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 Diagnóstico de linfoma no Brasil é tardio

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Última atualização em 18 de abril de 2024

Acesso à saúde, complexidade e, no caso dos homens, a não realização de exames periódicos são responsáveis por esse cenário


Escrito por: Natália Mancini
O diagnóstico de linfoma foi realizado tardiamente em 58% dos casos analisados pelo Observatório de Oncologia entre os anos de 2008 e 2017. Ou seja, foram identificados 70.850 novos pacientes e mais da metade já estava com a doença em estágio III ou IV no momento do diagnóstico. Além disso, homens descobrem o câncer mais tardiamente e apresentam uma maior taxa de mortalidade na faixa etária acima dos 60 anos. Mesmo a doença sendo complexa de identificar, a falta de acesso à Saúde é o principal fator para esse cenário.

“O diagnóstico de linfoma pode ser considerado como complexo, pois demanda diversos exames. Como a realização de biópsia, imunohistoquímico e procedimentos de cirurgia ou rádio intervenção”, afirma a Dra. Talita Maira Bueno da Silveira, médica que atua no serviço de Hematologia do A.C.Camargo Cancer Center e no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para que todos esses procedimentos possam ser realizados, é necessário contar com especialidades médicas específicas. Por exemplo, um grupo de cirurgia para realizar a biópsia dos linfonodos aumentados e patologistas experientes para analisar esse material. Por isso, não é possível identificar o linfoma na atenção primária, por meio de exames físicos e laboratoriais básicos.

Apesar disso, a Drª. Talita ressalta que os clínicos gerais e médicos do atendimento primário têm condições de levantar a suspeita da doença.  

“Os sintomas relacionados e o exame físico são bem explorados no curso de graduação, assim como nas residências gerais. Portanto, o médico do atendimento primário é capaz de identificar um linfonodo aumentado/suspeito e sintomas estruturais ou clínicos suspeitos para o linfoma”, ela diz.

Além do aumento dos linfonodos, outros sintomas de linfoma são: febre, coceira, suor noturno e perda de peso sem motivo aparente.

Diagnóstico tardio de linfoma

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“Assim, esse atraso no diagnóstico ocorre principalmente pela demora no acesso aos serviços de saúde para realização de diagnóstico e no acesso ao serviço para tratamento. Após realizar os procedimentos e o diagnóstico, ainda há outra fila que o paciente é encaminhado: a do CACON, Centro de Referência em Câncer, onde ele será efetivamente tratado”, a médica explica.

De acordo com o mesmo estudo do Observatório de Oncologia, a quantidade de homens diagnosticados tardiamente (60%) foi maior que a de mulheres (57%). Da mesma forma, eles são maioria em relação à taxa de mortalidade, representando 55% das mortes ocorridas no período analisado.

Isso pode ser explicado, não só por alguns subtipos de linfoma atingirem preferencialmente homens, mas também pelo cuidado com a saúde. Isto é, mulheres realizam exames com mais frequência que homens.

“Aos 40 anos, as mulheres já começam a fazer exames, como ultrassonografia, mamografia. Com isso, é possível identificar linfonodos axilares e não habituais. Além disso, são realizados outros exames ginecológicos que podem identificar linfonodos não habituais”, a Drª. Talita exemplifica.

Por outro lado, a médica considera que o conhecimento da população sobre a doença não influencia no diagnóstico tardio. “Quando uma pessoa apresenta febre, caroços aumentados e prurido, ela classicamente procura auxílio médico. ”

Ela ainda reforça que, “os médicos precisam estar preparados para situações como essa desde a formação na graduação de medicina.”

Diagnóstico de linfoma de Hodgkin

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Apesar dos números serem significativos, a Drª. Talita informa que é difícil fazer uma comparação entre os diagnósticos dos dois tipos de linfoma.

Normalmente, o paciente de LH apresenta os sintomas característicos desse tipo de câncer. Sendo que, muitas vezes, eles estão presentes desde o início da doença, facilitando o diagnóstico.

Entretanto, no caso do LNH, existem vários subtipos, cada um com as suas características específicas e formas de ação. Por exemplo, se ele é um linfoma indolente ou agressivo.

“Esses dois grupos não podem ser analisados na mesma categoria, já que os sintomas do LNH demoram mais para aparecer. Mesmo na medicina privada geralmente o paciente já chega em um estágio mais avançado”, a médica diz.

Tratamento de linfoma

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Ou seja, primeiro, há a dificuldade em ter acesso ao atendimento secundário, no qual a biópsia é realizada e analisada. Em seguida, depois de receber o diagnóstico, o paciente ainda precisa chegar ao atendimento terciário para poder começar o tratamento. Dessa forma, ele precisa ser encaminhado duas vezes, podendo atrasar tanto o diagnóstico quanto a intervenção terapêutica.

“A realização dos exames para iniciar o tratamento, como estadiamento, sorologia etc. é mais demorado no SUS do que no setor privado. Entretanto, normalmente, quando o paciente chega ao setor terciário, o início da terapêutica é relativamente rápido. Mesmo que faltem recursos”, finaliza a Drª. Talita Maira Bueno da Silveira.

 

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Levamos 1 ano para diagnosticar o linfoma. Passamos por pelo menos 7 especialidades medicas, inumeros exames, e mesmo com suspeita ate de leucemia, um pedido de biopsia de medula, ainda assim demoraram muito para detectar algo. Minha filha chegou com LH no estagio 4, completamente debilitada mesmo tendo passado por oncologista e hematologista que não perceberam as alterações. Hoje esta a 1 ano em tratamento, caminhando para o transplante. Um olhar mais atencioso nos sintomas e exames facilitaria o pré-diagnóstico. É angustiante ver um filho debilitar quase ate a morte mesmo levando em tantos médicos.

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