Alimentação pós-transplante de medula óssea: o que comer e o que evitar

Seguir uma boa alimentação pós-transplante de medula óssea é fundamental para evitar a perda de peso, reduzir os efeitos colaterais e garantir a uma boa segurança alimentar. Para isso, é preciso estar atento a quais alimentos podem ser consumidos e como eles devem ser higienizados, preparados e guardados. O ideal, na verdade, é que todo esse acompanhamento e cuidado se iniciem antes mesmo do procedimento.

O acompanhamento nutricional é de grande importância durante todo o processo do transplante de medula óssea (TMO), pois é muito comum que os pacientes percam peso – e isso pode interferir no desfecho do tratamento – e devido aos riscos de contrair infecção por meio dos alimentos.

Nutrição no transplante de medula óssea

“No condicionamento, são dadas doses cavalares de quimioterapia para ‘zerar’ a medula óssea doente e preparar o corpo para receber as células tronco-saudáveis”, Bruna esclarece. Ela ainda complementa que, justamente por conta da terapia ser mais intensa, é comum os pacientes apresentarem efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarréia e alteração de paladar. Eles, por sua vez, tendem a fazer com que os pacientes sintam menos vontade de comer e tenham uma menor aceitação aos alimentos.

Além disso, a quimioterapia também aumenta a taxa de metabolismo do corpo do paciente, fazendo com que ele consuma mais calorias, proteínas, vitaminas e sais minerais.

Nesse contexto, o principal objetivo da Nutrição é “manejar os sintomas e promover um estado nutricional adequado para que esse paciente consiga se sair bem durante o processo, com uma boa qualidade de vida e menos complicações”, Bruna fala.

Por outro lado, no pós-TMO, o acompanhamento nutricional recebe mais uma responsabilidade. Além de cuidar da questão da ingestão alimentar suficiente, o nutricionista também tem o papel de orientar quanto aos alimentos liberados e proibidos, a fim de evitar que o paciente contraia alguma infecção pela alimentação.

Isso acontece porque as altas doses de quimioterapia deixam o sistema imunológico da pessoa enfraquecido. Assim, há uma maior probabilidade que ela venha a se contaminar, caso coma algo que esteja infectado, e que desenvolva um quadro mais grave da infecção. 

Alimentação pós-transplante de medula óssea

Assim, o paciente no pós-TMO não deve comer:

• Carnes cruas ou mal passadas (seja peixe, boi ou porco);
• Frutos do mar
• Leites e queijos não pasteurizados
• Saladas e frutas não higienizadas ou fora de casa.

Mas, Bruna comenta que o cuidado já deve começar na hora de ir ao supermercado escolher os ingredientes.

“Desde o momento de fazer a compra desses alimentos, é preciso prestar atenção na qualidade. Se você vai comprar uma fruta, ela não pode ter manchas ou estar estragada, se você vai comprar uma carne no açougue, deve pedir para que eles moam na hora e não deve pegar uma carne que esteja com uma cor ou odor duvidosos. Também é importante sempre comprar produtos que tenham o selo S.I.F., que é o controle de qualidade do ministério da agricultura.”

Chegando em casa com as compras, a nutricionista aconselha a sanitizar os produtos com álcool antes de guardar e antes de consumir as frutas, verduras e legumes, é preciso higienizá-las corretamente.

Em relação ao armazenamento, a indicação da especialista é deixar os ingredientes refrigerados e guardados em potes herméticos. E não se deve comer comidas que foram preparadas dias antes.

Para comer fora de casa, o ideal é ir em restaurantes conhecidos, que tenham uma boa higienização e não pedir qualquer comida crua, mesmo saladas.

“Nesse período já houve uma melhora no paladar e nos sintomas. Então, temos que bater na tecla de se alimentar bem para dar um melhor suporte nutricional”, orienta Bruna.

Alimentos pós-100 dias de TMO

“Depois do TMO, existe um período de recuperação nutricional. Então os cuidados da Nutrição devem se estender por, mais ou menos, três meses (D+90) para que a gente possa fazer com que esse paciente consuma mais alimentos, proteínas, vitaminas e minerais. Assim, podemos preservar o estado nutricional dos pacientes  e recuperar a microbiota intestinal”, ela diz. 

Bianca ainda afirma que até o D+100 é importante manter as restrições, por questão da segurança alimentar, e que, a partir desse momento, é possível fazer algumas liberações.

Mais para frente, “com um ano do transplante, o paciente já deve estar com sua imunidade restabelecida e nós conseguimos liberar todos os alimentos. Então, primeiro focamos na recuperação nutricional e, depois, trabalhamos a liberação.”