DECH, um possível problema do transplante de medula óssea
Última atualização em 29 de julho de 2021
A doença do enxerto contra o hospedeiro pode acontecer após o transplante de medula óssea e causar alterações na pele e outros órgãos
“A doença do enxerto contra hospedeiro é uma reação imunológica desencadeada por linfócitos do doador. Eles reconhecem as células do receptor como estranhas e passam a agredir os órgãos do paciente”, explica o Dr. Celso Massumoto, onco-hematologista e coordenador do Centro de Transplante de Medula Óssea do Hospital 9 de Julho.
Ou seja, os linfócitos, células de defesa do corpo do doador, ao serem transplantadas passam a atacar as células do paciente, pois as consideram como uma ameaça. Por isso, a doença só pode acontecer em transplantes alogênicos aparentado e não aparentado, principalmente. Já que no autólogo são utilizadas células do próprio paciente.
“A incidência varia de 40% a 70%, dependendo do tipo de transplante. No transplante alogênico aparentado, a incidência é menor. Já no transplante não-aparentado, vindo de bancos internacionais, a incidência é maior e geralmente mais grave”, explica o Dr. Massumoto.
É possível que ela aconteça na forma aguda, até os 100 primeiros dias após o transplante, ou crônica, após esse período. Entretanto, vale ressaltar que uma DECH aguda pode aparecer de forma leve e depois evoluir para a crônica mais grave.
A DECH quer dizer que o transplante de medula óssea não funcionou?
Não! Esse problema acontece devido a uma resposta inflamatória dos linfócitos do doador. “A reação apenas indica que a medula óssea enxertada está funcionando adequadamente no hospedeiro”, diz o especialista.
Para controlar e curar essas reações, são utilizados corticoides com o intuito de impedir que os linfócitos continuem atacando o paciente. Além de inibidores de calcineurina para as alterações na pele, melhorando os sintomas. Já nas formas mais graves, são utilizadas novas drogas, como ruxolitinibe, fototerapia e pulso de corticoides. Isto é, altas doses do medicamento administradas diretamente na veia por um curto período.
Sinais da DECH
– Olhos secos, lacrimejamento, irritação e sensibilidade à luz;
– Pequenas lesões ou bolinhas na boca e na língua
– Lesões no genital ou ardor na região
– Unhas enfraquecidas e alteração na cor ou diminuição no volume do cabelo
– Diminuição do apetite, náusea e diarreia
– Alterações no fígado que são vistas, principalmente, por meio do exame de sangue
– Tosse e redução da capacidade respiratória
– Alterações na pele
Nem todos esses sinais irão se manifestar e nem sempre eles acontecem ao mesmo tempo.
Sobre as alterações na pele causadas pela DECH
O Dr. Massumoto conta que as principais alterações podem variar de uma vermelhidão (sistema eritema) até o aparecimento de bolhas de água. Entretanto, na forma crônica, aparecem fibroses na pele (esclerodermia), que é um endurecimento do órgão por perda de colágeno.
Outra possibilidade é a alteração na coloração da pele. Na maioria dos casos, há um escurecimento, entretanto ele tende a passar após o tratamento adequado. Já em outros pacientes, esse escurecimento pode evoluir para um vitiligo, branqueamento da pele causado pela perda da melanina.
É preciso tomar muito cuidado em relação a arranhões, batidas e afins, pois a pele pode sangrar e romper espontaneamente, podendo, inclusive, causar infecções.
A melhor forma de tratar essas alterações é com a fototerapia.
“Nesse tratamento, o paciente ingere uma substância (psoralen) e depois é exposto a uma lâmpada de ultravioleta. Essa luz bloqueia a ação dos linfócitos que estão agredindo o receptor”, finaliza o Dr. Celso Massumoto.
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