Quimioterapia: tipos e como funciona
Última atualização em 15 de março de 2023
Grande parte das pessoas diagnosticadas com câncer serão submetidas a essa estratégia. Sua duração e densidade dependem das características da doença e do paciente
A quimioterapia é um dos pilares do tratamento oncológico e consiste no uso de medicamentos para eliminar as células do câncer. Ela pode ser aplicada em vários formatos, como via oral ou intravenosa, e também em diferentes estratégias, juntamente com outras terapias. Quem decide como o protocolo será feito e acompanha todo o processo é o médico oncologista. Apesar dessa terapia ser conhecida por causar alguns efeitos colaterais desconfortáveis, hoje em dia é possível prevenir e/ou tratar a maioria deles.
Quando a quimioterapia é indicada
Ela é uma das principais estratégias contra o câncer, mas nem sempre é usada. Isso acontece porque há alguns cânceres que não respondem a esse tratamento ou não necessitam dele.
“Nós não a indicamos para todos os pacientes com câncer, isso depende muito do tipo de tumor que o paciente é acometido. Além disso, depende também das características desse tumor. Alguns respondem bem à quimioterapia e outros respondem melhor a outros tipos de tratamento, como a imunoterapia, anticorpos monoclonais e algumas outras modalidades de tratamento”, o Dr. Ângelo Bezerra de Souza Fêde, coordenador da Oncologia do Hospital Leforte, esclarece.
Como a quimioterapia funciona
As células do câncer têm uma característica muito específica que é: elas se multiplicam em uma velocidade muito alta. Por isso, os medicamentos utilizados nesse tratamento, chamados de quimioterápicos, têm o objetivo de destruir todas as células que também se multiplicam rapidamente. Como eles agem em todo o corpo, a quimioterapia é considerada uma terapia sistêmica.
“A quimioterapia, ou terapia antineoplásica citotóxica, é uma das modalidades de tratamento oncológico em que utilizamos drogas que atuam para erradicar as células do câncer por meio da ação no DNA das células. Dessa forma, a gente tenta diminuir esse número de células doentes e, consequentemente, controlar a doença oncológica”, o Dr. Fêde explica.
Quais os principais tipos de quimioterapia?
Há duas grandes divisões em relação aos tipos dessa terapia:
- Tipos de medicamentos quimioterapicos
- Objetivos
- Estratégia de tratamento escolhida pelo médico e
- Forma de administração
Tipos de medicamentos quimioterápicos
Aqui, a grande diferença é a característica química de cada medicamento e, muitas vezes, esses compostos químicos afetam a cor que a terapia tem. Assim, dão origem à conhecida quimioterapia branca e à vermelha.
O Dr. Fedê conta que, por exemplo, no caso da quimioterapia vermelha, ela tem essa cor por conta das características químicas dos remédios ali presentes. Também por conta da sua composição química, é mais usada para casos de câncer de mama.
“Já a quimio branca também se dá de acordo com as drogas que estão nesses compostos. Mas existem muitos tipos de quimioterapia e isso vai depender muito do tipo de tumor que a gente está tratando”, ele complementa.
Objetivos da quimioterapia
Depois que um diagnóstico é fechado, o oncologista avalia qual o prognóstico do câncer, isto é, como a doença deve evoluir e reagir ao tratamento. Diante disso, ele entende o que pode ser esperado da terapia, que pode ser:
- Curativa: em geral, os médicos preferem usar “intenção curativa”, que é quando a quimioterapia é realizada com objetivo de eliminar completamente o câncer.
- Paliativa: aqui, o objetivo é controlar uma doença que já está na sua forma disseminada e metastática, além de aliviar sintomas e desconfortos que o câncer possa estar causando.
Estratégia de tratamento
Dependendo do tipo de câncer e em qual estágio ele foi diagnosticado, o oncologista pode escolher fazer a quimioterapia sozinha ou pode incluir alguma outra terapia juntamente.
“Em algumas circunstâncias, a quimioterapia pode potencializar o tratamento da radioterapia. A gente chama isso de tratamento concomitante. Então a quimio pode ser utilizada de forma isolada, mas também com outras modalidades”, o Dr. Fadê informa.
Ele ainda diz que a quimio pode ser:
- Terapia exclusiva: quando é o único e principal tratamento escolhido.
- Adjuvante: quando é utilizada juntamente com uma outra terapia, como a cirurgia oncológica. Nesse caso, a cirurgia é a estratégia principal, a quimio vem como um complemento e ela é realizada após o procedimento cirúrgico.
- Neoadjuvante: aqui, a quimio também é feita junto a uma outra terapêutica, mas é realizada antes. Por exemplo, faz-se a quimio para reduzir o tamanho do câncer e, em seguida, é realizada a cirurgia para a retirada total do tumor.
Aqui também entra a escolha de quantas sessões de quimioterapia uma pessoa pode fazer. É importante salientar que isso depende do tipo do câncer, qual seu estadiamento e do quadro de saúde geral do paciente.
Em geral, o tratamento da quimio funciona por ciclos. Então, o paciente toma uma dose do medicamento e precisa esperar um intervalo de alguns dias para tomar a segunda dose. Esse tempo, desde o dia da aplicação e o intervalo, é considerado um ciclo.
Por exemplo, para um câncer em estágio inicial (I e II) pode ser indicado que o paciente faça dois ciclos de quimioterapia. Já o mesmo câncer em estágio avançado (III e IV), a quantidade de ciclos poderia aumentar, indo para seis.
Forma de administração
- Via oral: por meio de comprimidos, cápsulas ou líquidos que são ingeridos em casa
- Intravenosa: os medicamentos são aplicados na veia ou por meio de cateter ou injeções
- Intramuscular: a medicação é aplicada por meio de injeções no músculo
- Subcutânea: a quimio é aplicada com uma injeção no tecido gorduroso acima do músculo (abaixo da pele)
- Intratecal: aplicada no líquor (o líquido da espinha)
Efeitos colaterais da quimioterapia
Cada paciente costuma ter uma experiência diferente com esse tratamento. Alguns sentem reações mais fortes, outros, mais fracas. E ainda há certas pessoas que já sentem os efeitos colaterais logo na primeira sessão, enquanto outras levam mais tempo.
Mas, as principais reações adversas são:
- Queda de cabelo (alopecia)
- Diarreia ou constipação
- Vômito
- Náusea
- Perda de apetite
- Perda de peso
- Alterações no paladar
- Mucosite (feridas na boca)
- Fadiga
- Chemobrain (névoa cerebral)
- Imunidade baixa
- Pele sensível e ressecada e
- Redução de libido e infertilidade
É importante saber que todos esses efeitos colaterais podem ser evitados ou tratados. Por isso, é fundamental conversar com o oncologista antes de começar a quimioterapia para, por exemplo, preservar a fertilidade, e ao longo do tratamento para iniciar estratégias que ajudem a diminuir as reações.