Exame de imunofenotipagem: o que é e como é feito

Quase todos os pacientes onco-hematológicos são submetidos a essa análise e ela pode ser feita com três tipos amostras do corpo
A imunofenotipagem é um exame que pode ser feito em sangue periférico, na medula óssea ou em algum tecido. Por meio dessa técnica, é possível observar quais tipos de células estão presentes no material coletado e qual a porcentagem de cada grupo. Esse teste é utilizado para diagnosticar diversas doenças hematológicas tanto benignas, quanto malignas, além de também ser fundamental para planejar o tratamento e acompanhar como o paciente está respondendo à terapia.
A Drª. Nydia Strachman Bacal, coordenadora do Comitê Científico de Hematologia da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), diz que os médicos podem solicitar essa análise quando há uma pancitopenia, ou seja, anemia, leucopenia e plaquetopenia; linfocitose (aumento de linfócitos acima de 5 mil) e diante de algumas outras situações.
Ela exemplifica que “em sangue periférico, se você tiver uma linfocitose, a imunofenotipagem permite diferenciar uma linfocitose reacional de uma linfocitose maligna.”
A especialista ainda conta que uma vez tendo o diagnóstico já fechado, esse teste também possibilita identificar qual o estágio (ou fase) a leucemia, linfoma e mieloma múltiplo estão.
Já durante o tratamento, o exame é importante para acompanhar a doença residual mínima (DRM), que é um fator que os médicos levam em consideração para saber quando administrar um tratamento mais intenso. Além do resultado também trazer algumas informações sobre o melhor momento para fazer o transplante de medula óssea.
Como é feito o exame imunofenotipagem?
Quando é feita a imunofenotipagem de sangue periférico, realiza-se uma coleta do sangue da mesma forma como se fosse para um hemograma. Se for na medula óssea, a coleta é similar ao mielograma, porém menos invasiva. Nesses casos, o teste é chamado de imunofenotipagem por citometria de fluxo.

Depois de coletado, o material é analisado em uma máquina que compara as células com uma série de marcadores relacionados às doenças investigadas. Conforme as células reagem aos marcadores, é possível identificar de que tipo elas são. Ou seja, se são saudáveis ou não e, caso não sejam, quais características elas têm .
Por outro lado, quando é feita a biópsia de um tecido, como de um linfonodo aumentado, é realizada uma análise chamada de imuno-histoquímica. Nesse formato, as células são avaliadas por meio do microscópio e só é possível compara-lás a um marcador por vez.
“No máximo em 24/48h o laboratório já tem o resultado na mão de que tipo de leucemia ou de linfoma, ou uma avaliação inicial para o anatomopatologista definir melhor uma classificação”, a Drª. Nydia esclarece.
Quando o exame é feito no sangue, não há um preparo específico. Mas, se for feita a imunofenotipagem de medula óssea ou de tecido pode ser necessário que o paciente esteja em jejum. Se for anestesia local, costumam ser duas horas de jejum, entretanto, caso seja a geral, são 12 horas.
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Diferença entre imunofenotipagem e biópsia de medula óssea
De acordo com a especialista em Medicina Laboratorial, na biópsia de medula óssea é retirado um fragmento do osso, que será descalcificado, colocado em formol e enviado para a anatomia patológica.
“Já a imunofenotipagem por citometria de fluxo vai trabalhar o líquido, então é muito mais rápido que a biópsia e vai ajudar na biópsia, indicando a possibilidade ou não de doença e se ela é B, T ou se é mieloide, facilitando a vida do anatomopatologista. Os dois exames são, na verdade, complementares”, a Drª. Nydia Strachman afirma.