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Psiquiatria: desvendamos alguns mitos que rondam o assunto

Mulher fazendo primeira consulta no psiquiatra
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Última atualização em 1 de março de 2023

Separamos as 7 principais mentiras sobre esse assunto e explicamos o que realmente deve ser levado em conta

Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que psiquiatra é só para “loucos”, sendo que essa crença, além de estar errada, prejudica a busca por esse tipo de tratamento. É importante esclarecer que “louco” é um termo bastante pejorativo para se referir às doenças de cunho mental. As emoções têm grande impacto na nossa qualidade de vida e cuidar delas deve ser tão importante quanto cuidar do corpo. Então, assim como procuramos um médico ao sentir uma dor, deveríamos buscar um psiquiatra ao identificarmos sintomas mentais. 

A Drª. Ana Lúcia, médica psiquiatra e voluntária da Abrale, esclarece que o receio e preconceito com a Psiquiatria têm origem na forma que os tratamentos aconteciam antigamente. Isso porque os sintomas eram relacionados às forças sobrenaturais e os pacientes, frequentemente, ficaram isolados.

Ela diz que “apesar de todo o desenvolvimento em relação a diagnósticos e tratamentos, atualmente ainda existe muito preconceito e comumente as pessoas relacionam o sofrimento mental como sendo falta de fé, falta de vontade, sinal de fraqueza, entre outros.”

A médica ainda complementa que além dessas questões, as pessoas costumam ver a busca por um psiquiatra como um fracasso, já que não conseguiram estar bem por conta própria. “Isso gera um grave problema que é a demora na busca de ajuda”, alerta.

Veja 7 mitos sobre a saúde mental e a Psiquiatria

  • Psiquiatra é só para “loucos”

Mais uma vez, usar a palavra “louco”, por si só, é um grande erro. Os médicos dessa especialidade atendem pessoas que sofrem de uma condição chamada “perda do contato com a realidade” – esse é o termo correto e científico a ser usado – que  pode acontecer em quadros como a Esquizofrenia e o Transtorno Bipolar.

Doenças e problemas que o psiquiatra atende

Mas, a atuação desses profissionais vai muito além. A Drª. Ana conta que também é responsabilidade deles atenderem pacientes com “Alzheimer, déficit de atenção e hiperatividade, depressão, ansiedade, transtornos de personalidade e diversos outros diagnósticos que podem causar intenso sofrimento e prejuízo na qualidade de vida das pessoas.”

  • Procurar um psiquiatra é sinal de fraqueza

“Não!!!!”, a Drª. Ana enfatiza.

Ela esclarece que procurar essa especialidade médica significa que a pessoa está passando por algum sofrimento em relação aos seus sentimentos, pensamentos e/ou comportamentos e que precisa de um médico para tratar e voltar a se sentir bem.

Homem depressivo sentado em cadeira

É a mesma coisa que sentir uma dor forte, por exemplo, nas pernas. Essa dor irá incomodar no dia-a-dia, provavelmente prejudicará a qualidade de vida e não é possível solucioná-la sozinho de forma segura e eficaz. Então, procuramos um médico para fazer exames e seguir o tratamento proposto. Com as doenças psiquiátricas a ideia é a mesma: procurar um médico para ajudar em um momento de necessidade.

  • Psiquiatra sempre passa remédios

De acordo com a médica, o tratamento farmacológico é, muitas vezes, indicado, mas isso não é uma regra todas as vezes. 

O psiquiatra faz uma avaliação bem detalhada em relação aos sintomas e questões que o paciente traz. Depois de juntar essas informações, ele chega ao diagnóstico e orienta sobre as possibilidades de tratamento, podendo, ou não, prescrever um remédio. 

Psiquiatra conversando com paciente para descobrir o que ele tem

“Muitas vezes a medicação ajuda o paciente na aderência a outras intervenções importantes para o tratamento, como atividade física, alimentação, psicoterapia, atividades de relaxamento”, a Drª. Ana comenta.

  • Remédio psiquiátrico deixa as pessoas fracas

O objetivo é que isso não aconteça e, se acontecer, é porque “o tratamento, com certeza, está errado”, a psiquiatra afirma. 

Antigamente essa sensação era comum, pois os “calmantes” eram muito utilizados. Mas percebeu-se que eles ajudavam no alívio dos sintomas sem realmente tratar a doença mental. Por isso, hoje em dia, quando eles são prescritos, é por um curto período de tempo e sempre com a supervisão adequada.

Pessoa com sensação de dopada por conta dos tratamentos psiquiátricos

“Com frequência os pacientes dizem que com o tratamento voltaram a ser quem eram antes da depressão, por exemplo, e essa é a ideia. Algumas doenças mentais exigem tratamento por tempo indeterminado, mas isso depende do diagnóstico”, a especialista conta. 

  • O tratamento é para toda vida

Algumas doenças mentais exigem tratamento por tempo indeterminado, mas isso depende do diagnóstico. 

Na maior parte das vezes, as doenças como depressão e ansiedade são tratadas de forma adequada e por um determinado período de tempo. Após esse período, é feita a redução e suspensão gradual da medicação, mas sempre sob supervisão do psiquiatra.

Tratamentos psiquiátricos
  • Psiquiatra só trata casos graves

A Drª. Ana diz que a meta, na verdade, é cuidar dos pacientes o mais precocemente possível, inclusive atuando na prevenção das doenças mentais. 

É como acontece no câncer: quanto antes o tumor for descoberto e quanto mais rápido o tratamento começar, maiores são as chances de um bom desfecho.

Psiquiatra só trata casos graves

Então, “quando um paciente com depressão não inicia o tratamento no momento que ainda tem sintomas mais leves, a tendência é que os sintomas piorem, inclusive causando cada vez mais prejuízos em relação à vida social, relacionamentos e trabalho”, a especialista pontua.

  • Depressão é pouca força de vontade

É muito comum que as pessoas que estão de fora tenham esse tipo de julgamento sobre quem tem alguma doença psiquiátrica, principalmente a depressão. Mas essa é uma ideia totalmente errada.

Primeiramente, porque a depressão é uma doença e, em segundo, é uma doença que paralisa. Muitas vezes, a pessoa quer sair do quarto, quer se alimentar e quer realizar suas atividades normalmente, mas não consegue.

Pessoa com falta de vontade para enfrentar a depressão

Cobranças como “é só você querer” ou “você só precisa ter mais vontade” acabam prejudicando e podem até deixar a pessoa pior.

“Muitas vezes, o paciente pode se sentir sem energia para procurar auxílio e é importante o apoio da família em ajudar na busca do tratamento”, a psiquiatra aconselha.

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Como acabar com o preconceito sobre psiquiatra

As pessoas ainda sentem muita resistência e vergonha de procurar um psiquiatra, mas a Drª. Ana ressalta que é importante entender que a Psiquiatria é uma especialidade da Medicina, assim como a Endocrinologia, Cardiologia, Oncologia etc.

Como acabar com o preconceito sobre psiquiatra

A única diferença é que na Psiquiatria não há exames complementares para chegar ao diagnóstico. O médico descobre o que está acontecendo por meio da avaliação clínica, da escuta dos sintomas e história do paciente. 

Esse processo se assemelha à sensação de dor. Quando sentimos uma dor, não existe um exame para identificá-la, mas isso não significa que ela não existe ou não deve ser tratada.

“Acredito que só conseguimos combater essa resistência através da informação adequada. Infelizmente, ainda é frequente nas redes sociais que pessoas sem conhecimento adequado reforcem essa resistência”, a Drª. Ana Lúcia finaliza.


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