Varíola dos macacos: tudo sobre e alertas para pacientes com câncer
Última atualização em 14 de setembro de 2022
Apesar de mais de mil casos já terem sido identificados no mundo, não há relato de mortes. Mas, pessoas imunossuprimidas têm maior chance de ter complicações e, por isso, devem estar atentas
O primeiro caso de varíola dos macacos foi confirmado no Brasil no dia 8 de junho e, pelo menos, outros 29 países também já identificaram casos da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que essa infecção é uma “emergência de saúde pública de importância internacional”. Até o momento, o primeiro e único brasileiro a morrer devido à varíola foi um homem de 41 anos que tinha linfoma e era imunossuprimido. Isso reforça que pessoas com câncer devem ficar atentas, justamente por conta da maior probabilidade de desenvolver quadros mais graves da infecção devido à imunidade mais baixa.
Apesar do nome da doença indicar que ela está relacionada aos macacos, se originou em roedores que vivem nas florestas tropicais do continente Africano. A varíola dos macacos foi identificada pela primeira vez na década de 1950 e, até então, essa era considerada endêmica, ou seja, era restrita à África.
Porém, desde o início de maio deste ano, diversos casos do vírus da varíola, chamado de monkeypox, têm aparecido em vários países. O primeiro brasileiro diagnosticado com o monkeypox foi um homem de 41 anos que esteve na Espanha e em Portugal. Ele apresentou os primeiros sintomas no dia 28 de maio e ficou em isolamento no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Desde então, diversos casos têm sido relatados e o número de infectados vem crescendo, causando preocupação.
A Drª. Anna Claudia Turdo, infectologista especialista em Moléstias Infecciosas e Parasitárias do A.C.Camargo Cancer Center, explica que, até pouco tempo atrás, os casos de varíola dos macacos diagnosticados fora da África estavam, na maioria das vezes, ligados a viagens internacionais ou à importação de animais. A grande diferença nos casos que têm sido identificados nos últimos meses é, justamente, que eles não estão relacionados a viagens para locais endêmicos. Por isso, os especialistas ainda estão investigando o que está causando o surto do vírus da varíola dos macacos.
Como é a transmissão da varíola dos macacos
- Contato próximo e direto com um animal infectado;
- Contato próximo e direto com as secreções das erupções cutâneas, mucosas e/ou gotículas do sistema respiratório de uma pessoa infectada;
- Contato com objetos contaminados com fluidos das lesões do paciente infectado (por exemplo, toalhas ou lençóis usados).
Apesar de não ser considerada uma doença sexualmente transmissível, o monkeypox pode ser transmitido por meio de beijos e contato sexual.
Assim, a Drª. Anna Claudia diz que a principal forma de se prevenir da varíola dos macacos é evitando proximidade com pessoas que possam estar doentes.
“Evitar contato com pessoas com suspeita da doença, utilizar máscara com boa vedação de nariz e boca e por fim, higiene das mãos com sabão ou álcool em gel”, orienta. Ela ainda esclarece que não há grupos de risco definidos para essa doença, pois “todas as pessoas são suscetíveis a contrair a infecção.”
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Quais são os sintomas da varíola dos macacos?
- Febre
- Dor de cabeça
- Dores musculares
- Dor nas costas
- Linfonodos aumentados
- Calafrios
- Exaustão e
- Erupção cutânea
É importante saber que a erupção cutânea ligada à varíola, geralmente, aparece de um a três dias após o aparecimento da febre. Mas, pode levar mais tempo. O mais comum é que ela inicie no rosto e se espalhe para o restante do corpo.
Segundo a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA), no primeiro estágio, as erupções na pele se apresentam como lesões planas. Depois, ficam levemente elevadas, em seguida ficam irregulares e se enchem de líquido amarelado. Após isso, formam uma crosta e, por último, caem. Veja as imagens publicadas pela UKHSA dessas fases:
O diagnóstico é feito por meio da análise desses sintomas, histórico (se a pessoa teve contato com alguém infectado) e teste PCR feito em laboratório, que detecta o vírus nas lesões de pele. Entretanto, esse exame está disponível somente em laboratórios de referência fora do Brasil, e, ainda assim, em quantidade limitada
Varíola dos macacos em pessoas com câncer
Segundo um artigo publicado no PEBMED, a varíola dos macacos parece estar associada a piores desfechos em pessoas imunossuprimidas. Na maioria das vezes, pacientes oncológicos são considerados imunossuprimidos, pois seu sistema imunológico fica mais fraco por conta do tumor e/ou pelo tratamento realizado. Por isso, esses indivíduos estão mais propensos a desenvolverem quadros mais graves dessa infecção.
Vale ressaltar que nem todas as pessoas com câncer têm imunossupressão. Mas ela acontece “em especial em cânceres hematológicos, tumores sólidos avançados ou [em pessoas submetidas a] esquemas agressivos de quimioterapia”, a Drª Anna Claudia explica.
As principais complicações da varíola são a superinfecção bacteriana das lesões da pele, pneumonia, sepse e encefalite.
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Varíola dos macacos tem cura
De acordo com a infectologista, “no momento, não temos tratamento específico para a varíola dos macacos”. Há alguns antivirais em estudo, mas esses medicamentos ainda estão em fases muito iniciais e devem demorar para ir para a etapa de testes clínicos.
Porém, é possível afirmar que a varíola dos macacos tem cura, porque possui “um curso autolimitado, ou seja, os sintomas costumam ter resolução completa entre duas a quatro semanas”, a especialista esclarece. Parte do tratamento inclui o infectado se isolar para evitar a transmissão do vírus para outras pessoas.
Além disso, a especialista alerta que é importante cuidar da erupção deixando-a secar ou cobrindo com um curativo úmido para proteger a área, se necessário. A orientação vale para pacientes oncológicos e pessoas que não estão em tratamento contra o câncer.
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Qual é a vacina da varíola?
Não existe uma vacina específica para proteger contra a varíola dos macacos. Mas, há dois imunizantes aprovados contra a varíola humana que também oferecem proteção contra o monkeypox.
ACAM200 não deve ser utilizada por pessoas com alteração do sistema imunológico por ser composta de vírus vivo atenuado. Já a JYNNEOS poderia ser aplicada nos pacientes imunossuprimidos.
“Ainda assim, não estamos indicando vacinação em massa para essa doença e não temos vacinas disponíveis em escala mundial para isso no momento. Pessoas que se vacinaram contra a varíola comum até a década de 70 podem, ainda, oferecer resistência à doença”, a Drª. Anna Claudia Turdo conclui.
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[…] sobre e alertas para pacientes com câncer”. Revista Online ABRALE, 9 de junho de 2022, https://revista.abrale.org.br/variola-dos-macacos-tudo-sobre-e-alertas-para-pacientes-com-cancer/. Acessado 23 de agosto de […]