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Quando o câncer é considerado curado?

Quando o câncer é considerado curado
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Última atualização em 3 de julho de 2023

Enfrentar o diagnóstico de câncer pode ser uma experiência desafiadora e emocionalmente intensa. Durante o processo de tratamento, um dos maiores desejos dos pacientes é alcançar a cura. Entenda quando esse momento chega

Quando o câncer é considerado curado, significa que não há evidências da doença, tanto em exames clínicos quanto de imagem. No entanto, é importante distinguir a cura do controle do câncer. Enquanto a cura implica na eliminação completa da neoplasia, o controle se refere à manutenção da doença sob controle, evitando sua progressão. É importante realizar acompanhamento médico regular para verificar se a cura e o controle se mantém, mas é essencial lembrar que o foco deve ser na busca por uma boa qualidade de vida. 

A cura do câncer é alcançada quando, no momento em que o médico faz a avaliação, não encontra nenhuma “evidência clínica ou radiológica de que existe presença de doença ativa”, explica a Drª. Débora Gagliato, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Ela complementa que a definição de cura do câncer pode variar de acordo com diferentes fatores, incluindo o tipo de câncer, estágio da doença, tratamentos realizados e tempo transcorrido desde a finalização do tratamento. É importante entender que a cura do câncer não é um conceito absoluto, mas sim um processo complexo e individual.

Por isso, a Drª. Débora considera que a cura não é algo estático ou definitivo, é um estado. Ou seja, naquele exato momento da avaliação, não há presença de doença, dessa forma pode se considerar que o paciente está curado. Mas, é preciso realizar um acompanhamento médico frequente, durante um tempo, para garantir que a cura se manteve. 

Devido a esse motivo, geralmente, nos primeiros anos depois do fim do tratamento, considera-se que a pessoa está em remissão, que é quando não é possível encontrar sinais do câncer.

Quando o câncer é considerado curado?

Muitas vezes, o período de 5 anos é mencionado como um marco para determinar a cura. Entretanto, a Drª. Débora esclarece que essa referência é relativa e não é mais considerada tão precisa.

“Por exemplo, um câncer de mama que expressa receptor hormonal, mais de 50% das recidivas ocorrem depois do 5º ano. Pode vir 15, 20, 30 anos depois”, ela comenta e complementa contando que esse tipo de situação é chamada de recidiva tardia.

Médica e paciente avaliando rotina de exames após o câncer

Então, para a maioria dos casos, o câncer tem cura, mas o período que a doença precisa ficar em remissão, varia. Para algumas neoplasias, o período é de cinco anos, para outras é 10 e assim vai.

Esse intervalo de tempo recebe o nome de “período de vigilância” e é o momento pós-tratamento em que o paciente precisa ficar sob uma observação mais próxima. Durante essa etapa, é indispensável passar nas consultas médicas e realizar os exames solicitados conforme a orientação médica. 

É válido ressaltar que as análises variam de acordo com a doença, mas costumam incluir um exame de imagem e um hemograma completo, e que, geralmente, no começo, essas visitas médicas e exames são feitos a cada seis meses e, depois, estando tudo certo, aumentam para uma vez por ano.

Fora exames laboratoriais, a Drª. Débora enfatiza a importância da comunicação aberta entre médico e paciente durante esse período. É fundamental relatar quaisquer sintomas ou alterações no corpo para que o médico possa avaliar se há motivo para preocupação.

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Cura x controle do câncer

Enquanto a cura é a ausência do câncer, o controle significa manter a doença sob controle, impedindo a atividade de novos focos e a proliferação do tumor. Ou seja, o paciente ainda tem a presença da doença, mas ela está contida e não está ativamente se espalhando.

No caso dos cânceres sólidos, o controle pode ser o objetivo do tratamento quando o tumor está disseminado. Mas, nos cânceres hematológicos, ele significa que a doença está em remissão, como acontece com as leucemias crônicas.

Exames para acompanhar o controle do câncer

Tanto a leucemia mieloide crônica (LMC), quanto a leucemia linfoide crônica  (LLC) não são curáveis, mas são altamente controláveis por meio de medicamentos. No caso da LMC, o comprimido deve ser tomado de forma indeterminada – são raros os casos em que os pacientes podem interromper o tratamento – e, na LLC, a terapia é iniciada quando necessário e, depois que a leucemia alcança a remissão, para-se o tratamento.

Em ambos os casos, não há o alcance da cura tradicional, já que a LMC somente fica controlada por conta do uso dos medicamentos e devido ao fato da LLC poder retornar. Mas, elas alcançam uma espécie de cura funcional, que é equivalente ao controle. Assim, o paciente convive com a doença, ao mesmo tempo que consegue ter uma boa qualidade de vida.

Para os linfomas, esse conceito de cura funcional também pode ser aplicado.

“A definição clássica é o paciente estar sem a doença, ficar livre do câncer. Mas, a gente sabe que hoje, com alguns medicamentos mais recentes e modernos, é possível manter os linfomas em remissão, ou seja, com bom controle da doença, sem necessariamente acabar com o linfoma, mas mantendo a qualidade de vida. Isso também, de certa forma, é uma cura”, informa o Dr. Andre Abdo, onco-hematologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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Convivendo com a cura funcional

O Dr. Adbo compara esse tipo de cura do câncer com algumas doenças crônicas controláveis, como é o caso da diabetes e da pressão alta. 

“Para grande parte dos pacientes, vamos tentar curar e será possível conseguir. Para a parte que não conseguimos, fazemos essa ‘cronificação’, que, na verdade, é manter a doença estabilizada com qualidade de vida. E isso também pode ser entendido como cura.”

Vida após o câncer

A Drª. Débora Gagliato aconselha: “é muito importante que o paciente saiba que ele não deve viver pensando na doença e sim pensando na sua vida. Obviamente, ele deve ser aderente ao tratamento, deve vir aos encontros médicos e às consultas quando necessário, mas é sempre importante mostrar o caminho da vida, o caminho de que há sim boa qualidade. Ele não deve ficar pensando na doença, deve viver pensando na vida. Se não, se ele for tratar e só viver pensando nisso, às vezes, nem vai valer a pena ser submetido a tantos tratamentos.”

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