto isso, o doador saudável vai para o centro cirúrgico fazer a coleta da medula, ou então é feita a coleta das células-tronco do sangue periférico”, a médica conta.

Depois disso, o paciente recebe as células saudáveis e espera-se a “pega da medula”, que é quando a medula do doador começa a “funcionar” no organismo do paciente e ele se recupera.

“As crianças ficam com neutropenia durante duas a três semanas e aí logo se recuperam e podem ter alta para continuar o acompanhamento do transplante em casa”, a especialista comenta.

Acompanhamento pós-TMO

Mesmo após receber alta, é fundamental que a pessoa realize o acompanhamento médico conforme o indicado, pois ainda há alguns riscos, além de ser necessário monitorar a leucemia em si e avaliar se a medula do doador assumiu completamente a do paciente. 

Paciente internado ao lado de um médico recebendo cuidados pós-transplante

Em relação aos riscos, os principais são a reativação do citomegalovírus, as infecções por bactérias multirresistentes e a doença do enxerto versus hospedeiro. Todas essas condições podem ser tratadas, porém, para isso, é indispensável que elas sejam diagnosticadas o quanto antes. Sendo que o tratamento pode incluir terapias para impedir a replicação viral, antibióticos de largo espectro e imunossupressores. 

Outra avaliação feita mensalmente ao longo dos primeiros meses é a quimera. Ela mostra quanto das células da medula óssea pertencem ao paciente e quanto ao doador. O objetivo é que as células do doador assumam a medula óssea.

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Mesmo após receber alta, é fundamental que a pessoa realize o acompanhamento médico conforme o indicado, pois ainda há alguns riscos, além de ser necessário monitorar a leucemia em si e avaliar se a medula do doador assumiu completamente a do paciente.

Transplante de medula óssea cura LMA

“Vemos nitidamente que os doentes adultos, que têm indicação e que precisam de um transplante, quando comparados aos que, na mesma situação, não conseguem ir para o transplante, a curva de sobrevida deles é completamente diferente. Quando bem indicado, o TMO é, sem dúvida, essencial”, o Dr. Fernando Barroso pontua.

Como ser doador de medula óssea

Se você quer ser um doador de medula óssea voluntário, é necessário seguir os seguintes passos:

Como ser um doador de doador de medula óssea

1) Ter de 18 a 35 anos

2) Estar em bom estado de saúde e não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação, como HIV/AIDS, hepatite C e câncer (veja a lista completa aqui)

3) Procurar o hemocentro mais próximo de você, portando um documento original com foto (veja a lista de hemocentros aqui)

4) Preencher um formulário com dados pessoais e, nesse mesmo dia, fazer a coleta de uma amostra de sangue para a análise de compatibilidade

É válido saber que, apesar do limite de idade para se cadastrar ser de 35 anos, a pessoa, depois de já estar no registro, pode ser doadora até os 60 anos.

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