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Mulheres na Oncologia

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Apesar de serem maioria no Brasil, as mulheres ainda encontram muitas dificuldades no mercado de trabalho, inclusive na Medicina


Escrito por: Natália Mancini
8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Entretanto, mais que comemorar as mulheres, esse é um momento de luta e reflexão sobre os direitos de igualdade. De acordo com a PNAD Contínua de 2018 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), existem mais mulheres (51,7%) que homens (48,3%) no Brasil. Apesar disso elas ainda são minoria – e recebem menos – em várias áreas, incluindo a Oncologia.

A quantidade de médicos no Brasil aumentou 665,8% desde 1970, enquanto a população brasileira cresceu 119,7%. Esse crescimento foi acompanhado de uma mudança no perfil de idade e gênero dos profissionais. O grupo, agora, conta com uma maior quantidade de médicos jovens e as mulheres têm ganhado mais espaço. Em 2000, as mulheres representavam 35,8%, enquanto que em 2010, este número era de 39,9%, segundo a Demografia Médica 2018.

Entretanto, 80% delas estão em áreas nas quais a faixa salarial é mais baixa. Por exemplo, dermatologia, ginecologia, clínica geral e pediatria. Aliás, se forem comparados mulheres e homens nas mesmas posições, o salário delas ainda é menor.

Outra questão muito importante foi abordada em uma pesquisa realizada pelo Journal of Clinical Oncology. De acordo com os resultados, quando médicos homens apresentam uma médica mulher em uma palestra, eles tendem a ser mais informais. Ou seja, ao chamar a médica palestrante para falar, eles a chamam pelo primeiro nome – enquanto a ética correta seria chamar, em congressos e afins, pelo sobrenome ou nome inteiro. Ao chamar somente pelo primeiro nome, isso faz com que a plateia veja a profissional com menos seriedade e credibilidade.

A Drª. Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), diz que “infelizmente, ainda hoje existe um preconceito velado em relação às mulheres. Isso porque, cabe a nós, na maioria das vezes, papel protagonista na condução da casa e na educação das crianças. Além disso, tem também o cuidado com a família. A conciliação de todos estes papéis exige um equilíbrio emocional muito grande”.

A caminho da presidência

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“Tudo começou quando fui Secretária Geral da SBOC durante as duas gestões anteriores. Ajudamos a compor o time e construir a profissionalização da gestão da Sociedade. Também iniciamos vários projetos e mudanças e seria importante continuá-los. ”

Chegar à presidência de uma empresa é um feito alcançado por pouquíssimas mulheres brasileiras. Estudos da rede social, Linkedin, voltada para negócios, mostraram que apenas 3% das mulheres conseguem esse tipo de cargo. Nas sociedades de saúde não muda muito. Em uma pesquisa rápida, vemos que a maior parte delas é presidida por homens.

Falta de profissionalização? Improvável, já que cerca de 60% da população universitária é composta por mulheres.

“As maiores dificuldades passaram por questões pessoais, porque a Presidência exige uma dedicação muito grande. Abri mão de convívio familiar e com amigos. Junto a isso, existiu toda uma construção de respeito ao caráter profissional e espero que o mesmo sirva como legado para as gerações do futuro”, ressalta a presidente.

No caminho, foram horas de sono perdidas, lazeres deixados de lado e grandes ginásticas com os horários. Ficar fora de casa por muito tempo longe dos três filhos? Nem pensar. A Drª. Mathias faz três viagens por semana, se for preciso, para estar presente na educação dos filhos e gerir todas as demandas da SBOC.

Sua intenção é que outras mulheres também consigam chegar nesse patamar.

“O nosso Grupo da Diretoria inclui mulheres absolutamente fantásticas, conciliadoras e dinâmicas. Também estamos planejando uma Mentoria para jovens oncologistas e a realização de programas que estimulem a entrada de mulheres e de outras minorias em todos os grupos de trabalho”, finaliza a Drª. Clarissa Mathias, presidente da SBOC.

 

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