Plasmocitoma: o que é e qual a relação com mieloma múltiplo
Última atualização em 23 de abril de 2024
A principal diferença entre as duas doenças está na quantidade de massas tumorais e nos sintomas que a pessoa apresenta
O plasmocitoma é um câncer causado pela proliferação de plasmócitos anormais. Ele aparece como uma única lesão isolada e pode se desenvolver no osso ou em partes moles do corpo. Em alguns casos, pode evoluir para mieloma múltiplo, mas também há a possibilidade dessa condição ser curada, sendo que, geralmente, o tratamento é feito por meio de radioterapia.
Antes de entender mais sobre essa doença, é importante relembrar que os plasmócitos fazem parte do nosso sistema imunológico e são responsáveis por produzir anticorpos. Porém, eles podem sofrer mutações genéticas, transformando-se em células malignas e passando a produzir uma grande quantidade de anticorpos anormais. Essa proliferação de plasmócitos anormais dá origem ao plasmocitoma.
A Drª. Mariana Oliveira, onco-hematologista da Oncoclínicas São Paulo, explica que o plasmocitoma é uma doença que causa lesão/massa tumoral. Quando ocorre uma única lesão no corpo todo, dá-se o nome de plasmocitoma isolado. Já quando há a presença de várias lesões, dá-se o nome de mieloma múltiplo.
Além disso, essa massa tumoral pode aparecer tanto no osso, recebendo o nome de plasmocitoma ósseo, quanto em partes moles do corpo, chamado de plasmocitoma extramedular. Quando dizemos que a doença pode estar em “partes moles” significa que o tumor está em algum órgão – normalmente os mais afetados são os seios nasais, trato respiratório superior, bexiga e órgãos do trato gastrointestinal. Já o ósseo tende a atingir a coluna vertebral, pelve, fêmur ou esterno (osso do peito).
A Drª. Mariana reforça que o plasmocitoma não é uma doença benigna, é um tumor maligno, mas há tratamento e possibilidade de cura.
Diagnóstico e sintomas de plasmocitoma
Os sinais de plasmocitoma isolado variam de acordo com o local em que ele se desenvolve. Segundo a especialista, o principal sintoma do plasmocitoma extramedular é o aparecimento de uma massa. Essa massa pode ser percebida por meio do exame físico ou ainda pode ser vista em exames de imagem.
Já no caso do plasmocitoma ósseo, o paciente pode sentir dores nos ossos ou em nervos – isso porque a massa tumoral pode os comprimir.
“A suspeita do plasmocitoma é levantada pela observação de massas em partes moles ou ósseas em exames de imagem. Nesses exames ainda podemos ver lesões líticas nos ossos”, a Drª. Mariana descreve.
Para diagnosticar o plasmocitoma é obrigatório realizar uma biópsia dessa massa tumoral e, no resultado, deve constar que ela é constituída de plasmócitos clonais. Também é fundamental que o médico certifique que não há mais nenhuma outra massa tumoral pelo corpo, porque, nesse caso, o diagnóstico seria outro.
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Tratamento do plasmocitoma
Para ambos os tipos de plasmocitoma isolado (o ósseo e o extramedular) a principal forma de tratar é a radioterapia. Para o extramedular também pode ser utilizada a cirurgia oncológica.
A Drª. Mariana relata que, geralmente, o tratamento radioterápico dura cinco dias, sendo que é feita uma aplicação de radioterapia em cada dia. Ou seja, são cinco sessões de terapia divididas ao longo de cinco dias.
A hematologista ainda pontua que “o uso de tratamentos quimioterápicos é controverso nestes casos.”
Plasmocitoma tem cura?
Sim, o plasmocitoma isolado pode ser curado.
“Nos casos de plasmocitoma ósseo, cerca de 40% dos pacientes não terão recorrência e nem transformação para mieloma múltiplo. Já no caso dos plasmocitomas extramedulares tratados, há 15% de chance de recorrência da doença”, a doutora afirma.
Qual a diferença entre plasmocitoma e mieloma múltiplo?
Apesar de ambos terem origem nas células plasmáticas, eles têm diferenças importantes. A principal delas é, justamente, a quantidade de lesões. Enquanto no plasmocitoma há apenas uma lesão no corpo inteiro, no mieloma há diversas lesões em vários ossos.
A Drª. Mariana ressalta que o tipo de sintomas apresentados pelos pacientes de cada uma das doenças também é diferente.
“O paciente de plasmocitoma não apresenta outros sintomas que definem o mieloma, como anemia, aumento do cálcio, insuficiência renal, lesões líticas, infiltração da medula óssea por plasmócitos ou alterações na relação de cadeias leves livres.”
Apesar da quantidade de lesões ser um fator muito relevante na hora de diferenciar as doenças, a doutora salienta que, em casos nos quais a pessoa tem apenas uma lesão, mas possui algum dos sintomas mencionados acima, ela pode ser diagnosticada com mieloma múltiplo.
É importante saber que, em alguns casos, o plasmocitoma pode evoluir para um mieloma múltiplo. Isso pode acontecer em cerca de 50-60% dos pacientes de plasmocitoma ósseo e 15% dos pacientes de plasmocitoma extramedular.
Se/quando essa transformação ocorrer, os cuidados necessários e tratamentos realizados passam a ser os do mieloma múltiplo.