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16 anos após a cura do linfoma não-hodgkin

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Conheça a história de Adalberto Cavalcanti, diagnosticado com linfoma de células grandes B

Escrito por: Juliana Matias

Após a última sessão de quimioterapia de Adalberto, em uma tomografia do abdômen, ainda era possível identificar alterações no exame, ou seja, uma das hipóteses era a de que as sessões de quimioterapia não teriam sido suficientes para conter o linfoma em regiões ósseas. Isso deixou Adalberto deprimido, porém seu médico enfatizou sua melhora clínica e ressaltou que, apesar de ser necessário investigar melhor as alterações nos exames, para ele, a avaliação clínica era muito importante. Dezesseis anos depois, Adalberto conta à Revista Abrale como foi sua jornada com o câncer e seu processo de cura.

Adalberto Cavalcanti descobriu, aos 45 anos, um linfoma não-hodgkin difuso de grandes células B. Ao ouvir o diagnóstico ser pronunciado pelo médico, Cavalcanti diz que não ficou surpreso, pois, devido aos sintomas, já vinha considerando essa possibilidade. Porém, agora, essa era a sua realidade.

“Já faziam uns seis meses que eu vinha sentindo cansaços, dores migratórias, suor
excessivo e perda de peso”, narra e acrescenta: “A cada dia ia ficando mais debilitado, já havia emagrecido mais de 20 kg”.

O diagnóstico

Em janeiro de 2009, Cavalcanti começou a sentir dores fortes na região da costela. Ele procurou atendimento médico, porém nada de anormal foi identificado nos exames. A frequência do surgimento das dores e dos suores excessivos aumentaram. Para aliviar a dor, a solução foi o medicamento Tandrilax. Após algum tempo, Cavalcanti ficava sem sentir dor por apenas 30 minutos após tomar o remédio.

Nos exames, a única alteração era o PCR aumentado e os médicos não chegavam a uma conclusão. Para aliviar as dores, Cavalcanti foi encaminhado para a fisioterapia. Em uma das sessões, o profissional notou que ele estava com os gânglios aumentados.

Cavalcanti começou a sentir um incômodo na axila ao movimentar o braço e, em pouco tempo, surgiu um caroço na região. Em 20 de maio de 2009, ele descobriu qual tipo de linfoma estava causando as dores e o cansaço intenso.

“Pode parecer curioso, mas o diagnóstico da doença foi bem recebido. Finalmente seria possível iniciar um tratamento, pois até então, os remédios eram apenas para amenizar os sintomas”, lembra.

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O tratamento

Para Cavalcanti, a primeira sessão de quimioterapia foi o ponto de inflexão em sua recuperação. As dores e os suores diminuíram e as demais sessões foram realizadas em uma clínica. Os efeitos colaterais da terapia começaram a incomodá-lo depois da quarta dose de quimioterápicos.

“A conclusão foi que, no início, não me sentia tão incomodado por estar muito debilitado”, diz.

Após a última sessão, Cavalcanti já se sentia bem, porém, os exames ainda apresentavam alterações em vértebras, dorso, lombares e em ossos ilíacos. Caso o câncer não tivesse sido eliminado completamente, a próxima etapa do tratamento seria o transplante de medula óssea. Isso desanimou Cavalcanti, mas o médico lembrou, a partir da avaliação clínica, que ele já estava forte e vigoroso. Os novos exames concluíram ausência de neoplasia.

Pós-linfoma

“Comemorei muito quando terminou o tratamento e iniciaram os acompanhamentos mensais. Mas depois, sem conseguir entender o porquê, comecei a ficar depressivo e tendo de enfrentar um aperto no peito e ondas de angústia”, conta.

Ele afirma que tende a enfrentar os problemas de forma prática nos momentos críticos, porém, após isso, se sentiu abalado emocionalmente. Assim, após o linfoma, Cavalcanti fez acompanhamento psicológico.

“Cada pessoa é única, mas na minha opinião, é um grande reforço anímico para os pacientes poderem contar com apoio psicológico ou psiquiátrico durante e/ou após o tratamento”, ressalta.

Relação com a vida

Depois do linfoma, Cavalcanti não considera que suas convicções e objetivos: viver de forma simples, o mais próximo possível da natureza, valorizar relacionamentos verdadeiros, buscar se conhecer mais profundamente; mudaram. Mas sua relação com o tempo, sim.

“Sempre fui de deixar a sobremesa para depois e, aos 45 anos, me senti traído pela vida pela possibilidade de um encerramento precoce em relação às minhas expectativas. Quantas coisas deixei para viver mais adiante, quantas palavras e sentimentos não expressei de forma plena. Pude observar que passei a valorizar mais o momento presente, após ter vivenciado que o depois pode não chegar a existir”, destaca e continua: “Ao completar 50 anos, cheguei à conclusão de que ainda gostaria de viver muitos mais anos com saúde, mas que a partir de então, já não me sentiria tão traído pela vida ao ver aproximar-se o seu final. Hoje aos 61 anos, busco viver de forma saudável e, ao lembrar do linfoma e da finitude da vida, procuro tomar banhos de humildade, aceitar e aprender com os erros, e a valorizar as relações em que nos expressamos de forma autêntica e mais verdadeira possível”.
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Confira o depoimento completo de Adalberto Cavalcanti aqui.


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