Itaciara: 22 Anos de vitórias contra a leucemia
Última atualização em 19 de outubro de 2023
Itaciara Monteiro, 37 anos, é paciente de leucemia mieloide crônica (LMC), mãe, guerreira, corajosa e, acima de tudo, vitoriosa
Aos 9 anos, Itaciara morava em Manaus com a família, quando passou mal na escola e desmaiou. Seus pais ficaram muito preocupados e decidiram levá-la ao hospital. E, a partir desse momento, sua vida mudou, ela descobriria que é paciente de LMC.
“Fiz uma bateria de exames e logo no primeiro momento veio a notícia: eu tinha uma leucemia. Mas, em 1996, não tínhamos acesso tão facilmente às informações e os médicos também não conheciam muito bem sobre esse câncer. Por isso, meus pais foram orientados a buscar tratamento em outra cidade. Fomos todos para São Paulo”, conta.
Ita, como gosta de ser chamada, conseguiu uma vaga no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), hospital público, com o Dr. Vicente Odone e sua equipe. Lá, ao lado de sua mãe Dinah Saraiva, descobriu que mesmo não sendo tão comum para sua idade, tinha uma LMC.
“Fiz novos exames, porque a sugestão era que eu realizasse o transplante de medula óssea. Mas como sou adotada, ficou tudo mais difícil. Meus pais adotivos não sabiam o paradeiro da minha família biológica, por isso fui cadastrada no Redome, o registro para os doadores de medula. Mas não foi encontrado um doador 100% compatível”, comenta Ita.
Nesse período, o Dr. Odone indicou algumas medicações orais e também injetáveis, que objetivavam controlar a leucemia. E esse controle durou anos.
Chegou a hora de procurar um novo tratamento para a LMC
“Como o meu tratamento foi ficando cada vez mais moroso, minha mãe decidiu morar de vez em São Paulo. Financeiramente, foi um momento difícil para todos nós. E, para complicar ainda mais, quando fiz 14 anos, o tratamento convencional passou a não fazer mais o efeito esperado. Foi quando minha mãe decidiu procurar novas alternativas. Assim como eu, ela não era de desistir”, pontua.
Com uma vaga garantida no Hospital Santa Marcelina, também do SUS, Ita começou um novo tratamento com o Dr. José Salvador.
“E o Dr. Salvador realmente salvou minha vida. Fiz alguns ciclos de quimioterapia e passei muito mal. Dentre os efeitos colaterais esteve a perda de memória. Por uma semana, não reconhecia ninguém. Também perdi meus cabelos, tive problemas cardíacos. Mas sempre dizia para a minha mãe ‘Não me deixe morrer’. Essa frase deve ter sido tão forte, que ela, uma mulher simples, conseguiu se virar nessa metrópole e fazia tudo o que era necessário para me manter aqui, ao lado dela”, lembra Ita.
Itaciara chegou a coletar medula óssea, porque a ideia era testar um protocolo quimioterápico para reduzir os blastos e, depois, realizar um TMO autólogo, ainda que não seja o mais indicado para leucemias. Mas por estar muito debilitada, infelizmente o procedimento não pôde ser realizado.
Pesquisa para LMC
“Eu já estava com 15 anos, quando meu pai, em Manaus, viu uma notícia dizendo que no Hospital Israelita Albert Einstein o Dr. Nelson Hamerschlak liderava uma pesquisa para pacientes com LMC de fase acelerada, e que inclusive estava em fase de recrutamento. Vimos nessa oportunidade uma luz no fim do túnel”.
Porém, como o hospital era particular, a família não tinha condições de pagar. Mas o Dr. Nelson, ao saber de toda a história, aceitou prontamente atendê-la, sem custo algum.
“A pesquisa era para pacientes acima dos 18 anos, então o Dr. Nelson, um anjo, levou meu caso aos responsáveis nos Estados Unidos e, graças a Deus, e ao esforço dele, fui aceita. Já participando da pesquisa, tive uma boa resposta ao medicamento, que na época se chamava STI571. Jamais esquecerei. Em seis meses, tive resposta molecular excelente e os blastos, que estavam em 95%, caíram para 60%. No final, eu tinha entrado em remissão. Quando finalizou, fui encaminhada para o Hospital Brigadeiro, onde estou até hoje. Também permaneço usando o Imatinibe, o nome oficial do medicamento”.
Como é ser paciente de leucemia mielode crônica?
Por não ter cura, a LMC pode assustar. Mas é possível controlar a doença e ter boa qualidade de vida
Convivendo com a LMC
Mas a vida sempre traz surpresas. Aos 22 anos, Ita engravidou, mesmo sendo uma contraindicação médica. “Como minha LMC estava indetectável, decidi que seguiria com a gravidez. Eu queria ser mãe! E hoje, só tenho a agradecer por essa oportunidade e por ter enfrentado esse risco. Meu filho, Ian Monteiro Simões, tem 14 anos e é o amor maior que eu poderia sentir”
As conquistas dessa mulher vitoriosa não param por aí! Ita está há 22 anos tratando sua leucemia, com excelentes resultados. É formada em Gestão de Marketing e também em Enfermagem. Atualmente, trabalha no Apoio ao Paciente ABRALE, ajudando diversos pacientes que acabaram de receber o diagnóstico de um câncer, além de coordenar o Comitê de Pacientes e também o Programa Bem-Estar, da organização.
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Que história gratificante e acolhedora. Sou muito grata à Abrale por todo apoio que recebi no momento do diagnóstico. ITA que Deus te abençoe muito e obrigada por aceitar essa missao de ajudar quem tanto precisa.
Olá, Ana, como vai?
Ficamos muito felizes de saber que gostou do relato, realmente a história da Ita é muito inspiradora!
Vamos juntos ??
Abraços!