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Como fazer a interpretação do laudo do PCR na LMC?

Interpretação laudo de PCR na LMC
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Última atualização em 6 de dezembro de 2023

Fazer o acompanhamento da leucemia mieloide crônica (LMC) por meio deste exame é indispensável

Fazer uma boa interpretação do laudo do PCR na LMC é fundamental para entender como a doença está reagindo ao tratamento. É indispensável que o paciente realize esse exame com a frequência indicada pelo médico e que os resultados sempre sejam avaliados pelo especialista. O principal objetivo é que, após 12 meses de terapia, a pessoa alcance uma resposta molecular maior.

O PCR é uma técnica utilizada para avaliar o tipo de DNA e a quantidade de DNA presente nas células. Então, por meio do PCR qualitativo, é possível identificar se a pessoa tem, ou não, a mutação genética causadora da LMC, o gene BCR-ABL. Já o PCR quantitativo permite analisar quantas moléculas desse gene estão presentes.

“Então, o qualitativo vai me dizer sim ou não, positivo ou negativo. Isso é importante para os pacientes de LMC. E, pelo quantitativo, eu consigo determinar quantas moléculas o paciente tem no início e durante o tratamento”, o Dr. Israel Bendit, médico hematologista responsável pelo Laboratório de Biologia Tumoral do Hospital das Clínicas da FMUSP e consultor de Biologia Molecular em doenças onco-hematológicas do DASA Genômica, esclarece

Ele complementa que o qualitativo sempre deve ser solicitado no momento do diagnóstico e o quantitativo, ao longo do acompanhamento. Isso porque o quantitativo, no diagnóstico, pode dar um resultado falso negativo.

“Por meio do quantitativo, a gente consegue só avaliar o tipo de BCR-ABL mais frequente, mas em 3% ou 4% dos casos têm um BCR-ABL raro e o quantitativo não os detectaria. Então é muito importante, no diagnóstico, o PCR qualitativo e, no monitoramento, o quantitativo”, o Dr. Bendit reforça. 

O principal motivo para realizar esse exame é saber como o corpo do paciente está reagindo ao tratamento com os inibidores de tirosina quinase. Por ele ter uma alta sensibilidade, é possível detectar precocemente se a pessoa está perdendo resposta à medicação.

Com isso, “nós podemos mudar a terapia até mesmo antes que a doença apareça na forma mais intensa”, o médico diz.

Interpretação do laudo do PCR na LMC

O Dr. Bendit comenta que entender os resultados pode ser um desafio tanto para os pacientes, quanto para os médicos. O maior obstáculo está no fato de não existir um laudo homogêneo entre os diversos laboratórios que realizam este teste. “Então, os laudos tendem a ser muito confusos.”

Resultado PCR LMC

A informação mais importante é saber qual a porcentagem de gene BCR-ABL em comparação com o gene controle (sem mutação), ou seja, a quantidade de BCR-ABL dividida pela quantidade de gene controle.

“Essa porcentagem deve ser comparada com uma tabela de resultados e todo laudo de monitoramento de BCR-ABL1 deve conter esse resultado”, o especialista ressalta.

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Resposta molecular completa

Considera-se que a pessoa alcançou uma resposta molecular completa quando não é mais possível identificar a presença do gene BCR-ABL.

“Às vezes o resultado vem como “indetectável” ou ele vem como 0%. Então, quando temos esse resultado, isso significa que, pela sensibilidade que eu tenho do meu teste, eu não consigo mais detectar o gene que está causando a doença neste indivíduo”, o doutor explica. 

Resposta molecular maior

Apesar deste ser um resultado muito positivo, ainda não se pode dizer que o paciente esteja curado. Mas há alguns estudos avaliando a possibilidade de interromper o tratamento quando essa resposta se mantém por, pelo menos, dois anos.

O Dr. Bendit ainda conta que existe a resposta molecular quase completa. “Se o paciente tiver, por exemplo, 0,0032%, eu posso dizer que esse paciente apresenta uma resposta molecular quase completa.” 

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Resposta molecular maior

Antigamente, usava-se a contagem por meio de números logaritmos e, por isso, dizia-se que houve uma queda de determinada quantidade de LOGs.

Por exemplo, um paciente, no momento do diagnóstico, tem 80% de BCR-ABL. Com o tratamento, essa porcentagem foi caindo, chegando a 8%, depois a 0,8% e, por último, 0,08%. Nesse caso, considera-se que houve uma queda de três LOGs.

Porém, em 2006, um grupo de pesquisadores se reuniu, viu que essa forma de análise causava muita confusão e criou a escala internacional. O Dr. Bendit alerta que um laboratório só pode afirmar que utiliza essa escala se, no laudo, estiver escrito “pelo fator de conversão internacional”.

“Se não tiver isso escrito, nós não podemos falar que o laboratório está usando a escala internacional”, ele reforça.

Para montar essa escala são feitas algumas contas entre a porcentagem de BCR-ABL, gene controle e LOGs. Depois disso, diz-se se a pessoa está em 100%, 10%, 1% e 0,1% da escala.

“Então, quando eu tenho uma queda de três LOGs significa que esse paciente tem 0,1% de BCR-ABL, que é o que nós chamamos hoje de resposta molecular maior. Esse é o grande objetivo do tratamento quando nós o iniciamos, que os pacientes cheguem a essa resposta molecular maior na escala internacional ao final de 12 meses de tratamento”, o Dr. Israel Bendit fala.

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