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Qual a diferença entre leucemia e mielofibrose?

Homem de meia idade com dúvida
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Última atualização em 22 de fevereiro de 2024

Apesar de ambas as doenças se desenvolveram nas células-tronco e estarem relacionadas com o sangue, elas são bastante distintas

Leucemia e mielofibrose são duas neoplasias que possuem diversas diferenças por conta das características genéticas de cada uma delas. Inclusive, há diferenças significativas entre os pacientes da mesma patologia. Ou seja, nem sempre duas pessoas com mielofibrose, por exemplo, têm a doença com aspectos idênticos. E o mesmo vale para as leucemias. Por outro lado, elas apresentam algumas similaridades, como os tipos de sintomas, e por isso devem ser analisadas por médicos especialistas. 

A mielofibrose se encaixa no grupo das neoplasias mieloproliferativas crônicas, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela se desenvolve devido a mutações genéticas que ocorrem nas células-tronco, fazendo com que elas passem a se diferenciar e renovar de forma defeituosa. Por conta dessas mutações, as fibras que sustentam as células-tronco ficam mais grossas e endurecidas, como se fossem uma fibrose (cicatriz) na medula óssea. 

Já a leucemia é um câncer que também tem início nas células-tronco da medula óssea e se desenvolve por conta de mutações genéticas. Mas, nessa doença, as anomalias fazem com que as células sanguíneas se tornem malignas e, com isso, elas passam a atrapalhar a produção de células do sangue saudáveis.

Diferenças entre leucemia e mielofibrose

O Dr. Renato Sampaio, chefe do Serviço de Hematologia  do Hospital das Clínicas da UFG, ressalta que o termo “leucemia”, por si só, engloba doenças bastante diferentes entre si.

“Falando de maneira geral, nas leucemias agudas temos uma proliferação descontrolada de células imaturas, levando a uma insuficiência medular grave. Isso gera um quadro clínico de instalação mais severa e necessita manejo e tratamento urgentes, envolvendo quimioterapia intensiva”, ele  explica.

Comparação da multiplicação das células saudáveis e das células do câncer

No caso das leucemias crônicas, os sintomas são menos intensos e, em algumas situações, como na leucemia linfoide crônica (LLC), pode-se optar por conduzir o caso apenas com observação. Enquanto que na mieloide crônica (LMC), é preciso realizar tratamento medicamentoso, mas é possível controlar, com eficiência, a doença.

Enquanto que na mielofibrose, “embora os pacientes possam apresentar sintomas importantes e variados, o quadro clínico é menos exuberante, quando comparado ao das leucemias agudas, e seu manejo se dá ao longo do tempo, sem a necessidade de controle urgente da doença”, o Dr. Sampaio conta. 

Ele complementa afirmando que mielofibrose e leucemia são patologias únicas e devem ser compreendidas e tratadas de forma específica e distinta.

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Mas, também há semelhanças

A principal similaridade é que ambas são neoplasias hematológicas malignas. Além disso, elas também podem causar alterações nas células sanguíneas. Por exemplo, queda nos glóbulos vermelhos (anemia) e plaquetas (plaquetopenia), alterações qualitativas e quantitativas nos leucócitos e aumento de órgãos, como o baço. Por conta disso, alguns dos sintomas da leucemia e da mielofibrose são parecidos, sendo os principais cansaço, falta de ar e palidez.

Mulher pesquisadora avaliando as células do sangue

“A mielofibrose pode ser confundida, principalmente, com a LMC em algumas situações. Isso acontece porque as duas podem ocasionar leucocitose à custas de neutrofilia com desvio escalonado para a esquerda e esplenomegalia”, o especialista comenta.

Entretanto, um hematologista ou um clínico treinado na análise do hemograma tem conhecimento para diferenciar as duas doenças nas primeiras consultas.

“A velocidade de instalação dos sintomas e sua intensidade podem sugerir uma ou outra doença, e o exame físico ajuda a direcionar o diagnóstico. Mas a análise molecular e citogenética é capaz de diferenciar ambas de maneira segura. Assim, é essencial que não sejam realizados, e comunicados aos pacientes, diagnósticos precipitados, bem como é muito importante o encaminhamento precoce destes casos ao especialista”, o Dr. Sampaio pontua.

Ele ainda salienta que na mielofibrose, a biópsia de medula óssea é imprescindível, sendo impossível fazer seu diagnóstico sem ela. Além disso, a análise molecular e cariotípica também são essenciais. Elas servem tanto para diferenciá-la da LMC, como para firmar o diagnóstico correto e também estabelecer, de maneira adequada, seu prognóstico.

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A mielofibrose pode virar leucemia

Cerca de 20% dos casos de mielofibrose vão evoluir para a leucemia mieloide aguda (LMA). De acordo com o médico, o porquê isso acontece, ainda não foi perfeitamente compreendido e esclarecido. Mas, essa transformação aparenta estar relacionada com novas mutações genéticas que as células sofrem.

Quando isso acontece, o tratamento é alterado e os médicos passam a tratar a LMA em si.

Médicos avaliando hemograma de leucemia

“Como se trata de uma doença predominantemente de idosos, em boa parte dos casos os pacientes não são capazes de tolerar esquemas quimioterápicos intensos, e os esquemas menos intensivos de tratamento irão conferir controle temporário. Nos pacientes mais jovens, fazemos a indução da remissão com quimioterapia intensiva, seguida de transplante de medula óssea (TMO)  alogênico. É a única maneira de se tratar definitivamente a doença”, o Dr. Renato Sampaio conta.

É importante saber que, no caso de pacientes de mielofibrose jovens, caso eles tenham alto risco de transformação e sejam elegíveis ao TMO, a indicação é realizar o transplante antes da evolução acontecer. As leucemias, por sua vez, não se transformam em mielofibrose.


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Adorei essa Matéria. Tenho mielofibrose primária e aqui tive mais esclarecimentos sobre a doença. Obrigada abrale ??????

Sônia, muito obrigada pelo carinho! Ficamos à disposição para o que precisar.

Meu sogro está internado com mielofibrose e acabou de virar Leucemia, os médicos estavam tratando com o medicamento Hydrea, esse medicamento não serviu de nada a meu ver, só mascarou a doença dele.
Sente dor de cabeça muito forte, devia ser reação desse medicamento.

Olá Regina! A equipe Abrale fica à disposição para o que precisar. Oferecemos, gratuitamente, o serviço de Telemedicina para pacientes diagnosticados. Entre em contato pelo [email protected] ou (11) 3149-5190 e marque uma consulta!

Muito importante todo esse relatório sobre a doença .

Muito obrigada or esclarecer tão bem. Gratidão.

Minha mãe tem mielofibrose primária, tem 72 anos , o último exame apresentou 16.58 mil de leucócitos e plaquetas 32 mil. Ela usa o jakavi, e agora apareceram manchas grades e roxas nos braços e pernas , será que está evoluindo para uma leucemia mais severa ? A médica dela disse que semana que vem , quando sair os resultados do exame feito no final de semana , poderá entrar com o hydreia, estou meio perdido sobre a questão da evolução da doença e expectativa de sobrevida de minha mãe.

Amei o canal, estou muito feliz e me deu um pouco de esperança, há 5 anos sofro de anemia, fiz 4 mielogramas e outros exames, tomo ciclosporina de 100 e de 50, além do defasirox, não tenho melhora, o hemato não conseguiu ver algo oncológico, no relatório n fechado estou com aplasia medular, não sinto muito desses sintomas, palidez, cansaço,agora não tenho muita condição de esforço,n aguento subir escadas,nem me baixar. Obg.

Minha esposa está internada suas hemacias 2.29 , hemoglobina 7.4 e hematocrito 22.3, estão abaixo do normal já recebeu transfusão de sangue mas não conseguiram restabelecer seu quadro clínico.

Esse quadro que ela apresenta é considerado apenas uma Anemia ou podemos considerar outras patologias

Meu filho de 7 anos tem LMC, descobrimos quando ele tinha apenas 1 aninho.

Fiz transplante de Medulo em Fev/23,por aqui obtive muitas informações importantes. Gostaria de parabenizar a equipe de edição do site pelas matérias e esclarecimentos que são ótimo aprendi muito e ainda aprendendo. Hoje graças a Deus estou bem sigo em tratamento pós transplante .Como as dicas do site e informações pude ver a doença de outra forma
]
Gratidão !

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