Leucemia mieloide aguda (LMA) M3: o que é, sintomas e tratamentos
Última atualização em 6 de maio de 2022
Devido a uma mudança na classificação da LMA, há alguns anos, a doença passou a ser chamada de leucemia promielocítica aguda. Apesar de poder ser fatal, as chances de cura dessa leucemia são altas
A LMA M3 é um subtipo da leucemia mieloide aguda que tem como principal característica uma maior probabilidade do paciente ter trombose e hemorragia. Por esse motivo, seu tratamento é diferente das outras LMAs. Esse nome, entretanto, não é mais tão utilizado, porque esse estadiamento não fornece informações suficientes aos médicos. Assim, hoje em dia, essa doença é conhecida como leucemia promielocítica aguda (LPA).
A Profª. Drª. Flávia Dias Xavier, médica hematologista do DF Star e Coordenadora da Hematologia da Oncologia D’Or no Distrito Federal, conta que a LMA M3 representa somente 10% de todas as LMAs, sendo que a doença pode se desenvolver em pessoas de qualquer idade. Porém, é mais comum em adultos de meia-idade, com mediana de 44 anos.
A leucemia promielocítica aguda acontece quando há uma translocação (fusão de uma parte de um cromossomo com outro) entre os cromossomos 15 e 17. Originando, assim, um gene anormal, chamado de “PML/RARA” e causando uma infiltração na medula óssea de promielócitos anormais. A LPA pode aparecer na forma hipergranular, que é a mais comum, e a microgranular. Essa classificação se dá conforme as características da célula doente e quantidade de leucócitos presentes.
De acordo com a médica, esses promielócitos malignos produzem quantidades excessivas de um fator que ativa o processo de coagulação do sangue e de citocinas. Todo esse excesso faz com que também haja uma enorme fabricação de trombina e acaba por gerar diversos coágulos sanguíneos, o que aumenta o risco de trombose.
Ao mesmo tempo, como há todo esse gasto de substâncias na formação dos coágulos “ruins”, não sobra recurso suficiente para gerar coágulos “bons”, que são responsáveis por interromper sangramentos. Além disso, quando o corpo consegue desenvolver esses coágulos “bons”, os promielócitos fazem com que eles sejam eliminados mais rapidamente que o normal. Ambas as condições contribuem para as hemorragias.
Sintomas de leucemia promielocítica aguda
Assim como acontece nas outras leucemias agudas, a LMA M3 pode causar:
- Cansaço
- Infecções/febres constantes e
- Sangramentos
“Mas ela, frequentemente, apresenta-se também com coagulação intravascular disseminada (CIVD), que se manifesta tanto por tendência a sangramento quanto por trombose venosa ou arterial, incluindo casos graves de sangramento intracerebral, tromboembolismo pulmonar e infarto”, a Drª. Flávia descreve.
Qual é o tipo de leucemia mais grave?
A gravidade da doença determina o tratamento, mas, nem sempre quer dizer que aquele câncer é mais perigoso
Tratamento da LMA M3
Justamente por conta das questões relacionadas às deficiências na coagulação sanguínea, essa leucemia é tida como um subtipo mais agressivo e potencialmente fatal. Entretanto, isso não significa que não é possível tratá-la. Muito pelo contrário. Na verdade, há diversas opções terapêuticas e é fundamental iniciá-las precocemente para minimizar a mortalidade por hemorragias ou tromboses.
A especialista detalha que “o tratamento da LPA é feito com quimioterapia de indução, seguida de consolidação com ou sem manutenção. Isso depende do protocolo e classificação de risco do paciente. Aqueles com doença de baixo risco são, tipicamente, tratados com regimes de consolidação menos intensivos em comparação aos de alto risco.”
No momento do diagnóstico, a LPA é considerada:
De baixo risco ou intermediário – se a quantidade de leucócitos for menor ou igual a 10.000/microL (≤10 x 109/L)
De alto risco – se a quantidade de leucócitos for maior que 10.000/microL (>10 x 109/L)
O principal medicamento nessa etapa é o ácido all-transretinoico (ATRA), usado para reduzir a população de células doentes.
“No entanto, o ATRA deve ser combinado com outros agentes, pois as remissões induzidas apenas pela terapia com ATRA são de curta duração, com duração média de apenas cerca de 3 a 5 meses”, a hematologista pontua.
Por isso, atualmente, há vários possíveis protocolos disponíveis. Na maioria dos casos, o ATRA é associado à quimioterapia à base de antraciclina.
Mas, a médica diz que estudos mais recentes sugerem que a combinação ATRA com trióxido de arsênio (ATO) gera os mesmos resultados – talvez até superiores – especialmente nos pacientes de risco baixo ou intermediário. Sendo que causa uma menor mielotoxicidade, menor cardiotoxicidade, menos mortes na indução e apresenta menores taxas de recaída.
Já para os pacientes de alto risco, o mais indicado é realizar a terapia com ATRA e quimioterapia.
É importante saber que a LMA M3 tem uma diferença significativa em comparação com outras leucemias mieloides agudas. Isso acontece porque o tratamento com o ATRA deve ser iniciado o mais rápido possível. Ele deve começar antes mesmo de saírem os resultados dos exames confirmatórios moleculares e/ou citogenéticos. Isso acontece porque, essa prática impacta favoravelmente na redução da mortalidade precoce por sangramento.
Em 90% dos casos, a LMA M3 entra em remissão hematológica completa após a indução. Mas, sem a terapia de consolidação, “praticamente 100% dos pacientes recai”, a Drª. Flávia afirma. Por isso, a consolidação é uma etapa importante.
Geralmente, os pacientes de baixo risco são tratados com protocolos menos intensos. Assim, não utilizar o ATRA para esses casos é uma possibilidade que está em investigação.
Se a indução foi realizada com ATRA + quimioterapia, administrar o ATO na consolidação tem se mostrado uma boa estratégia. Isso acontece pois ele parece melhorar a sobrevida livre de eventos adversos e a sobrevida livre de doença. Ainda mais para a LPA de alto risco. Também para esse grupo, adicionar a citarabina no protocolo parece reduzir as taxas de recaída.
“Após a terapia de consolidação, os pacientes são avaliados quanto à remissão molecular por RT-PCR em amostras de medula óssea”, a médica salienta.
Inicialmente, os estudos randomizados indicavam que a terapia de manutenção reduzia as chances de recaídas e melhorava a sobrevida livre de doença. Mas, isso foi antes da inclusão do ATO na fase de consolidação. Depois que esse medicamento passou a ser usado, houve uma melhora nos resultados, como falado anteriormente.
Com isso, a Drª. Flávia explica que há uma discussão sobre haver, ou não, a necessidade de fazer a manutenção para pacientes que atingem uma remissão molecular completa. Ou seja, para aqueles que negativam o PCR.
Por outro lado, quando a pessoa não teve acesso ao ATO para indução ou consolidação, deve passar pela manutenção.
LMA M3 tem cura
“Vale lembrar que sem tratamento, a LPA tem uma mediana de sobrevida muito curta, de menos de um mês, devido a sangramento descontrolado. Por outro lado, se tratada adequadamente, a sobrevida livre de recaída em 3 anos varia de 70%, no grupo de LPA de alto risco, a 98%, no grupo de LPA de baixo risco, tratado com ATRA+quimioterapia. Podendo ser ainda melhor nas combinações que incluem o ATO”, a Drª. Flávia diz.
Tratamento da leucemia mieloide aguda poderá contar com novo tipo de droga
Estudo brasileiro detecta uma proteína que influencia no prognóstico da LMA e pode ser usada como alvo para futuras terapias
Porquê da mudança de nome
O estadiamento da leucemia mieloide aguda como M3 se dava por conta do sistema de estadiamento Britânico-Americano-Francês (FAB). Esse esquema foi desenvolvido por um grupo de especialistas franceses, americanos e britânicos em 1976. Eles dividiram a LMA com base no tipo de célula da qual a leucemia se originava e no quão maduras elas estavam e as classificaram de M0 a M7.
“Os subtipos M0 a M5 começam em formas imaturas de glóbulos brancos. A M6 começa em formas muito imaturas de glóbulos vermelhos, enquanto LMA M7 começa em formas imaturas de células que produzem plaquetas”, conta a hematologista.
Essa classificação foi utilizada durante anos, mas não fornecia informações suficientes quanto às características cariotípicas e genéticas. Sendo que esses dados são importantes para determinar como será o tratamento. A única exceção era justamente no caso da LMA M3. Pois, somente esse diagnóstico mais “superficial” era o necessário para indicar o início rápido da terapia com o ATRA.
Entretanto, para os outros subtipos, o Sistema FAB não oferecia todas as informações necessárias. Com isso, ele ficou defasado e foi substituído pela Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizada em 2017. Essa nova classificação leva em conta as alterações genéticas e moleculares e as utiliza para determinar a classificação e prognóstico da LMA. Assim, a LMA M3 passou a ser chamada de leucemia promielocítica aguda.
Gostaria de saber, com as medicações e fazendo quimioterapia o paciente pode sobre viver, ou vai fica vendendo com essa doenças resto da vida
Olá, Juciara, como vai?
Se tratando da LMA, essa é uma doença curável, então os tratamentos disponíveis atualmente podem sim eliminar completamente a doença e o paciente só precisaria realizar acompanhamento. Porém, em alguns casos, a doença pode voltar (o que os médicos chamam de recidiva) e seria necessário tratá-la novamente. Mas, o objetivo do tratamento é sim eliminar a leucemia.
Há outros cânceres, entretanto, como a leucemia linfoide crônica, que, como o próprio nome já indica, é uma doença crônica. Então, o objetivo é controlá-la, mas o paciente terá que lidar com ela durante toda sua vida. Porém, nesse caso, o mais comum, é que a pessoa consiga ter uma boa qualidade de vida, mesmo tendo o câncer.
Nós temos uma matéria sobre a cura do câncer que aborda essa questão de cânceres curáveis e controláveis que achamos que a senhora se interessaria bastante! Caso queira lê-la, vamos deixar o link a seguir: A cura do câncer já existe?
Abraços!
Boa Noite recentemente onde trabalho duas pessoas que fazem parte da mesma equipe foi diagnosticados com lma m3 aguda em menos de um mês as duas tiveram um AVC esquemico e uma veio a óbito no dia 10/03 trabalhamos em um ambiente químico pode ser uma coincidência ou alguma radiação pode causar essa doença ambos ja trabalha lá a mais de 15 anos estamos com medo
Olá, Rosangela, como vai?
No caso das leucemias, não há fatores de risco bem definidos, mas há algumas coisas que aparentam aumentar as chances de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer e a exposição a certos produtos químicos é uma dessas coisas. Isso não quer dizer que todos que trabalham no mesmo local que a senhora terão leucemia, mas, algumas pessoas podem ter uma maior chance.
É muito importante que tanto a senhora, quanto seus colegas de trabalho fiquem atentos a sinais e sintomas que possam estar relacionados à leucemia. Como: manchas roxas pelo corpo, fadiga, infecções frequentes, perda de peso sem motivo aparente, anemia, sangramentos e dor nos ossos.
A principal forma de suspeitar de uma leucemia, além da presença desses sintomas, é por meio do hemograma. Então, nós acreditamos que seria importante todos que trabalham há bastante tempo façam, pelo menos, uma vez por ano o exame de sangue completo. Também é importante que vocês comentem com os médicos sobre esse contato com os produtos químicos e dos casos de leucemia que foram diagnosticados, assim eles podem verificar se é preciso fazer algum acompanhamento mais de perto.
Abraços!
Minha namorada faz tratamento da LMA M3 e quando estava na 1ª internação uma das médicas falou que não poderia mais ter filho. Graças a Deus e ao tratamento hoje ela está melhor na fase de manutenção, e gostaria de saber se futuramente poderemos ter filhos
Olá, Lean, como vai?
O que acontece é que a quimioterapia tende a afetar a fertilidade dos pacientes e, geralmente, faz com que não haja mais óvulos saudáveis no corpo da mulher. Por isso, muitas não conseguem engravidar após o tratamento.
Nós temos algumas matérias que falam sobre fertilidade e tratamento oncológico! Vamos deixar os links para elas, para que você e sua namorada possam entender melhor o que acontece com o corpo nessas situações:
Preservar a fertilidade: ter um filho após o câncer
A quimioterapia pode causar menopausa precoce
Homem que faz quimioterapia pode ter filhos?
O ideal, é que a sua namorada busque um especialista em fertilidade, para fazer uma avaliação, e identificar se ela ainda tem algum óvulo saudável que possibilitaria a gravidez no futuro. Havendo essa possibilidade, também é importante que ela converse com o onco-hematologista responsável pelo tratamento para verificar quando seria o momento mais adequado.
A senhora já conhece o trabalho da Abrale?
Nós somos uma ONG que auxilia pacientes com algumas doenças hematológicas, como a leucemia, por meio de diversos serviços gratuitos! Caso tenha interesse, pode entrar em contato com o nosso Apoio ao Paciente, para que a gente possa conversar mais, te contar sobre nosso trabalho e apoiarmos você como precisar. Basta enviar uma mensagem para o nosso WhatsApp 11 3149-5190 (ou clique no link) para que possamos fazer o seu cadastro! Só pedimos para que, no primeiro momento, não envie áudio para que nosso sistema possa entender a sua demanda e encaminhar para o departamento correto.?
Você também pode entrar em contato conosco por estes canais:
– Telefone: 11 3149-5190 ou 0800-773-9973
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Ficamos no aguardo do seu contato ?
Abraços!
Bom dia me chamo Rosangela,fui tratada em 2011 com leucemia LMA M3 fiz 5 anos de quimioterapia,tive várias complicações 7 derrames ma pleura,1 AVC , pancreatite, complicações nos rins ,fiquei 6 meses com dificuldade de enxergar ,tive que aprender a andar novamente….entre outras complicações…hj graças a Deus me curei os médicos falaram que não poderia ter filhos hj Tenho 2 filhos lindos ….sofri muito mas me recuperei graças a Deus
Hj sofro somente com a discriminação das pessoas a respeito de emprego ,quando falo na entrevista que ja tive estes problemas sou descartada da vaga na mesma hora….
Olá, Rosângela, como vai?
A senhora teve uma jornada de muita força e fé, e nós ficamos imensamente felizes de saber que os obstáculos e desafios foram superados! 🥰 Desejamos que a próxima etapa da sua jornada seja muitíssimo feliz.
Infelizmente, não há uma lei que aborde especificamente a descriminação por conta do câncer, mas caso seja possível comprovar que o câncer é o motivo para não te contratarem, isso se caracteriza como uma descriminação e a Lei 9.029/95 proíbe condutas que possam impedir o acesso ao emprego ou à manutenção desse emprego.
Caso a senhora queira ajuda com essa ou outras questões relacionadas a leucemia/o tratamento, a equipe da Abrale está à disposição! Nós oferecemos Apoio ao Paciente, Apoio Psicológico e Apoio Jurídico gratuitamente 🥰
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Ficamos no seu aguardo 🥰
Abraços!
Queria saber o porque que os medicamentos usados no tratamento de outras leucemias podem causar hemorragias na Lma m03
Olá, Kamilly, como vai?
Na verdade o que causa uma maior propensão nesse tipo de leucemia é a própria leucemia, por conta das mutações genéticas que dão origem a ela, não, o tratamento. Mas, é preciso ficar atento ao tipo de tratamento realizado e iniciá-lo o quanto antes.
Qualquer outra dúvida, ficamos à disposição!
Abraços!
Meu filho de 7 anos foi Diagnosticado recentemente com essa M3. Vi que esse tipo afeta mais adultos. Gostaria de saber o que se sabe quando ela afeta crianças?
Olá, Heury, como vai?
Apesar da LMA M3 (também chamada de LPA) ter uma leve predominância em adultos de meia idade, ela pode afetar pacientes de qualquer idade. Por isso, há tratamentos bem estabelecidos para todas as faixas etárias!
Se o senhor tiver alguma dúvida sobre a LMA M3, alguma dúvida mais específica sobre o caso do seu filho ou sobre o tratamento proposto, o Apoio ao Paciente da Abrale está à disposição!
Nós somos uma ONG que auxilia pacientes e familiares de pacientes com algumas doenças hematológicas, como a TE, por meio de diversos serviços gratuitos! Caso tenha interesse, pode entrar em contato com o nosso Apoio ao Paciente, para que a gente possa conversar mais, te contar sobre nosso trabalho e apoiarmos você como precisar. Basta enviar uma mensagem para o nosso WhatsApp 11 3149-5190 (ou clique no link) para que possamos fazer o seu cadastro! Só pedimos para que, no primeiro momento, não envie áudio para que nosso sistema possa entender a sua demanda e encaminhar para o departamento correto.?
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