Skip to content

Inibidores de tirosina-quinase fizeram história na Oncologia

Pilulas de inibidores de tirosina-quinase
Compartilhe

Última atualização em 9 de fevereiro de 2022

Por conta do mecanismo de ação desses medicamentos, os tratamentos de diversos tipos de cânceres foram beneficiados e os pacientes podem ter melhor qualidade de vida

Escrito por: Natália Mancini

Os inibidores de tirosina-quinase (ITQ ou, em inglês, TKI) são medicamentos de uso oral que têm como função bloquear as atividades das enzimas tirosina-quinase. Esse tipo de tratamento tem sido bastante usado para tratar diversos tipos de cânceres, mas revolucionou principalmente o tratamento de leucemia mieloide crônica (LMC), com a chegada do imatinibe. Por atuar especificamente nessas enzimas, essas drogas, geralmente, causam menos efeitos colaterais e permitem que o paciente tenha uma boa qualidade de vida e viva por muitos anos.

O Dr. Jacques Tabacof, onco-hematologista do Grupo Oncoclínicas, conta que, atualmente, os  inibidores de tirosina-quinase servem como ferramentas fundamentais para o tratamento oncológico. Sendo que a primeira droga que fez um grande sucesso, por trazer resultados muito positivos, foi o imatinibe para a LMC

Além disso, hoje em dia, a “Onco-Hematologia também conta com os inibidores da tirosina-quinase bruton, ibrutinibe e acalabrutinibe. Fora o venetoclax, inibidor de BCL2 para tratamento de leucemia linfoide crônica (LLC) e leucemia mieloide aguda (LMA)”, pontua o médico.

Já para os tumores sólidos, ele diz que também há diversos ITKs de uso rotineiro. Por exemplo, para o câncer de pulmão, há inibidores EGFR, ALK e outros. E no caso do câncer de rim e fígado, há inibidores que bloqueiam o receptor de tirosina-quinase VEGFR, dentre outros receptores.

Como atuam os inibidores de tirosina-quinase?

O mecanismo de ação desses medicamentos funciona justamente inibindo (bloqueando) a enzima tirosina-quinase. Ou seja, na superfície da célula acontecem uma série de sinalizações, que são responsáveis pela transformação das células neoplásicas, e o ITKs agem interrompendo essas sinalizações. 

Sinal de bloquear

“Eles são concebidos para se acoplar e inibir especificamente determinados receptores que estão alterados na célula neoplásica, não interferindo na sinalização das células normais. No tratamento da LMC, por exemplo, o imatinibe bloqueia a tirosina-quinase BCR-ABL, que causa a LMC, controlando de maneira formidável a doença”, o especialista complementa.

Justamente por atuarem de forma específica, os inibidores tendem a causar efeitos colaterais diferentes e menos intensos quando comparados com a quimioterapia tradicional, que por não ter uma ação direcionada, também acaba danificando as células saudáveis.

Leia também:

Tratamento com os inibidores de tirosina-quinase

De acordo com o Dr. Tabacof, os inibidores de tirosina-quinase são administrados pelo próprio paciente via oral, em sua casa e de forma contínua, já que na maioria das vezes o medicamento é em formato de comprimido. E, paralelamente, é preciso fazer um acompanhamento frequente com o onco-hematologista.

Tratamento oncológico com inibidores de tirosina-quinase

“O tratamento com inibidores de tirosina-quinase exige acompanhamento cuidadoso com hematologista ou oncologista. Isso acontece porque eles apresentam efeitos colaterais, necessitando uma contínua avaliação de riscos e benefícios”, o médico orienta.

Além da questão das reações adversas, ele explica que as consultas também servem para monitorar a resposta hematológica do paciente. Isso vale especialmente para as pessoas com LMC.

“Para esses casos, durante as consultas de acompanhamento, verificamos a resposta hematológica por meio da melhora progressiva dos índices do hemograma, além da diluição progressiva dos transcritos BCR-ABL, que avalia a resposta molecular mais profunda da doença”, esclarece.

ITKs e tratamento da LMC

O médico reforça que esses medicamentos revolucionaram completamente o tratamento e curso da LMC e salienta que, por conta disso, hoje, os pacientes podem esperar uma vida praticamente normal em termos de qualidade e longevidade. 

Atualmente, há 5 inibidores de tirosina quinase existentes para o tratamento: imatinibe, nilotinibe, dasatinibe, bosutinibe e ponatinibe. Entretanto, no Brasil, o bosutinibe ainda não está aprovado pela Anvisa. Sendo assim, os portadores brasileiros de LMC contam com os outros quatro inibidores como opção de terapia.

Homem jovem tomando remédio

O mais comum é que o tratamento seja iniciado com o imatinibe por ele ser o mais conhecido e que está há mais tempo no mercado. Por esse motivo, ele é chamado de “tratamento de primeira linha”. Caso o paciente não apresente os resultados esperados ou apresente intolerâncias significativas a esse primeiro medicamento, é indicado algum dos medicamentos de segunda geração, sendo eles: nilotinibe, e dasatinibe. Nos países onde o bosutinibe já foi aprovado, como é o caso dos Estados Unidos, o medicamento entra nesse grupo.

Por último, considerado como tratamento de terceira geração está o ponatinibe.

“Ele é um inibidor de tirosina-quinase de terceira geração, que funciona também na mutação T315I”, o Dr. Tabacof informa.

Dentre os principais efeitos colaterais que cada um desses medicamentos podem causar, o médico destaca:

  • Imatinibe: pode causar retenção hídrica (edema)
  • Nilotinibe: pode causar problemas hepáticos e alterações de eletrocardiograma
  • Dasatinibe: pode causar derrame pleural ou pericárdico
  • Bosutinibe: pode causar retenção hídrica (edema) e
  • Ponatinibe: pode causar trombose e problemas cardíacos

Entretanto, o Dr. Jacques Tabacof afirma que “com o acompanhamento cuidadoso pela equipe médica e multiprofissional, o uso de todos eles é muito seguro. ”

Leia também:

ITKs em falta

Durante o ano de 2021, os pacientes de LMC brasileiros, que utilizam o dasatinibe, enfrentaram problemas no fornecimento desse medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A falta do dasatinibe na versão de 20 mg teve início no segundo trimestre do ano e se estendeu até, pelo menos, novembro. Já no terceiro trimestre, além de não acontecer a distribuição da versão de 20 mg, a distribuição do remédio de 100 mg foi feita com pendências.

Mulher perguntando sobre remédios

O Ministério da Saúde divulgou uma nota em 8 de setembro afirmando que  iniciou ‘o processo de aquisição com a antecedência devida’, mas que ‘não foi possível concluir tempestivamente” por “situações alheias e supervenientes”. 

Ainda de acordo com o Ministério, uma nova compra foi feita em 23 de agosto e a previsão de entrega do dasatinibe seria para o final de setembro. Entretanto, a Abrale continua recebendo reclamações sobre a falta do medicamento em diversos locais do país mesmo após essa data.

Caso você esteja com dificuldade de retirar o seu inibidor de tirosina-quinase, entre em contato com o Apoio ao Paciente da Abrale pelos telefones 11 3149-5190 ou 0800-773-9973.


Compartilhe
Receba um aviso sobre comentários nessa notícia
Me avise quando
2 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments

Gostaria de saber se esses medicamentos mencionados no artigo acima também podem ser usados para quem sofre de LGL de células T.( leucemia de grandes linfócitos granulares de célula T).
Se não, além do metatrexato, ciclofosfamida e ciclosporina , qual seria o próximo passo no tratamento de LGL DE CELULA T.
Sofro dessa doença desde 2018, e já usei os 3 medicamentos. Atualmente , uso ciclosporina 250mg ao dia, há 2 anos.
Isso está reduzindo muito a minha imunidade. Teria q usar uma nova opção????

Back To Top