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Vacina da COVID-19 para crianças com câncer é segura!

Vacina da covid para crianças
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Última atualização em 31 de março de 2022

Assim como vem acontecendo há anos com outros imunizantes, a procura pela vacina contra a COVID-19 para o público infantil está baixa. Entenda os perigos disso e saiba qual o melhor momento para vacinar seu filho

A vacina da COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos começou a ser aplicada em janeiro deste ano. No estado de São Paulo, a meta era imunizar todo público elegível dessa faixa etária (4,3 milhões) em três semanas. Mas, assim como vem acontecendo, desde 2018, com todos os imunizantes do Plano Nacional de Imunização, essa expectativa não foi atingida. Especialistas afirmam que essa baixa procura pode ser explicada, em partes, pelas fake news que têm circulado sobre esse assunto. Mas, ressaltam que é indispensável vacinar essa população, inclusive e principalmente, as crianças com câncer.

De acordo com o Dr. Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as vacinas foram uma das maiores revoluções no controle de doenças, especialmente as infantis. Isso porque, elas foram as responsáveis pela erradicação de diversas patologias. Além disso, também diminuíram a taxa de mortalidade nessa faixa etária e aumentaram a expectativa de vida em, aproximadamente, 30 anos.

“Doenças como sarampo, coqueluche, meningites, difteria, paralisia infantil, eram verdadeiros flagelos no passado. No cenário que a gente tinha, que foi quando introduzimos as vacinas, foi com essas doenças que obtivemos os maiores sucessos”, exemplifica.

Ele ainda conta que, no passado, os pais e responsáveis entendiam e se convenciam de maneira mais fácil da importância de imunizar as crianças, porque o risco era muito grande e visível. Ou seja, eram doenças bastante frequentes, comuns e que deixavam sequelas significativas. Então, as pessoas sabiam que havia uma grande chance de contaminação e conseguiam ver as consequências que as infecções causavam.

Taxa de vacinação no Brasil

Durante muito tempo, o país foi referência mundial na vacinação. Tanto que em 1989 foi decretado que a poliomielite, também conhecida como “paralisia infantil”, havia sido erradicada no nosso território. E não parou por aí! Em 2015, a Organização Mundial da Saúde nos certificou com a erradicação da rubéola e, em 2016, do sarampo.

Taxa de vacinação contra a covid-19 no Brasil

Entretanto, o cenário se alterou e, como falado anteriormente, desde 2018 nenhuma das vacinas infantis bateu a meta do Plano Nacional de Imunização. Segundo o relatório Panorama IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), de 2021, a taxa de cobertura vacinal nas crianças está abaixo de 80%. 

Essa é uma informação que causa uma grande preocupação, pois coloca em perigo todo o avanço que havia sido alcançado. Com a baixa taxa de imunização há “o risco iminente de retorno dessas doenças, como o sarampo e a paralisia. Então, é preciso uma rápida intervenção para que a gente recupere essa cobertura vacinal”, o Dr. Kfouri alerta.

O especialista fala que é possível elencar alguns motivos que explicam esse cenário. O primeiro é que, como as vacinas fizeram as patologias “desaparecerem”, as pessoas pararam de se preocupar tanto com elas. Dessa forma, perdeu-se o senso de “urgência” e de necessidade de se vacinar. 

“Claro que tem outras questões envolvidas, tem um número muito maior de vacinas; número de visita à unidade de vacina maior; pai e mãe trabalhando, não podendo faltar tantas vezes; às vezes falta vacina no posto e as fake news. Em tempos de pandemia é claro que isso tudo piorou, o receio de levar filhos, crianças e de circular em unidades de saúde só fez baixar mais ainda essas coberturas que já não vinham ideais”, ele detalha.

Vale saber que, apesar da meta de imunização não ter sido alcançada dentro do prazo inicialmente divulgado, no estado de São Paulo mais de 70% das crianças já tomaram, pelo menos, a primeira dose contra a COVID-19. Entretanto, no Brasil, como um todo, até o momento, o Dr. Kfouri diz que não chegou a 30%.

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Vacina da COVID-19 para crianças

Atualmente, estão aprovadas e são administradas as vacinas Pfizer, em dosagem pediátrica, e do Instituto Butantã. Enquanto a do Butantã pode ser aplicada em pessoas de 5 a 11 anos, com um intervalo de 28 dias entre a primeira e segunda dose, a da  Pfizer é administrada a partir dos 5 anos, sendo a indicada para crianças imunossuprimidas, com um intervalo de oito semanas entre as aplicações.

Vacina da covid para crianças

“Nós tivemos o mesmo rigor que tivemos para vacinar adultos, adolescentes, idosos e gestantes. As vacinas passaram pelos mesmos estudos de fase 1, fase 2, fase 3, de segurança e eficácia. O que a gente vê, hoje, com mais de dezenas de milhões de vacinas aplicadas em crianças de 5 a 11 anos é que a segurança é enorme e os eventos adversos são raros – menores ou menos frequentes até que em adolescentes. Então, não tenha dúvida de que a vacina é muito segura”, o Dr. Kfouri garante. E acrescenta que para crianças com câncer o imunizante é ainda mais seguro e necessário.

A Drª. Fabianne Carlesse, médica oncologista e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, complementa explicando que tanto a COVID-19, quanto outras infecções e doenças podem levar o paciente oncológico a desenvolver um quadro mais grave e ameaçar sua vida. Sendo que, diversos estudos demonstram que a COVID-19 em crianças  em tratamento contra um câncer apresenta uma mortalidade maior, justamente por elas serem imunossuprimidas.

“Quando olhamos a população pediátrica em geral, a população mais acometida com doenças graves são os indivíduos imunossuprimidos. Então, a incidência da infecção por coronavírus nessas crianças pode acontecer de uma forma mais grave. Por isso toda a nossa preocupação e todo o nosso esforço em fazer todas as medidas de prevenção para que a doença não chegue nessas crianças”, a Drª. Fabianne esclarece.

Vacinas para pacientes oncológicos

A oncologista reafirma que a vacina contra a COVID-19 é extremamente segura para crianças em tratamento. Ela ressalta, porém, que essas pessoas não devem receber vacinas de vírus vivo atenuado. Isso acontece porque, como a imunidade dos pacientes oncológicos está enfraquecida, ao administrar uma vacina de vírus vivo atenuado, é possível que o sistema imunológico não consiga agir adequadamente e a pessoa venha a ter a infecção.

Vacinas da covid-19 para pacientes oncologicos

“Então, todas as vacinas de vírus vivo são contraindicadas durante o tratamento oncológico”, ela orienta. Por esse motivo, os imunizantes,  por exemplo, contra sarampo e febre amarela, não devem ser tomados durante a terapia antineoplásica, mas a vacina da gripe está liberada. 

Dessa forma,  se tratando da vacina da COVID-19 para crianças com câncer, o imunizante aplicado deve ser o de engenharia genética, que é o da Pfizer

Apesar dessa orientação, assim como acontece para a população geral, a vacina contra o coronavírus não gera nenhum risco para o paciente imunossuprimido.

“A única coisa que a gente fica preocupado com o paciente é de ele não desenvolver imunidade com a vacina. Então, ele recebe o imunizante e, o que se tem observado, é que o grau de imunidade desenvolvida é mais baixo do que na população geral. Mas, é melhor do que nenhuma imunidade. Então, ele pode, por conta de todo o tratamento ao qual está sendo submetido, ter uma resposta inferior à do indivíduo saudável”, a médica fala.

Por esse motivo que, no caso dos adultos, foi estipulada uma quarta dose para os pacientes imunossuprimidos.

A Drª. Fabianne Carlesse aponta que, de modo geral, não há contraindicações para vacinar as crianças. Mas, orienta que os pais ou responsáveis devem conversar com o médico oncologista para estabelecer qual o melhor momento de receber o imunizante.

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Fake news sobre as vacinas

Como o Dr. Kfouri elencou, um dos principais fatores que vem influenciando na baixa taxa vacinal geral são as notícias falsas. Com a vacina contra a COVID-19, especialmente no caso do público infantil, não tem sido diferente.

“Infelizmente, esperamos que com as crianças a gente não atinja uma meta tão alta quanto foi a de adultos. Isso porque foram muitas fake news, muitas notícias contrárias à vacinação, inclusive pelo ministério da saúde”, ele diz.

fake news sobre a vacina contra a covid-19

Uma das principais fake news que tem circulado sobre o assunto fala: “criança morre após vacina da COVID-19”. O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP assegura que “não há nenhuma morte relacionada, em nenhum lugar do mundo, às vacinas contra COVID-19 na pediatria. Não só aqui no Brasil, mas em nenhum lugar do mundo”. 

Outra notícia afirma que os imunizantes podem causar miocardite e que, por esse motivo, crianças e adolescentes estavam morrendo. O que também não é inteiramente verdade. Realmente há relatos de casos de miocardite nessa população. Mas, além de serem raríssimos, não levaram nenhuma pessoa à morte. 

O doutor esclarece que, a cada 1 milhão de doses aplicadas em adolescentes, de 40 a 50 pessoas desenvolveram miocardite, mas todos foram benignos. Já em crianças de 5 a 11 anos, o número de casos é quatro vezes menor e também sem nenhum desfecho fatal, até o momento, em nenhum lugar do mundo.

“Isso criou um ambiente de desconfiança, mas que, aos poucos, vem sendo superado, inclusive pela adesão da maior parte das crianças nesse momento. Vacinar as crianças é tão importante quanto vacinar os adultos. As crianças, embora agravem com menos frequência, têm COVID-19 longa, têm complicações e podem ser hospitalizadas. Hoje, essa é uma doença prevenível com vacina”, finaliza o Dr. Renato Kfouri.


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