Quarto de isolamento do TMO – Muitos cuidados são necessários!

Última atualização em 29 de julho de 2021

Ficar atento com a higiene é essencial para que os pacientes recém-submetidos ao TMO não contraiam infecções e consigam se recuperar

O transplante de medula óssea (TMO) é um procedimento que, em alguns tipos de câncer hematológico, pode leva à remissão. Porém, é necessário ter um cuidado extremo em relação à higiene, pois o paciente fica mais suscetível a contrair infecções. Por isso, o hospital precisa ter um quarto de isolamento com medidas específicas para evitar complicações.

Essa maior probabilidade de contrair infecções acontece porque o TMO atinge profundamente o sistema imunológico. Isto é, há uma queda muito grande na imunidade do paciente devido às altas doses de radioterapia ou quimioterapia que são utilizadas no preparo para esse procedimento.

“O período mais crítico é o tempo antes da ‘pega’, ou enxertia, da medula óssea, após o primeiro mês do transplante. Porém a queda da imunidade permanece por alguns meses, melhorando progressivamente”, diz a Drª. Maria Cristina Macedo, coordenadora técnica da área de TMO do IBCC Oncologia.

A primeira situação que deve ser controlada para evitar qualquer complicação é o quarto no qual o paciente ficará internado.

Como é o quarto de isolamento de TMO?

Fisicamente, ele é semelhante aos outros quartos. Entretanto, ele deve conter banheiro privativo, ou seja, o paciente não deve dividi-lo com ninguém. Além também da recomendação que o ar do ambiente possua pressão positiva e filtro HEPA.

“Dessa forma, o ar que entra no quarto, passa, inicialmente, por um filtro, diminuindo as chances de infecção por fungos. Esse ar filtrado flui em uma direção: filtro -> quarto-> corredor. Assim, impede que o ar do corredor entre no quarto, mantendo as características do ar filtrado”, a Drª. Maria Cristina explica.

Esses cuidados com o ar não são obrigatórios para os TMO autólogos, quando a medula é do próprio paciente. Entretanto, são altamente recomendados nos haploidênticos e alogênicos aparentados e não aparentados, pois nesses tipos a chance de contrair infecção é maior. 

Outro cuidado essencial no quarto de TMO é com a água utilizada! Para a ingestão, recomenda-se que ela seja mineral e que tenha sido fornecida pelo hospital. 

Já a água que é utilizada para escovação dos dentes, banho e afins passa por um rígido controle de qualidade. Esse processo serve para garantir que não haja nenhuma bactéria que possa causar complicações ao paciente imunocomprometido.

Não é necessário que a pessoa recém-transplantada utilize a máscara de prevenção dentro do próprio quarto. Entretanto, caso ela tenha que sair para realizar exames, por exemplo, é recomendado colocá-la.

Visitação no quarto de isolamento

Apesar do paciente precisar ficar isolado, a Drª Maria Cristina ressalta ser recomendado ter sempre um parente ou cuidador o acompanhando.

Quanto às visitas em si, não só pode como é incentivado que a pessoa receba acompanhantes durante a internação. Entretanto, eles devem ser restringidos a pessoas próximas e que farão diferença na recuperação.

As regras para entrar em contato com o paciente são fundamentais e valem para visitas externas e para a equipe médica também. 

– Antes de entrar no quarto, lavar bem as mãos e utilizar álcool em gel. Essa lavagem precisa ser eficiente e repetida todas as vezes antes de encostar no paciente, depois de encostar nele e sempre que manipular algum objeto que esteja próximo a ele.

– Não fazer visitas em caso de sintomas de gripe. “No caso dos profissionais da saúde, é obrigatório o uso de máscara cirúrgica. Isso acontece porque há um risco de transmissão na fase de incubação, ou seja, antes que existam sintomas evidentes. Em tempos de surto por infecções, como o coronavírus, isso fica muito mais claro”, diz a especialista. 

Os mesmos cuidados devem ser seguidos quando o paciente receber alta e for para casa, principalmente nos primeiros três meses. Além disso, apesar do paciente não estar proibido de sair de casa, devem ser evitados lugares fechados e com aglomerações.

Dependendo da evolução da recuperação e de cada caso, esses cuidados podem durar mais de três meses. Isso será definido de acordo com a orientação médica. 

“Não devemos generalizar todos os cuidados, pois os pacientes e os transplantes são diferentes. Cada caso tem sua particularidade”, diz a Drª. Maria Cristina.

Há algum objeto que não possa ser levado para o quarto de isolamento?

Não existem restrições, mas é muito importante tomar cuidado com a higienização desses objetos!

“O paciente pode utilizar celulares, tablets, computadores enquanto estiver internado. Essas tecnologias são muito úteis para a distração e atividade social do paciente. Entretanto, eles também devem ser higienizadas com regularidade”, reforça a Drª.

Como a paciente deve proceder caso ela passe pelo período menstrual enquanto estiver no quarto de isolamento? 

A recomendação é não utilizar absorventes internos e manter muito cuidado com a higiene! Isto é, lavar muito bem as mãos antes e depois da troca de absorvente.

Como funciona a alimentação no quarto de isolamento?

Regra número um: higienizar bem as mãos antes de comer!

Normalmente, não existe uma dieta específica que o paciente precise seguir, porém, a comida deve ter sido preparada no hospital! Deve se evitar ao máximo alimentos trazidos de casa para não ter complicações na recuperação.

Os alimentos preparados no hospital devem ser frescos ou congelados e preparados em pequenas porções para serem consumidos rapidamente. O ambiente e materiais utilizados no preparo também precisam passar por constante higienização.

Frutas e verduras cruas estão liberadas desde que muito bem lavadas e, preferencialmente, que tenham casca grossa.

As carnes, peixes e ovos devem ser consumidos cozidos.

 

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