O que é a dor oncológica?
Última atualização em 25 de abril de 2023
Ela pode ser causada por alguns tipos de câncer ou por medicamentos utilizados para combater a doença. Se a sua resposta é sim, calma, porque tem tratamento
A dor oncológica pode se desenvolver por conta do câncer em si ou devido aos tratamentos utilizados para combater a doença. Ela até pode ser considerada “comum”, mas não deve ser normalizada, ou seja, se o paciente está com dores, sejam elas fortes ou fracas, deve avisar o médico. Ter câncer não deve ser sinônimo de sentir dor!
Sentir dor pode até ser inerente aos humanos, mas vamos combinar que é muito incômodo, né? Seja uma simples enxaqueca ou até mesmo aquela dorzinha após praticar exercício físico, se for persistente, pode atrapalhar as atividades do dia a dia.
De acordo com a Dra. Fauzia Naime, oncologista clínica da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e também autora do livro Manual de Tratamento da Dor: Dor Aguda e Dor de Origem Oncológica, no tratamento oncológico 59% dos pacientes apresentam dor, sendo 64% naqueles com doença avançada, metastática ou terminal e 53% nos pacientes que estão em todos os estádios da doença.
“É importante salientar que nem todos os pacientes com diagnóstico de câncer sentem dor, mas aqueles com doença avançada são mais predispostos a sentirem. Isso ocorre, por exemplo, quando o tumor acomete os ossos, comprime os nervos, medula espinhal e órgãos do corpo. A dor pode acontecer no diagnóstico ou durante o tratamento, em consequência da quimioterapia, imunoterapia, cirurgia, radioterapia e do transplante de medula óssea. As dores causadas por infecção intestinal e mucosite são muito frequentes em pacientes com câncer hematológico. Após a radioterapia, também é possível que o paciente apresente o sintoma, as conhecidas radiodermites, cistites e colites actínicas, que são as queimaduras na pele, bexiga e no intestino, respectivamente”, explica a médica.
Tipos de dor oncológica
Você sabia que nem toda dor é igual? Como já sabemos, é possível que diferentes partes do corpo fiquem doloridas por causa da doença e dos tratamentos do câncer, mas identificar o tipo de dor é importante para que o melhor método seja administrado.
- Dor aguda: geralmente costuma ser bastante intensa, mas não dura por muito tempo. Ou seja, quando o corpo entende que está sendo “ferido”, ele reage trazendo dor ao paciente, mas conforme vai “cicatrizando”, desaparece.
- Dor crônica: ela pode se apresentar de maneira leve e severa e costuma ter longa duração e também ser persistente. A dor oncológica será considerada crônica caso dure por mais de três meses.
- Dor disruptiva: esse tipo de dor é resistente aos medicamentos utilizados para amenizar o sintoma. Inclusive, é chamada assim justamente porque provoca uma sensação de “rompimento” do alívio advindo dos analgésicos. Ela não costuma durar muito tempo, porém se apresenta de maneira mais intensa. Ainda que mais complicado, é possível, sim, combatê-la.
Como tratar a dor oncológica de forma adequada
O controle correto permite que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida, adesão ao tratamento e diminui a quantidade…
Dor por tipo de câncer
Assim como existem diferentes tipos e intensidades de dores, o câncer também não é uma doença única. Cada subtipo apresenta sintomas próprios e tratamentos específicos.
“Tumores de cabeça e pescoço são os que mais frequentemente causam dor, seguidos por tumores de próstata, útero, genitourinário, mama, gastrointestinal e pulmão. As dores relacionadas à infiltração neoplásica podem ser por invasão óssea, infiltração de vísceras, medula espinhal, compressão de nervos periféricos e por invasão das meninges”, diz a Dra. Fauzia.
Falando especificamente sobre os cânceres hematológicos, a oncologista comenta que, no caso das leucemias, a dor pode ocorrer devido ao aumento das células tumorais que fazem pressão na medula óssea.
“Já nos linfomas, ocorre aumento dos linfonodos que, dependendo do local, comprimem e causam dores de diferentes formas, desde a compressão de vísceras até o envolvimento de nervos. No mieloma múltiplo, as dores e fraturas ósseas são mais comuns”.
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Xô, dor oncológica!
Embora este sintoma possa fazer parte da trajetória do paciente oncológico, ele tem tratamento!
A depender do tipo de câncer é possível que a terapêutica, assim que começar a fazer efeito, possa aliviar as dores.
“O tratamento onco-hematológico específico faz com que os tumores regridam e consequentemente haja alívio da dor. Mas podem existir sequelas de fraturas ou lesões de nervos em que dores residuais possam existir. Quando a dor for relacionada ao próprio tratamento, é possível que o médico ajuste as doses e esquemas terapêuticos, e também utilize medicamentos que aliviem o sintoma”, fala a Dra. Fauzia.
Além dos medicamentos e das consultas diretas com o oncologista, o paciente também deve ter acesso a um atendimento integrativo. O tratamento fisioterápico pode ajudar no alívio da dor, além de promover a reabilitação física e melhora da qualidade de vida. A acupuntura também auxilia no alívio da dor. Ter um apoio multidisciplinar será de suma importância nesse momento.
“Esse é um fenômeno que vai além do físico, por isso temos que levar em conta os aspectos psicológicos, sociais e espirituais de cada indivíduo. Cada pessoa vai sentir a dor de uma maneira”, reforça a especialista.
Ouvir o paciente e respeitar seus sentimentos será crucial durante a abordagem clínica e na busca por aliviar a dor.