Quando a síndrome mielodisplásica tem cura?
Última atualização em 4 de agosto de 2023
O objetivo do tratamento para essa doença nem sempre é a cura, mas, quando é, o transplante de medula óssea costuma ser indicado. Já se o objetivo for o controle, outras terapias trazem melhores resultados
Em alguns casos, a síndrome mielodisplásica tem cura, mas, para a maioria dos pacientes, o objetivo do tratamento é o controle da doença. Atualmente, a única terapia curativa é o transplante de medula óssea (TMO), porém, por conta dos riscos envolvidos nesse procedimento, ele não é indicado para todas as pessoas. Quando o TMO não pode ser realizado, há uma série de medicamentos que podem ser utilizados para ajudar no funcionamento das células, lidar com os sintomas e não deixar que a mielodisplasia evolua para uma leucemia.
A síndrome mielodisplásica (SMD), também chamada de mielodisplasia, é uma doença que se desenvolve na medula óssea, mais especificamente nas células-tronco, que são responsáveis pela fabricação das células sanguíneas.
Na SMD, as células-tronco sofrem uma série de mutações genéticas e passam a ter problemas para produzir células sanguíneas maduras e saudáveis – elas são chamadas de clone displásico ou clone leucêmico. Com isso, há uma superpovoação de células jovens que são incapazes de exercerem corretamente suas funções, prejudicando a oxigenação do organismo, defesa do corpo contra agentes infecciosos e cicatrização de ferimentos.
O Dr. Eduardo Rego, coordenador da Hematologia da Oncologia D’or e professor titular de Hematologia da FM-USP, explica que o transplante de medula óssea (TMO) é o único tratamento que pode curar a síndrome mielodisplásica porque, quando ele é realizado, é feita a substituição das células-tronco do paciente pelas células-tronco do doador, que funcionam de forma saudável e eliminam os clones displásicos.
“Os demais tratamentos que nós temos conseguem prolongar a sobrevida de forma significativa e melhoram as alterações do sangue, mas não conseguem efetivamente acabar com o clone displásico”, o Dr. Rego complementa.
Indicação de transplante para síndrome mielodisplásica
O especialista diz que o TMO costuma ser indicado para casos em que a SMD tem um maior risco de evoluir para uma leucemia mieloide aguda (LMA), um tipo de câncer do sangue, pois “essa é uma das complicações da SMD mais temidas”. Entretanto, também deve-se levar em conta as características e condição de saúde do próprio paciente, já que o transplante pode causar complicações graves.
O Dr. Rego informa que o risco de evolução para uma LMA está relacionado ao tipo e a quantidade de mutações genéticas presentes no momento do diagnóstico. Ele descreve que as principais são as mutações no cromossomo 5 ou no cromossomo 7 e acrescenta que “quanto maior o número de alterações genéticas, também maior o risco de evolução.”
Para saber se o transplante é indicado, também é preciso avaliar as características e condição de saúde do paciente. Isso acontece porque “o TMO tem uma indicação restrita por ser um procedimento associado a um elevado risco de morte e complicações graves associadas ao próprio transplante”, o médico esclarece.
Por isso, são levadas em conta algumas questões como idade da pessoa, a resposta ao tratamento inicial e características do doador. Sendo que, para ajudar o médico a fazer essa avaliação, há diversas tabelas de pontuação que permitem estimar qual o risco de realizar o transplante.
O médico acrescenta que, por conta desses fatores, “em muitas situações, o transplante de medula óssea é contraindicado, já que o seu risco é maior do que seu benefício”. Mas, passando os períodos iniciais pós-transplante, quando há uma maior chance de complicação, a taxa de cura da síndrome mielodisplásica fica perto dos 60%.
“Uma vez feito o TMO, a resposta a longo prazo é boa”, ele fala.
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Tratamentos para síndrome mielodisplásica
Para pacientes com alto risco de evolução para LMA, mas que o transplante não é a opção recomendada, o Dr. Rego diz que o mais comum é usar os “agentes hipometilantes“, um grupo de medicamentos que visam modificar o controle genético de certas regiões do DNA, sendo que a mais comum é a azacitidina, seguida pela decitabina.
Já para aqueles com um risco baixo, “nós tentamos estimular a medula óssea por meio do uso de fatores de crescimento. Eles podem ser entendidos como moléculas ou hormônios que ajudam na produção de alguns tipos celulares”, o médico indica. Os principais são a eritropoetina, que estimula a produção de células vermelhas, e o a Filgrastim, que estimula a produção dos glóbulos brancos.
Caso o paciente responda bem a esses tratamentos, as terapias são mantidas. Entretanto, se a resposta for conforme o esperado, outras alternativas podem ser indicadas.
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Vivendo com a síndrome mielodisplásica
O Dr. Eduardo Rego afirma que a qualidade de vida dos pacientes depende muito de quão profunda é a desorganização da produção do sangue.
Então, há pacientes que têm a SMD, mas cujos níveis de hemoglobina, glóbulos brancos e plaquetas estão razoáveis e, por isso, têm uma vida quase normal.
Porém, por outro lado, há pacientes que os níveis de células sanguíneas estão bastante reduzidos e dependem de transfusões de sangue. Por conta da necessidade de transfusões frequentes, essas pessoas tendem a ter a sua qualidade de vida afetada.
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Tenho mielodisplasia em tratamento com elevada dose de eritropoetina semanal. Estou com um torcicolo severo aguardando consulta médica e gostaria de saber se posso, entrementes, usar dipirona pra aliviar a dor.
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