Estatísticas de linfoma no Brasil mostram cenário preocupante
Última atualização em 27 de abril de 2022
O diagnóstico precoce poderia ser uma ferramenta valiosa para os pacientes. Mas o cenário brasileiro indica que há uma demora impactante
Um estudo avaliou as estatísticas de linfoma no Brasil e apontou que houve um aumento significativo na quantidade de novos diagnósticos da doença e na taxa de mortalidade dos pacientes. A análise ainda indica que esse resultado pode ser, em partes, explicado devido à demora para descobrir o câncer. Para melhorar esse cenário, propõe-se melhorar a capacidade de identificar precocemente a patologia, impactando nas chances de cura e também ajudando os cofres públicos.
O linfoma é uma neoplasia maligna que acontece quando os linfócitos, responsáveis pela proteção contra infecções e doenças, sofrem mutações genéticas e se transformam em células malignas. Essas células passam a se multiplicar de forma descontrolada, “contaminando” o sistema linfático. A doença é dividida em dois grupos, o linfoma de Hodgkin (LH) e o linfoma não-Hodgkin (LNH), que, por sua vez, é dividido em mais de 80 subtipos.
De acordo com o estudo realizado pelo Observatório de Oncologia, entre 2010 e 2020, foram 91.468 novos diagnósticos de linfoma no Sistema Único de Saúde (SUS). O LNH foi mais predominante, representando 74% dos casos, e os homens foram os mais atingidos (55%). Ainda não se sabe o motivo, mas o número de LNH duplicou nos últimos 25 anos.
Apesar da faixa etária mais acometida ser a dos 60 a 69 anos, os pacientes de LH eram mais jovens, com média de idade de 33 anos. Já para o LNH, a média de idade foi 54 anos.
Estatísticas sobre o tratamento de linfoma no Brasil
Os principais tratamentos para linfoma são a quimioterapia e a radioterapia. No SUS, durante o período analisado, foram realizados 721.096 procedimentos de alta complexidade em ambulatório.
Em média, cada tratamento custa aos cofres públicos R$11.118,45. Sendo que, entre 2011 e 2014 o gasto por paciente foi superior a esse valor.
Procedimentos de alta complexidade realizados no SUS para linfoma em porcentagem
Um dos fatores que é avaliado pela equipe médica para definir qual o melhor tratamento é o estadiamento do linfoma. Isto é, o quanto a doença se espalhou pelo corpo. Os dados demonstraram que, na maioria dos casos, o câncer foi identificado em estágio 0, I e II. Sendo que 60% das pessoas com LH receberam o diagnóstico precocemente, mas esse número cai para 53% quando falamos dos pacientes de LNH.
Essa baixa taxa tem duas principais consequências: 1) diminuição das chances de cura da doença e 2) o encarecimento do tratamento para os cofres públicos. O Observatório de Oncologia aponta que quanto mais avançado o estágio no momento do diagnóstico, mais caro será o tratamento. Ou seja, o tratamento para estágios 0, I e II é menos custoso que a terapia para estágios III e IV. No caso dos linfomas, o tratamento para esses estágios avançados fica com um custo 34% superior.
Diferenças entre o linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin
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Mortalidade por linfoma
Ao todo, durante 2010 e 2019, foram registrados 48.839 mortes pela doença – uma média de 4.884 por ano. Sendo que, em 2019, houve o maior número de óbitos (5.455) do período. As principais vítimas foram pacientes do sexo masculino (55%), com mediana de 64 anos de idade, e a maior parte (89%) tinha LNH.
A média da taxa bruta de mortalidade no país é de 2,6 a cada 100 mil habitantes. Apesar de São Paulo ter registrado o maior número de óbitos, o Rio Grande do Norte teve a maior taxa bruta do país, 14,1 a cada 100 mil habitantes. Outros seis estados também tiveram taxas superiores à média brasileira, sendo eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Paraná e Mato Grosso do Sul.
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Importância de conhecer as estatísticas de linfoma no Brasil
O estudo conclui que conhecer o panorama do diagnóstico de linfomas nos pacientes tratados no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 11 anos é um desafio para o planejamento estratégico da saúde. O diagnóstico precoce é uma valiosa ferramenta para o controle da doença para possibilitar melhores desfechos, além de diminuir os gastos com tratamento no país. É necessário que medidas efetivas sejam tomadas para antecipar o diagnóstico, principalmente, para portadores de LNH cujo tipo possui maior percentual de pacientes diagnosticados tardiamente e o início do tratamento também demorado, visto que esse é um aspecto importante para melhor prognóstico e controle do câncer.