O que causa leucemia?
Última atualização em 10 de março de 2023
Quando falamos desse tipo de câncer os fatores de risco e hábitos de prevenção não estão tão definidos, mas há alguns fatores que podem influenciar no aparecimento dessa doença
A ciência ainda não identificou exatamente o que causa leucemia, mas sabe-se que esse câncer se desenvolve por conta da junção de alguns fatores genéticos e ambientais. Por isso, há certas pessoas que têm um maior risco de ter a doença, como é o caso de quem fica exposto a determinados produtos químicos ou indivíduos com algumas doenças hereditárias.
A Drª. Mireille Guimarães Vaz de Campos, especialista em Hematologia e Hemoterapia do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH), lembra que a leucemia, na verdade, é dividida em quatro principais grupos: leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide crônica (LLC), leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia linfoide aguda (LLA). Sendo que, dentro de cada grupo, há diversos subtipos.
Por isso, “cada tipo de leucemia tem uma causa diferente, o que leva esse câncer a ter comportamentos diferentes e tratamentos diferentes”, ela afirma.
Algumas leucemias estão altamente ligadas com o aparecimento de mutações genéticas. A LMC é uma delas, já que grande parte dos pacientes apresentam o gene BCR-ABL, o chamado cromossomo Philadelphia. O mesmo acontece com a LMA com o gene FLT3 mutado. Mas, ainda não se sabe exatamente o que faz com que essas mutações ocorram e, por esse motivo, pouco se fala sobre os fatores de risco da leucemia.
“A maior parte dos pacientes com leucemias não apresenta nenhum fator de risco identificável. Acredita-se que um conjunto de fatores hereditários e ambientais se combinem para que um determinado paciente desenvolva leucemia, muitos deles foram extensivamente estudados, mas não estão presentes na maior parte dos pacientes”, a médica explica.
O que causa leucemia?
Em geral, pessoas que foram expostas a produtos químicos e determinados tipos de radiação têm uma probabilidade aumentada de ter a doença. O mesmo acontece com quem tem imunossupressão, indivíduos que possuem outras doenças hematológicas e pacientes com certas síndromes hereditárias. Porém, ter uma maior chance não quer dizer que, com certeza, essas pessoas terão a doença.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cada tipo de leucemia está relacionado com alguns fatores diferentes. Os principais são:
- LMA: tabagismo, exposição ao benzeno e à radiação ionizante (raios X e gama), proveniente de procedimentos médicos (radioterapia), Síndrome de Down, história familiar e idade
- LLA: exposição ao benzeno e à radiação ionizante
- LMC: exposição ao benzeno e à radiação ionizante e idade
- LLC: histórico familiar e idade
“Isso significa que quem já teve um câncer e já foi tratado com determinados quimioterápicos e com radioterapia têm maior risco”, ressalta Drª. Mireille. Nessas situações, a leucemia é chamada de câncer secundário.
O INCA ainda considera que a exposição aos agrotóxicos, solventes, diesel, poeiras e infecção por vírus de hepatite B e C, pode aumentar o risco para todos os tipos de leucemia.
Entretanto, o instituto afirma que, na maioria das vezes, esse câncer não está relacionado a nenhum fator de risco que possa ser modificado. Por isso, não é possível estabelecer hábitos para prevenir o aparecimento desse câncer.
De acordo com a médica, a leucemia é uma doença adquirida, mas algumas condições hereditárias podem aumentar o risco da transformação leucêmica. São elas:
- Síndrome de Down
- Síndrome de Bloom
- Anemia de Fanconi
- Síndrome de Li Fraumeni e
- Neurofibromatose
A falta da vitamina B12 pode dificultar a produção de células do sangue, que acontece na medula óssea. Mas não há evidências científicas que essa condição cause leucemia.
A Drª. Mireille diz que é possível que os sintomas de ambas as doenças se confundam, pois elas causam uma redução na quantidade de células sanguíneas e por isso os sinais são parecidos. Mas, são quadros totalmente diferentes e, no caso da falta da vitamina B12, a condição é revertida por meio da suplementação dessa vitamina.
A médica diz que não há associação conhecida entre a deficiência de ferro no sangue com o desenvolvimento da leucemia. O que pode acontecer é que com a deficiência de ferro, a pessoa fique com anemia e a anemia pode ser um sintoma da leucemia, mas, novamente, são quadros completamente diferentes.
“Alguns tipos de imunidade baixa podem aumentar o risco de leucemia, mas esta condição não é definida apenas pela maior propensão a ter infecções. É preciso um diagnóstico preciso que identifique a imunidade baixa como uma doença com imunodepressão primária ou secundária”, a médica esclarece.
Ela cita alguns exemplos:
- Síndromes hereditárias (como imunodeficiência comum variável, Wiskott-Aldrich, ataxia telangiectasia)
- Doenças infecciosas (como HIV)
- Doenças reumatológicas (como lúpus e a artrite reumatoide), principalmente se associadas ao tratamento com imunossupressores e
- Deficiência de IgA
Não há evidências de associação da leucemia com má alimentação.
“Existem raros relatos de relação de diabetes tipo 2 com leucemia, mas não há comprovação consistente de associação das duas condições”, a especialista diz.
Entretanto, ela comenta que é comum os pacientes de leucemia já terem uma predisposição a ter diabetes e, após o início do tratamento, especialmente aqueles com corticoides, a diabetes se manifestar.
Não há estudos sobre associação direta das substâncias utilizadas nos principais repelentes de insetos com o desenvolvimento da leucemia.
“Os shampoos para tratar piolhos também foram associados a maior risco. No entanto, é difícil avaliar o potencial leucemogênico e os resultados na literatura são conflituosos. É sempre importante lembrar que repelentes, shampoos para piolhos, inseticidas e substâncias similares devem ser usados com cuidado, apenas quando for realmente necessário, evitando uso prolongado e com atenção especial com as crianças”, a Drª. Mireille alerta.
Qual é o tipo de leucemia mais grave?
A gravidade da doença determina o tratamento, mas, nem sempre quer dizer que aquele câncer é mais perigoso
Fatores de risco para leucemia infantil
No caso da leucemia infantil, é ainda mais complexo falar em fatores de risco, justamente porque devido à pouca idade, elas ficaram pouco tempo expostas.
“No entanto, um fator de risco importante, que não pode ser esquecido, são as síndromes hereditárias, principalmente a Síndrome de Down, Síndrome de Bloom, Anemia de Fanconi, Síndrome de Li Fraumeni e neurofibromatose”, a médica comenta.
Ela diz que há outros pontos que estão em estudo, como idade da mãe e histórico da mãe de perdas fetais ou partos prematuros.
Outra questão que, apesar de rara, pode acontecer e está em análise é o aumento do risco entre irmãos gêmeos monozigóticos.
“A hipótese mais aceita é que este evento parece resultar da disseminação de clones ‘pré-leucêmicos’ de um gêmeo para o segundo ainda dentro do útero. Estudos da relação entre leucemia infantil e moradia em zona urbana/rural, densidade populacional e outros possíveis fatores etiológicos (por exemplo, exposições ambientais, resposta imune anormal a infecções comuns) apresentaram resultados inconsistentes”, a Drª. Mireille Guimarães Vaz de Campos diz.
Boa tarde, fui diagnosticado no mês de janeiro de 2023 com leucemia (LLC), prático exercícios em casa, com alguns pesos, gostaria de saber se poderei dar continuidade ao uso dos pesos, e se posso fazer o uso dos suplementos, BCAA ou WHEY
Olá, Givaldo, como vai?
O senhor está, atualmente, tomando algum medicamento ou está somente realizando acompanhamento médico?
Abraços!