Chemobrain: o que é, sintomas e tratamento
Última atualização em 5 de outubro de 2022
O quadro, que costuma interferir na realização das tarefas diárias, é um dos possíveis efeitos colaterais da quimioterapia
O chemobrain, também conhecido como névoa cerebral, é um quadro comum nas pessoas que realizam quimioterapia contra um câncer. Inicialmente, ele foi pesquisado e identificado em mulheres que tratavam tumor de mama, mas, atualmente, sabe-se que também pode acontecer em pacientes que realizam terapia para combater outros tipos de neoplasia maligna. Os sintomas e sua intensidade variam de caso para caso e há algumas formas de tratá-los ou amenizá-los.
De acordo com o Dr. Antonio Cavaleiro de Macedo Lima Filho, especialista em cancerologia clínica no Hospital Santa Catarina – Paulista, esse termo “descreve alterações cognitivas sentidas pelos pacientes durante ou após um tratamento médico contra o câncer. ”
Um dos possíveis motivos para a névoa cerebral se desenvolver é devido aos efeitos colaterais da quimioterapia no cérebro. Entretanto, outra possível razão é o estresse psicológico, como ansiedade e depressão. Sendo que os sintomas podem se agravar quando é feito o uso de medicações para controle de náuseas e dor, idade avançada, desnutrição e até mesmo o envolvimento do cérebro pelo câncer, no caso de metástases.
O Dr. Antonio Cavaleiro conta que todos os pacientes oncológicos têm risco de apresentar o chemobrain, mas que a probabilidade depende de características do indivíduo, modalidades do tratamento e tipo do câncer.
“Quanto mais debilitante o tratamento, maior a chance dos sintomas surgirem. Em geral, os pacientes submetidos à quimioterapia citotóxica são mais afetados. Por outro lado, o quadro é menos comum em pacientes que recebem outros tratamentos médicos contra o câncer. Por exemplo, hormonioterapia, imunoterapia e terapia de alvo molecular”, diz.
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Sintomas de chemobrain
Como as manifestações desse quadro envolvem prejuízo de raciocínio, memória e foco, costumam ser bastante frustrantes para os pacientes. Dentre os principais sintomas da névoa cerebral estão:
- Redução na velocidade de raciocínio, aprendizagem e resolução de problemas.
- Dificuldade de concentração e para finalizar uma tarefa.
- Lapsos de memória recente (“onde estacionei o carro?”, data do exame/consulta, senhas etc.).
Não existe uma única forma dos sintomas aparecerem. A depender do paciente, pode ser que somente uma das opções aconteça. Em outros casos, elas podem se manifestar ao mesmo tempo. Além disso, a intensidade também é variável.
“Quanto um indivíduo é afetado e quanto tempo dura, é variável. Para a maioria dos pacientes, os sintomas podem ser sutis e não serem percebidos por pessoas ao redor”, pontua o médico.
Ele complementa informando que o momento no qual os indícios se iniciam também não é igual para todas as pessoas. Entretanto, costumam aparecer nas primeiras semanas do tratamento e tendem a melhorar algumas semanas após o término. Caso a terapia seja mais intensa, o paciente pode ter efeitos residuais leves por mais tempo, mas é raro que dure longos períodos.
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Lidando com a névoa cerebral
Devido ao fato do desenvolvimento desse quadro ser multifatorial, ou seja, ocorrer por diversos motivos, é importante identificar quais são os fatores associados àquele caso. Isto é, se está relacionado a quadros psicológicos, outras medicações ou anemia.
Algumas das medidas possíveis para amenizar os sintomas e proporcionar uma melhor qualidade de vida são praticar:
- atividades físicas leves, como caminhadas, podem ajudar a melhorar a atenção, o humor e deixar a pessoa mais alerta.
- técnicas de meditação, como o mindfulness, podem ajudar a melhorar a atenção e reduzir a ansiedade. Recomenda-se também auxílio psicológico para casos de ansiedade e depressão.
- atividades intelectuais, como leitura de ficção, palavras cruzadas e sudoku, exercitam o cérebro e podem melhorar a memória e velocidade de raciocínio.
Para evitar que o chemobrain interfira nas atividades cotidianas, o Dr. Antonio Cavaleiro aconselha a manter uma rotina diária e respeitar os horários de descanso e sono. Além disso, o ideal é anotar todos os compromissos em uma agenda, ou no smartphone, bem como as perguntas para fazer ao médico no dia da consulta. Focar em uma só atividade por vez também pode auxiliar a evitar a não realização de uma tarefa por completo. O principal, entretanto, é contar à família e ao médico que acompanha o tratamento os sintomas apresentados, já que, muitas vezes, eles são sutis e imperceptíveis para outras pessoas.
“Em muitos casos de chemobrain os sintomas são leves e transitórios. Aceitar o problema e não focar tanto nos sintomas que te incomodam, mas nas medidas que ajudam a lidar com ele, são passos importantes”, o especialista aconselha.
[…] Insônia, dificuldade de concentração, lapsos de memória e (outras alterações que recebem o nome de chemo brain) […]