Pacientes com câncer que usam corticoide devem estar atentos à diabetes
Última atualização em 31 de maio de 2022
Há algumas formulações desse medicamento que podem favorecer o desenvolvimento da doença. Mas é possível evitar que isso aconteça
Em alguns casos, corticoide e diabetes podem estar ligados, especialmente quando o medicamento é utilizado em altas doses e/ou por um longo período. Por isso, pessoas com câncer que realizam protocolos terapêuticos contendo essa droga devem ficar atentos. O cuidado deve ser redobrado caso o paciente oncológico já tenha um alto nível de açúcar no sangue no momento do diagnóstico.
O corticoide, no tratamento do câncer, tem um importante papel, pois pode ser útil em diversas situações. Por exemplo, no combate a uma reação alérgica, redução de inflamações e em problemas imunológicos.
Por outro lado, apesar dos diversos benefícios, o medicamento pode causar alguns efeitos colaterais, sendo o mais comum o ganho de peso ou inchaço. Mas também é possível que ele cause outros quadros, como a diabetes.
“O corticóide age contrário à ação da insulina”, diz a Drª. Cláudia Cozer, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês. Ela explica que o remédio impede que a insulina coloque o açúcar, que está na corrente sanguínea, dentro das células. Esse impedimento é chamado de resistência à insulina.
A Drª. Cláudia conta que há algumas formulações de corticoide no mercado que podem causar essa resistência, sendo elas: dexametasona, prednisona, hidrocortisona e prednisolona. Entretanto, ressalta que não são todos os protocolos de tratamento com essa droga que geram o aumento de açúcar no sangue.
É possível que isso ocorra “a partir de uma certa concentração de cada uma das formulações, que é considerada a dose que pode gerar efeitos colaterais”, a médica comenta. Ela acrescenta que a chance de acontecer “é diretamente proporcional à dose do corticoide e tempo de uso.”
O corticoide e a diabetes podem estar ligados não somente nos casos de tratamento oncológico, mas em qualquer terapia que contenha a medicação. Inclusive, a endocrinologista relembra que essa foi uma reação muito comum nos pacientes com COVID-19 que foram tratados com essa droga.
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Corticoide causa diabetes nos pacientes oncológicos
É importante ressaltar que a quimioterapia em si não causa diabetes, o que pode levar ao aparecimento do quadro é o corticoide. Sendo que, apesar de existir a possibilidade do desenvolvimento da doença, pode-se evitá-la e a tendência é que a glicose retorne ao normal após o término da terapia.
A doutora aconselha que, para evitar que a diabetes apareça, o paciente deve evitar o ganho de peso durante o tratamento, controlando a ingestão de carboidratos e realizando atividades físicas.
Após o fim do tratamento, o quadro “pode normalizar ou não. Isso depende da característica genética de cada um e da tendência familiar”, a especialista esclarece.
No caso do tratamento de câncer em diabéticos, se for necessário administrar o corticoide, a Drª. Cláudia Cozer orienta que deve ser feito um ajuste na medicação de controle glicêmico.